Roger Chartier, em A Aventura do livro: do leitor ao navegador, ilustra a página 116, verso do capítulo A Biblioteca: entre reunir e dispersar, com a pintura de Carl Spitzweg, referenciando-a como um ávido leitor. Já o próprio autor da pintura, a denomina como O rato de biblioteca (Le rat de bibliothèque, em francês e Der Bücherwurm, em alemão). Eu o denominaria como o guardião do tesouro, que entre uma atividade e outra de seu trabalho, escolhe os livros que pode segurar para matar sua sede e curiosidade de informação.
Questão de leitura, questão de contexto!
Nas páginas seguintes desse mesmo capítulo, ele discorre acerca do sonho da biblioteca universal, que remonta à Biblioteca de Alexandria, com a ideia de reunir toda a produção de livros existentes num mesmo lugar e chega aos dias de hoje, com a realidade do texto eletrônico, que independe de lugar. No entanto, ressalta a necessidade de contextualizar a leitura de um texto eletrônico, saber da sua procedência de publicação, dos outros textos que o acompanham na publicação, etc., pois a experiência do leitor difere quando ele tem esses elementos, a construção do sentido é mais rica e completa.
Questão de leitura, questão de contexto!
Recomendo a leitura do livro, o autor, um historiador do livro, aborda ainda a questão da preservação da evolução das formas da cultura escrita, a difusão e a proliferação dos textos, os novos suportes e mídias, a transferência de informação, dentre outras, que torna o texto dialético e reflexivo, além das belíssimas ilustrações.
Carl Spitzweg
Le rat de bibliothèque, cerca de 1850.
Schweinfurt, coleção de Georg Schaefer