sábado, 31 de agosto de 2013

Somos eternos estudantes

A busca do conhecimento se inicia a partir da interação com o meio e da leitura do contexto.

Todo dia é dia de se aprender mais... Tudo começa quando alguma coisa nos incomoda, chamando a nossa atenção. Sentimos a necessidade de superar esse obstáculo, de ir além, de desvendar o novo, de aprender, por isso, somos eternos estudantes.

Enquanto alunos, segundo o psicólogo cognitivista americano George Miller (1956), durante o processo de aprendizagem, passamos por quatro fases, que somadas, constituem uma trajetória gradativa:


  1. Incompetência inconsciente (estágio de ignorância) - Estamos na zona de conforto, por não conhecermos o objeto, não sabemos que não sabemos. 
  2. Incompetência consciente (estágio de confusão) - Mas, a curiosidade ou a necessidade bateu à porta, foi preciso buscar o objeto e daí ficamos surpresos com um mundo desconhecido, há tanto o que aprender! Sabemos que nada sabemos. 
  3. Competência consciente (estágio de conhecimento) - Com dedicação e persistência estudamos o objeto desconhecido e conseguimos aprender. Sabemos que sabemos.
  4. Competência inconsciente (estágio de Sabedoria) - Agora é preciso ir além, internalizar o conhecimento, conhecemos muito bem o objeto e, por isso, podemos libertar nossas atenções para outras coisas. É tão natural, que não sabemos que sabemos.




Quando nos deparamos com outro objeto desconhecido, retornamos sempre ao início e fazemos toda a trajetória desse novo contexto. Se conhecemos bem esse processo constante de ir e vir, fica mais fácil entender e passar de uma fase para outra, buscando sempre o progresso.

É óbvio que a prática da leitura contribui de forma positiva, auxilia na compreensão, torna o processo mais célere, desvendando os mistérios do desconhecido.

sábado, 24 de agosto de 2013

Biblioteca e parceria pedagógica


A biblioteca é um organismo dinâmico cuja essência é pedagógica. Essa função remonta à Antiguidade, mas, na Contemporaneidade, no contexto atual, ainda é um espaço/recurso que pode ser mais bem explorado, pois tem um grande potencial para oferecer e agregar à educação, se utilizado de forma planejada e integrada. 

Integrar a biblioteca à sala de aula, fazendo daquela uma extensão desta é uma proposta de parceria pedagógica, a fim de possibilitar que o professor tenha mais opções para conduzir suas aulas de forma diferenciada, utilizando-se dos recursos da biblioteca.

A leitura ideal é de uma biblioteca que se propõe a ser um espaço de convivência social, onde possa ocorrer o intercâmbio de ideias, a exposição da subjetividade e, sobretudo, a interdisciplinaridade, propiciando que esses recursos estejam sempre em evidência, "à flor da pele".

A parceria de que se fala aproxima, de uma forma geral, a sala de aula à biblioteca e, mais especificamente, o leitor ao livro [1], tudo para agregar valor à ação ensino-aprendizagem, em que se destaca o processo de leitura, como fator educativo incisivo para sua concretização, por meio da orientação do professor e da colaboração do bibliotecário.



Fazendo a leitura da atualidade, na era da informação e da gestão do conhecimento, cabe ao bibliotecário, além da tarefa precípua de administrar o acervo e a biblioteca em geral, a função inteligente de atender aos seus usuários, educando-os social e pedagogicamente, por intermédio de políticas e projetos próprios, mas, sempre de acordo com a missão da instituição a que pertence. Ao se falar em função social e pedagógica do bibliotecário, não se está querendo assumir a posição tão bem definida e importante do professor, mas contribuir com ele para o crescimento e amadurecimento do educando, no tocante à difusão da informação e da promoção da leitura, visando manifestar nele a formação de um pensamento construtivo e crítico.

Portanto, cada biblioteca deve ser um espaço dinâmico e articulado, em que se possam cumprir as 5 leis de Ranganatham [2], explicitando que o livro é o meio que leva ao conhecimento e, para tanto, é função do bibliotecário conhecer sua clientela, divulgar seu acervo, facilitando o acesso e ficando de olho nas novas necessidades para crescer de forma controlada, focada e atual. 

O ser humano tem o direito de ter acesso ao conhecimento e, como este se encontra de forma mais concentrada, abundante e democrática numa biblioteca, a ordem é explorá-la.





  
  • Convivência dos alunos na biblioteca;
  • Orientação para pesquisa de livros, matérias, artigos científicos no acervo físico e em bases de dados;
  • Levantamento bibliográfico sobre assuntos apresentados em sala de aula;
  • Leitura comparativa de dois ou mais autores, descobrindo os contrapontos entre eles;
  • Busca de notícia do cotidiano para relacionamento com a teoria apresentada em sala de aula;
  • Leitura de texto curioso, polêmico, que apresente dicotomia de opiniões, para apresentação em sala de aula;
  • Leitura de texto para retirada da ideia central, com a marcação de palavras-chave;
  • Elaboração de texto, a partir de pesquisa, para apresentação de seminário em sala de aula;
  • Escolha de trabalhos científicos da internet para leitura e elaboração de um trabalho fruto dessa leitura;
  • Levantamento de definições sobre certo tema na concepção de vários autores;
  • Busca de um tema desconhecido para aprofundamento de conhecimento, iniciando pelas obras de referência e depois em obras específicas;
  • Trabalho junto aos anúncios de jornais para vivenciar situações em sala de aula;
  • Busca de imagens na WEB representativas de situações comentadas em sala de aula.

São inúmeras as opções que podem ser utilizadas, inclusive sugeridas pelos professores e alunos, para votação em sala de aula e colocação em prática. Cabe ao bibliotecário recepcioná-los bem no espaço,  conduzir e orientar corretamente as pesquisas, após a definição pelo professor, tanto na técnica, como no que tange ao rigor científico e à questão dos direitos autorais. 

A seguir, situam-se ações em contexto temporal, que podem ser planejadas, para enriquecer as práticas pedagógicas.



  • Levantar junto à Coordenação do Curso as publicações necessárias para complementar o acervo bibliográfico;
  • Confecção do Manual do Aluno referente aos serviços da Biblioteca;
  • Reunião com a coordenação do curso para planejamento das práticas pedagógicas;
  • Promover o acolhimento de forma coletiva e programada dos alunos ingressos no semestre/ano, em parceria com a Coordenação do Curso, por intermédio de visitas no horário de aula, acompanhadas pelo professor de disciplina introdutória, como forma de apresentar os serviços e normativos da biblioteca, incluindo o evento no calendário acadêmico;
  • Planejamento da comemoração da Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, conforme preceitua o Decreto nº 84.631, de 12 de abril de 1980, em parceria com a unidade de marketing, institucionalizando o evento com a inclusão no calendário escolar/acadêmico.

  
  • Projeto de endomarketing com campanhas regulares, sistemáticas e temáticas, em parceria com a unidade de marketing, a fim de divulgar e valorizar a unidade biblioteca, revertendo em valores didático-pedagógicos para somar às atividades acadêmicas;
  • Elaboração de projeto de apresentação institucional da Biblioteca aos alunos novatos, em mídia digital, em parceria com a unidade de marketing, incluindo o evento no calendário escolar/acadêmico;
  • Educação para uso correto dos recursos informáticos no ambiente escolar/acadêmico;
  • Comemoração de calendário cultural, conforme interesse, contextualizando com os temas abordados em sala de aula, por meio da representatividade dos alunos ou de pessoas convidadas; 
  • Projeto de responsabilidade social.

[1] Entenda-se aqui livro nas mais diferentes formas da atualidade.
[2] Válidas e pertinentes até a atualidade.


sábado, 17 de agosto de 2013

Biblioteca: praça da troca


Enquanto instituição, a biblioteca promove a troca de informação, de conhecimento, de experiência, de vivência... É um ambiente rico, efervescente, onde essas relações acontecem com muita intensidade, alimentando um círculo virtuoso, que se renova sempre, em que todos ganham.




Afora o caráter educacional e cultural que se reveste esse ambiente (óbvio), se considerarmos a atividade de troca, onde todos ganham alguma coisa de alguma forma, conclui-se que na biblioteca o marketing acontece todos os dias. Senão, vejamos o que diz Las Casas (2009, p. 15):

"Marketing é a área do conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às relações de trocas orientadas para a criação de valor dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de empresas ou indivíduos através de relacionamentos estáveis e considerando sempre o ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam no bem-estar da sociedade."

Já Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010, p. 36) vão mais além com o Marketing 3.0, afirmando que:


"Todos nós somos tanto profissionais de marketing quanto consumidores. O marketing não é apenas algo que seus profissionais fazem com os consumidores. Os consumidores também estão fazendo marketing para outros consumidores."


Mas, falar de Marketing é falar dos 4 P's (hoje já se trabalha até 8 P's) e levando esse conceito para a dinâmica da biblioteca, podemos buscar e compor o mix tradicional do marketing dentro da instituição biblioteca. Fazendo a leitura desse composto, temos:

A leitura como
produto, sendo o livro em todas as suas formas, suportes e dimensões o meio de se chegar a ela;

O ambiente da biblioteca como
praça, considerando-a também como uma extensão da sala de aula.

Os bibliotecários, os professores e educadores em geral como
promoção, pois eles são facilitadores, intermediadores, promotores e agentes da leitura.

Mas, onde estaria o
preço?

O preço é algo bem subjetivo, nesse contexto, ele é o esforço para se criar valor, para o produto ser vendido com mais facilidade junto aos clientes (leitores reais e leitores potenciais).

Mas, como conseguir essa meta de manter leitores existentes e de trazer novos leitores?
  • Atente para os objetivos da organização em que a biblioteca está inserida;
  • Busque parcerias com outros profissionais, monte uma equipe multidisciplinar;
  • Trabalhe em equipe;
  • Faça diferente e inove sempre;
  • Saia das quatro paredes;
  • Delegue e/ou dê feedback;
  • Trabalhe junto ao corpo docente, para melhor atender ao corpo discente;
  • Interaja com a comunidade acadêmica;
  • Alie-se à T.I.;
  • Dê identidade aos seus projetos;
  • Divulgue o seu trabalho;
  • Mensure as atividades da biblioteca;
  • Responda pela sua profissão e se posicione, quando necessário;
  • Compartilhe suas ações com os colegas de profissão e áreas afins.



KOTLER, Philip; KARTAJAYA, Hermawan; SETIAWAN, Iwan. Marketing 3.0: as forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 215p.
LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Administração de vendas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 492 p.