sábado, 26 de julho de 2025

Dançar com livros

imagem em questão, "Loves of BookS, Conceptual Image", do artista SMETEK (em Art.com), retrata uma figura humana formada por livros numa pose peculiar do tango. 

 

O papel fundamental e transformador do conhecimento é representado pelos livros na formação da identidade humana, expresso através da metáfora apaixonada e dinâmica do tango.

A imagem combina poderosamente o simbolismo tradicionalmente estático e pesado dos livros (representando conhecimento, permanência e sabedoria histórica) com o movimento fluido, apaixonado e movimentado do tango.

Os livros, formando o próprio tecido físico do indivíduo, simbolizam que o conhecimento molda e define a identidade humana, o intelecto e a própria existência.

Achei por demais sugestiva essa imagem surrealista com visual cativante e provocador. Chamou tanto a minha atenção, que associei a ela uma reflexão com nuances de vários contextos.

A ideia de "dançar com livros" pode ser entendida como uma forma de explorar o universo da leitura de maneira ativa e criativa, onde a imaginação e as emoções são postas em movimento, assim como na dança.

Viver em meio a livros é tudo de bom. Pegar, ler, se deleitar, sonhar, viajar, se deslumbrar, e por que não, dançar?

Dançar com livros pode ser um momento leve e despreocupado em relação ao aprendizado ou à leitura. Ao invés de uma postura rígida e formal, a pessoa estaria aberta à exploração e à expressão pessoal, "dançando" com o conhecimento de forma mais livre e intuitiva.

Por outro lado, pode-se interpretar como uma forma de interagir ativamente com o conteúdo do livro, não apenas lendo-o passivamente, mas "dançando" com ele, ou seja, explorando diferentes perspectivas, relacionando o conteúdo com outras áreas do conhecimento e aplicando-o de maneira criativa.

E assim como "dançar conforme a música" significa se adaptar às circunstâncias, "dançar com livros" pode indicar a capacidade de adaptar o conhecimento adquirido à realidade, utilizando-o de maneira prática e relevante.

E, levando para um lado mais artístico, "dançar com livros" pode também ser uma performance ou expressão corporal que se inspira ou interage com os livros, utilizando a dança como forma de interpretação ou comentário sobre os textos.

Afinal, seja qual for o aspecto a ser considerado, dançar com livros é um ótimo incentivo à leitura. Vamos dançar com livros?

domingo, 20 de julho de 2025

Santos Dumont: pai da aviação

Santos Dumont, mais do que criativo foi inovador e ousado. Ele, que navegou pelo ar, é o pai da aviação. 

Hoje é o seu aniversário e nada mais brilhante do que homenageá-lo com essa visita que fiz ao Museu Casa Santos Dumont, que fica em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

A casa é cheia de ideias inovadoras, desde a escada até o chuveiro de água quente no banheiro.






domingo, 13 de julho de 2025

Arquivo em ação: o trabalho não para

Julho chegou. Para muitos, é tempo de descanso, viagem e merecidas férias. As escolas entram em recesso, algumas empresas diminuem o ritmo, e as ruas se enchem de um clima mais leve e descontraído, com menos trânsito, inclusive. No entanto, existe um setor silencioso, que trabalha nos bastidores, na retaguarda, muitas vezes invisível, que não conhece pausa, o arquivo.




Enquanto grande parte dos profissionais recarrega as energias, o arquivo segue firme em sua missão. Ele não tira férias, não fecha as portas nem cruza os braços diante da ausência do movimento externo. Pelo contrário, permanece vigilante, zelando pelas informações que estruturam o passado, sustentam o presente e possibilitam o futuro.

Os documentos ali guardados, organizados, protegidos e descritos, são essenciais para decisões administrativas, comprovações legais, resgates históricos e tantos outros usos que exigem precisão e confiança. O arquivista segue preparado para atender a quem busca respostas. Porque a informação arquivística, diferentemente do calendário escolar e de outros calendários profissionais, não conhece recesso.

Por isso, em meio ao clima de férias, é importante reconhecer o trabalho contínuo dos arquivos. Eles são a memória ativa das instituições, sempre disponíveis, sempre prontos. E mesmo quando o mundo parece em pausa, o arquivo continua, garantindo acesso, autenticidade e preservação.

Julho é tempo de descanso para muitos, mas para o arquivo é mais um mês de compromisso com a verdade documental.

sábado, 5 de julho de 2025

Uso indevido da expressão “Arquivo Morto”

No cotidiano das empresas, instituições e entre gestores leigos é muito comum ouvir a expressão “arquivo morto”, para se referir a documentos que não estão em uso frequente. 

Há nessas organizações até espaços destinados ao arquivo com placas na porta que indicam essa expressão. Também há indústrias que ainda fabricam caixas com a expressão estampada, que são comercializadas no mercado e inseridas nos diversos arquivos, reforçando ainda mais essa ideia errônea.

E com certeza as pessoas que lidam com a documentação dessas empresas não são profissionais  da área, com formação e capacidade específicas para dar a devida atenção e gestão junto aos arquivos.

Apesar de ser ainda muito difundido, esse termo é tecnicamente incorreto e pode induzir a interpretações equivocadas sobre a função e o valor dos arquivos. 

A denominação “arquivo morto” sugere que os documentos armazenados perderam sua importância, como se estivessem inutilizados ou obsoletos, assim como se todas as informações neles contidas de nada mais valessem. No entanto, do ponto de vista arquivístico, os documentos que não são mais utilizados rotineiramente, mas que ainda possuem valor legal, administrativo, fiscal, histórico ou informativo, fazem parte da fase intermediária ou permanente do ciclo de vida documental. Eles devem ser mantidos de forma organizada, acessível e segura, pois podem ser requeridos a qualquer momento por motivo legal, informativo ou para a reconstrução da memória institucional. 

O uso do termo “arquivo morto” revela, além de uma imprecisão técnica, uma visão reducionista e errônea sobre a gestão documental. Essa visão pode levar ao descuido com a guarda e gestão adequadas dos documentos, comprometendo sua recuperação futura e até mesmo sua integridade. 

O correto é referir-se a esses documentos como arquivo intermediário (quando aguardam prazos legais de guarda ou avaliação) ou arquivo permanente (quando são preservados por seu valor histórico ou probatório). Substituir o termo equivocado é um passo importante para valorizar a gestão documental e garantir que as práticas arquivísticas sejam compreendidas e respeitadas. 

Portanto, é essencial promover a conscientização sobre a terminologia correta, contribuindo para uma cultura institucional mais responsável e alinhada às boas práticas da Arquivologia. Afinal, documento nenhum está “morto” enquanto puder cumprir uma função, seja legal, administrativa, histórica ou social. 

Sabemos que na falta da informação arquivística na hora desejada sempre leva os gestores das organizações a buscarem corrigir essa lacuna de não ter os arquivos organizados e gerenciados como define a Arquivologia, sejam eles físicos ou digitais. Cabe aos profissionais da área difundir o conceito correto e a esses gestores se anteverem a essa situação caótica contratando arquivistas para solução do problema.


terça-feira, 1 de julho de 2025

Bibliotecas: pontes para o futuro

Desde os tempos mais remotos, as bibliotecas têm desempenhado um papel fundamental na preservação e disseminação do conhecimento. Das antigas tábuas de argila da Biblioteca de Nínive, na Mesopotâmia, aos majestosos volumes manuscritos da Biblioteca de Alexandria, essas instituições surgiram como verdadeiros templos do saber humano, reunindo e protegendo registros preciosos sobre ciência, filosofia, história, religião e cultura.

Ao longo dos séculos, as bibliotecas evoluíram de acervos restritos a elites religiosas e políticas para espaços mais acessíveis, especialmente a partir da invenção da imprensa no século XV, que impulsionou a produção de livros e ampliou o acesso ao conhecimento. Ainda assim, foi somente com o fortalecimento das bibliotecas públicas, sobretudo no século XIX, que se consolidou a ideia da biblioteca como direito social e instrumento de cidadania.

Já há algum tempo, as bibliotecas não são apenas depósitos de livros; elas são centros vivos e vibrantes de informação, cultura, tecnologia, comunidade, aprendizado e inovação. Com a chegada da era digital, as bibliotecas enfrentaram novos desafios, passaram por uma verdadeira transformação sísmica, mas também descobriram novas possibilidades. Adaptaram-se, oferecendo acesso gratuito a computadores, internet de alta velocidade e uma vasta gama de recursos digitais, tais como: acervos digitais, audiolivros, e-books, bibliotecas virtuais, repositórios de dados abertos e ambientes colaborativos de aprendizagem, derrubando barreiras geográficas e sociais. Tudo isso somado às ferramentas de acessibilidade tem ampliado a sua capacidade de atingir públicos antes excluídos.

Portanto, a internet e os recursos tecnológicos não substituíram a biblioteca, transformaram-na. Com isso, desempenham um papel crucial na inclusão digital, capacitando indivíduos que, de outra forma, poderiam ser marginalizados no mundo conectado. Essa democratização da leitura e do conhecimento é, sem dúvida, um dos maiores legados da era digital.

Além disso, as bibliotecas modernas se tornaram guardiãs da curadoria da informação. Em um mundo inundado por um volume sem precedentes de dados e informações, nem sempre confiáveis, a capacidade de discernir fontes críveis e relevantes é mais importante do que nunca. Os bibliotecários atuam como guias, ajudando a navegar nesse mar de informações e a desenvolver o pensamento crítico. Eles promovem a literacia mediática e informacional, essenciais para a cidadania plena na sociedade contemporânea.

Mais do que nunca, as bibliotecas são espaços de democratização da leitura, da educação e do conhecimento, pontes para o futuro. Elas acolhem leitores de todas as idades, conectam pessoas ao mundo da informação e promovem inclusão digital. Em tempos de desinformação e desigualdade de acesso à educação, a presença de bibliotecas ativas, inovadoras e comprometidas com a comunidade é uma necessidade urgente.


Celebrar o Dia Mundial das Bibliotecas é reconhecer seu valor histórico e reafirmar seu papel essencial na construção de sociedades mais justas, informadas e críticas. Que sigamos fortalecendo essas instituições, para que continuem sendo, por séculos, faróis de saber e liberdade.