terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Leitura a cada ponto, caminho para se criar uma reta: a livrovia

O Projeto O Ponto do Livro, criado em Belo Horizonte desde janeiro de 2014, conforme matéria abaixo, tem tudo para se transformar em a reta do livro, indicando que não só naquele ponto, mas, por toda uma reta há livros que podem ser tomados por empréstimos para leitura e devolvidos em seguida ou, ainda, doados para empréstimo, agregando mais itens ao acervo. 

Se uma reta é formada for milhares de pontos e se nesses pontos há livros, vejo que isso pode ser uma livrovia.

Fica a sugestão.








23/2/2014 às 01h30


Projeto cria "bibliotecas" em ponto de ônibus de BH e divulga hábito da leitura

Intervenção ocorre na Praça da Liberdade, região centro-sul da capital mineira

Um projeto criado pela união de vários coletivos de Belo Horizonte vem chamando a atenção dos moradores da cidade. O Ponto do Livro tem como objetivo divulgar o hábito da leitura e ainda promover a gentileza entre a população, ao mesmo tempo em que cria bibliotecas ao ar livre em pontos de ônibus da cidade.
Desde o mês de janeiro, a Praça da Liberdade vem sendo palco da intervenção urbana, que conta com o apoio dos grupos Coletivo WeLove, Coletivo Desestressa BH e Coletivo Feira Grátis da Gratidão. A ideia central da ação é promover o empréstimo gratuito e doação espontânea de livros.
Desta forma, enquanto os moradores aguardam a condução para ir para casa, é possível pegar uma obra, levar para casa, ler e trazer de volta para o ponto em que pegou. Para o lançamento, foram arrecadados mais de 2.000 livros. A intenção é descentralizar o projeto da praça e levar para outras regiões.
O Ponto do Livro foi criado em São Paulo, projetado e desenvolvido pelas designers Helena Aranha e Helena Nabuco.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Colhemos o que plantamos




Meu pé de acerola (Malpighia emarginata) já rendeu muitos frutos e continua se perpetuando. A colheita está sendo muito boa, cesto cheio e um estoque congelado no freezer. Acerolas saboreadas ao natural e muitas jarras de suco gelado.

Em postagem anterior anunciei a primeira frutinha que nasceu, já fazem mais de 3 anos... Mas, já tive problemas com ele, parasitas quiseram destruir o meu pé de acerola, qualquer descuido e falta de atenção, quando menos se espera, o que se plantou pode não vingar. 

Além da água, muito adubo e defensivos são as necessidades agrícolas básicas, mas, dedicação e amor são também essenciais, a planta gosta e retribui. E, nesse contexto, o meio ambiente fica perfeito, com equilíbrio e harmonia entre os elementos mineral, vegetal e animal.



Uma muda doada com amor, recebida com amor, plantada e cultivada com amor, só pode resultar em muitos frutos. 

Colhemos o que plantamos! 
Fazendo uma nova leitura, uma metáfora do reino vegetal para a vida humana.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Arquivo pessoal: revelações de toda sorte


Os arquivos pessoais pressupõem os registros, os testemunhos e as lembranças da vida íntima, familiar, profissional e em sociedade, tendo como centro a pessoa produtora do arquivo e como limites a atitude de quem os selecionou. Portanto, não é tudo que se viveu, mas, o que foi selecionado para a memória dentro de um critério contextual ou ainda o que resistiu ao tempo, mesmo sem a intenção de acumulação.

Afora os documentos comuns, eu diria, os que se referem às atividades meio, ou seja, aqueles que todos nós acumulamos e/ou temos que preservá-los enquanto cidadãos e pessoas físicas, tais como obrigações legais, financeiras, profissionais, fiscais e sociais, há aqueles que identificam e caracterizam a pessoa que os acumulou. São documentos que expressam a subjetividade da pessoa, que, embora enquanto viva, só interessem a ela mesma, podem, no futuro, vir a ser fonte de recordação para a família ou úteis para a sociedade como valiosa fonte de pesquisa, pois revelam hábitos, costumes, momentos e cenários, que se revestem de memória e história.

Sendo assim, eles podem ser classificados por intermédio de dispositivo legal como sendo de interesse público e social, ainda mais quando se trata de figura de repercussão nacional e mundial.


Na matéria "Tudo o que sempre quisemos saber sobre Hemingway e nunca tivemos coragem de perguntar", de Inês Nadais, publicada em 16/02/2014, verifica-se a riqueza de detalhes, de particularidades que um arquivo pessoal pode conter, são revelações de toda sorte sobre o escritor.

A autora da matéria usa a expressão certeira "espreitar pelo buraco da fechadura", referindo-se às informações e revelações contidas nos 2.500 documentos que estavam armazenados durante décadas na casa onde Hemingway viveu de 1939 a 1960, na Finca Vigía, nos arredores de Havana, hoje Museu Ernest Hemingway.

Conhecer o seu arquivo pessoal é conhecer mais sobre Hemingway, é fazer a leitura do que há de comum ou de diferente na pessoa do escritor, é entender o contexto que o autor, sem intenção, explica para o mundo, depois de sua partida.




A receita do seu hambúrguer, a fatura da compra de um Buick Super Station Wagon, a licença de porte de arma emitida pelo Governo cubano, bilhetes de touradas a que assistiu na Espanha, telegramas importantes, correspondência pessoal, diários, manuscritos originais, postais de Natal, passaportes, contas da mercearia, da oficina, da livraria e do bar, notas de encomenda, extratos bancários e mais de nove mil livros anotados à mão, tudo agora faz parte do acervo da Biblioteca e Museu Presidencial John F. Kennedy e está digitalizado e acessível para pesquisa.



"Factura do Buick que o escritor comprou em Key West, na Florida, em 1959 
ERNEST HEMINGWAY PAPERS COLLECTION/MUSEUM ERNEST HEMINGWAY FINCA VIGÍA" 

Em comunicado à imprensa, o diretor da biblioteca, Tom Putman, registrou:


'Congratulamo-nos por disponibilizar aos investigadores cópias destes materiais que permitem um vislumbre único do quotidiano de Hemingway. Tratando-se, como se trata, de uma figura literária frequentemente retratada como maior do que a vida, este acervo serve para humanizar o homem e para compreender o escritor'.

Obras de Ernest Hemingway
Leia a matéria completa
Veja outra matéria a respeito


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

"Somos o que fomos"


O título dessa postagem foi extraído do filme Amstad, especificamente do pensamento que compartilham os personagens Cinque, o escravo guerreiro, e John Quincy Adams, ex-presidente dos Estados Unidos, interpretados por Djimon Hounsou e Anthony Hopkins, respectivamente. 

O filme Amstad é baseado em fatos reais, meu gênero predileto, e trata do julgamento de escravos africanos em país estrangeiro, abrangendo política internacional, impasses jurídico, econômico e diplomático, visando os interesses dos países envolvidos e não os interesses do ser humano. Um julgamento que, levado à última instância, culmina com a fundamentação no direito natural e nos princípios consagrados da Declaração da Independência dos Estados Unidos da América, devolvendo ao grupo a liberdade. 

Vale a pena assistir! Confira o trailler!





Sempre que assisto filmes dessa natureza imagino o resgate histórico, os registros arquivísticos necessários para a composição da história, das cenas, dos personagens, das falas e das vestimentas. E, uma vez estando com esse pensamento, tendo a atuar como bibliotecária a catalogar e classificar livros ou, como arquivista, a ler, interpretar e descrever documentos. 

Mas, voltando ao título da postagem, conforme sugere o filme, "somos o que fomos", porque trazemos as raízes e as memórias dos nossos ancestrais, para, em situação de sofrimento, angústia e aflição, invocá-las do tempo e da história, trazendo forças a nosso favor. Também significa que somos hoje o somatório ou a subtração do que fomos ou deixamos de ser no passado.


"O tempo passa e o momento se vai.... Não estamos sozinhos, estamos sempre com nossos ancestrais. Invocar os nossos ancestrais, desde o inicio dos tempos e implorar que venham nos ajudar. Incorporar a força deles e eles virão, porque neste momento, sou a única razão por eles terem existido, afinal, nós somos o que fomos!"



Cinque


Completando Cinque, a nossa leitura de indivíduo pessoa contém os nossos ancestrais, porque não nascemos do nada, há um contexto, algo que já existia antes, que somado a nossa própria história de vida, se multiplica a cada ano e gera a bagagem que carregamos.

Tudo isso, até mesmo o que deixamos de sê-lo ou de fazê-lo, também somos!


Em momento anterior do filme, outra frase também chama a atenção de quem aprecia os registros históricos: "conte a sua história!"

A história de cada um é como se fosse um grande livro que traz um longo prefácio (a presença dos ancestrais), se iniciando literalmente com o nosso nascimento e sendo concluso com a nossa despedida. No futuro essa mesma história fará parte da vida de outras pessoas, é o nosso posfácio, que resulta no prefácio dos nossos descendentes, ou seja, os ancestrais dos que vierem depois.

Se olharmos considerando a vida como um grande arquivo, temos o arquivo permanente já existente antes de nascermos, que pertence aos nossos ancestrais, de onde herdamos os genes biológico, social, cultural, intelectual e emocional, a idade corrente, representando a nossa plena atividade, a nossa vida em si, a idade intermediária, quando descansamos dessa vida e a nossa idade permanente, quando deixamos o legado para os nossos descendentes.

Se atentarmos para tudo isso, até mesmo o que deixamos de sê-lo ou de fazê-lo, também somos!

Concluo que somos e seremos eternos bibliotecários e arquivistas das nossas próprias histórias!

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Além de todas as emoções, mais essa...

A matéria de Saulo Pereira Guimarães, da Exame, que posto na íntegra abaixo, mostra uma parelha tecnológica, livro e colete, que precisa do motor humano para funcionar. 


Oscilações de sentimentos, de percepções, de temperatura e de pressão arterial, são emanadas da máquina humana e captadas pelos equipamentos, permitindo a exteriorização por meio de luzes e sons.

As emoções já ocorrem, independente de qualquer coisa, o que a sensação tecnológica traz de novo é a oportunidade de externá-las de forma sofisticada e iluminada.

O leitor sente as emoções e agora pode passar para os outros esse sentimento sem falar, comunicando-se apenas por luzes e sons, uma espécie de código morse futurista iluminado. 

O que ainda falta?... 

Os personagens saírem andando em coreografia holográfica, interagindo com o leitor? 

O autor estar conectado em tempo real com todos os leitores que estão lendo a sua obra, captando as sensações da leitura? 

O narrador perceber que não está sendo entendido e interferir com um comando de voz? 

O leitor dar outro final para a história e essa nova versão ser salva na nuvem como uma recriação de autoria dupla e disponibilizada para download? 

São realidades perfeitamente factíveis de um futuro próximo, em contexto onde as dualidades real e virtual, não ficção e ficção se misturam e se complementam. É uma nova leitura da própria leitura. 

Vamos à leitura da matéria! 

Ficção sensorial | 30/01/2014 10:57 


Com traje capaz de transmitir diversas impressões em diferentes partes do corpo, novidade traz 150 lâmpadas de LED 

Por Saulo Pereira Guimarães
access_time30 jan 2014, 09h57



Reprodução/Felix//Vimeo
The girl who was plugged in, livro de ficção sensorial: novidade não tem previsão para chegar às lojas 

São Paulo - O MIT (Massachusetts Institute of Technology) está desenvolvendo um projeto que vai permitir que leitores experimentem as sensações de personagens de livros por meio da tecnologia

A sensory fiction (algo como ficção sensorial) é uma linha de pesquisa do MIT Media Lab. Para transmitir emoções, o laboratório criou um traje eletrônico capaz de reproduzir sensações em quem lê. Porém, a novidade ainda não tem prazo para chegar às livrarias. 

Traje 

A espécie de colete vazado tem, na parte da frente, duas placas pouco acima do peito. Elas são responsáveis por transmitir impressões de temperatura. 

Outras quatro placas em volta da cintura ficam responsáveis pelas sensações de compressão. Elas influenciam na pressão arterial, possibilitando a sensação de batimentos acelerados - por exemplo. 

Nos ombros, alças ficam responsáveis por medir a temperatura do corpo e uma unidade de controle central, na parte das costas (logo abaixo do pescoço), comanda o espetáculo sensorial. 

Além disso, o livro propriamente dito vem com 150 lâmpadas de LED capazes de reproduzir a iluminação de ambientes e estados de espírito dos personagens - trazendo também um suporte de som. 

Outros exemplos 

Até o momento, a literatura de ficção sensorial conta apenas com um livro: "The girl who was plugged in" (A menina que estava plugada, em tradução livre). Entretanto, esse não é o primeiro projeto no sentido de uma literatura mais interativa. 

Outro exemplo de viés parecido é o livro 'The Search for WondLa" (À procura de WondLa), de Tony DiTelizzi. Publicado nos EUA em 2010, ele permite o acesso a mapas 3D com auxílio de um computador. 

A Disney também desenvolve projetos na área de realidade aumentada, que podem permitir em breve que imagens projetadas por smartphones se movimentem pelas páginas de seus livros. 

Agora, assista ao vídeo sobre ficção sensorial produzido pelo MIT (em inglês):