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quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Quem historia, também faz poesia

Outono/OCASO

Quando o dia se pronuncia
Cerra a ilusão que habita a logia (galeria).
Companhia não havia.
Decai mais uma nostalgia.
Mais uma noite vazia,

Nova travessia noturna inicia.
Como previa, nem utopia.
Triste agonia vivia
Que se repete em demasia.
Mais uma noite vazia,

O mar da serrania luzia
Contrário a vida em letargia.
Outrora tão festejada, resplandecia,
Já floresceu na via, fulgurante, repleta de sodomia.
Mais uma noite vazia,

Agora mais nada principia
Tentativa vã, a tal florestania.
Apenas o silêncio jazia
Revirar, sacudir, acrobacia.
Mais uma noite vazia,

Achar no abissal algo que irradia
Hoje, tão triste quanto o destino de Sofia.
Futuro ausente, apenas a sombra prenuncia.
Mergulho no nada, escuridão disformia.
Mais uma noite vazia,

Fleches de euforia no pretérito fenecia.
Agora não há sequer fantasia.
Útero estéril que não procria,
Nem a exótica cotovia.
Mais uma noite vazia,

Vidência, runas, magia. Intuía.
A estrela guia quimbanda e quiromancia.
Como a Babilônia, ruía.
Ao passado festivo, presente sequer de anistia.
Mais uma noite vazia,

Na lata do lixo apodrecia
Um sopro de juventude, cidadania.
O tempo inexorável destruía
As máscaras de alegoria
Mais uma noite vazia,
     
A deriva pedia o espectro não ouvia.
Ainda assim aconselhava zelar sua cria.
O deserto seco só gemia.
Findou o sonho de parceria.
Mais uma noite vazia,

Moradia, alucinação, não existia.
Atravessar o vale, noite sombria,
Púbere ilusão na coxia sumia.
Tudo como a fria Normandia.
Mais uma noite vazia,

Encerra-se um ciclo, o amanhã escorria.
Para sempre, despede-se a verdejante Talia.
A cortina se fecha, escurecia.
A morte ronda, contra nem alquimia.
Mais uma noite vazia,

Murcharam as rosas, na vegetação o fogo ardia.
Não há verdes vales, nem flor na cercania.
Há o lamento, uma agonia, uma nuvem escura uma ventania varria.
Não há rubor, graça ou alegria...
Mais uma noite vazia...

Armando Farias


Na foto, ao centro, Armando Farias, historiador, meu mano caçula, compartilhando sua poesia Outono/Ocaso, na noite de 13/08/2019, durante o "Momento Literário" da Embaixada da CachaçaSentada ao lado, nossa mãe poetisa, Concita, autora do blog Poesia do meu jeito, que também participou do evento e, em pé, acompanhando a leitura, Reginaldo Vasconcelos, ambos da ACLJ

O evento cultural semanal foi instituído pelo “Embaixador” Altino Farias, meu outro mano, proprietário dessa casa de bebidas, também membro da ACLJ

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