segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Os fantásticos livros voadores do Senhor Lessmore



Obras primas são para ser apreciadas e reapreciadas, afinal, a cada leitura se percebe algo a mais, um novo contexto ainda não explorado, é isso o que acontece quando assistimos ao curta "Os fantásticos livros voadores do Senhor Lessmore", uma animação sensível, profunda, mágica, reflexiva e por demais fabulosa.

Dirigido por William Joyce e Oldenburg Brandon e indicado ao Oscar 2012, este curta-metragem francês é realmente uma fábula dos tempos atuais, com todos os recursos tecnológicos de animação. Livros voam, dançam, conduzem e transformam pessoas, para que estas façam também a sua parte, dando-lhes vida, conservando o corpo e a alma de cada um deles, colocando-os nas mãos certas, para que sejam multiplicados e divididos :
  1. Os livros são para serem usados; 
  2. Todo leitor tem seu livro; 
  3. Todo livro tem seu leitor; 
  4. Poupe o tempo do leitor; 
  5. Uma biblioteca é um organismo em crescimento.
Apesar de lúdica, a obra pode (e deve) ser utilizada como recurso didático para aprendizado, em muitas áreas, na sociologia, na literatura, na pedagogia, na psicologia, na filosofia e, como não poderia deixar de ser, na Biblioteconomia, em que podemos perceber as 5 leis de Ranganathan já citadas acima e em outra postagem.

A leitura que faço é a de um mundo que se transforma, que fica colorido com a passagem dos livros voadores (leitura, escrita, informação e conhecimento); de uma ciência e ofício de cuidar dos livros (Biblioteconomia) e da casa dos livros (Biblioteca), que sobrevive e passa de geração em geração e de um personagem incumbido de servir à comunidade (Bibliotecário).









Finalizo afirmando que, se tudo pudesse ser retribuído em livros..., o mundo seria uma grande biblioteca.

Eu votaria nele. Vale a pena assistir!



domingo, 26 de fevereiro de 2012

Paradigmas! Questão de contexto.


Quais os paradigmas da atualidade, da sociedade, da ciência e dos homens?




Eu diria que variam, conforme a leitura e o contexto. E a reflexão dos autores não cabe somente na ciência administrativa.


Assim, por mais criticáveis que algumas teorias administrativas possam nos parecer hoje, na época em que foram criadas, elas certamente pareciam ser o que havia de melhor -- e por isso foram adotadas e praticadas. Elas eram consoantes com a realidade em que forma criadas: seu histórico, seu contexto político-social, seu nível de comunicações. E, graças a elas, o conhecimento administrativo pôde evoluir.(1)



Vemos que no Direito as leis se formaram a partir do surgimento da sociedade e foram sofrendo alterações, conforme sua evolução, conforme os costumes do povo. Portanto, impossível seria aplicar uma lei para o passado, pois este já seguia e pertencia a um contexto.

Da mesma forma ocorre em outras ciências, que avançam a partir de várias hipóteses, experiências e teorias, umas refutando ou confirmando outras e assim caminha o conhecimento da Humanidade, ninguém parte do zero, o a priori existe, precisa fazer a leitura, e é de lá que evoluem as coisas, de onde um parou, o outro dá continuidade ou recomeça.

___________
(1) FERREIRA; A. A.; REIS, A. C. F.; PEREIRA, M. I. Gestão empresarial: de Taylor aos nossos dias: evolução e tendências da moderna administração de empresas. São Paulo: Thomson Leraning, 2006. p.13.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Nossa vida medida em hertz


Hoje, dia 22/02, o Google homenageia Heinrich Hertz, no seu 155º aniversário, físico alemão responsável pela descoberta da existência de ondas eletromagnéticas, em 1887, cuja teoria mais tarde fundamentou o desenvolvimento do telégrafo, do rádio e da televisão, ampliando a forma de comunicação e aproximando os povos.

O hertz, como ficou conhecida a medida que se refere a um ciclo por segundo, está representado pelo doodle abaixo e, antes que essa imagem ilustrativa e comemorativa saia do ar, me senti na obrigação de postar algo neste espaço de leitura e contexto.













Ocorreu-me de fazer a leitura da imagem em movimento e percebê-la como os ciclos de nossas vidas, que dançam ao longo da linha do tempo, coloridos, às vezes mais vivos, outras vezes mais apagados. Vida cheia de altos e baixos, por vezes períodos mais longos, outras vezes mais curtos. Se soubermos fazer a leitura certa de cada um deles, tirando exemplos e aproveitando as lições de cada contexto, para aplicarmos nos próximos ciclos que virão, com certeza estaremos cumprindo os desígnios da vida e mais maduros e preparados ficaremos para enfrentar o desconhecido vindouro, seja um mega-hertz ou um giga-hertz.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Um (dois) retrato(s) e dois contextos arquivísticos

"Após séculos, farsa sobre retrato de mulher de Lincoln é revelada

Segundo especialistas e restauradores, retrato de Mary Todd Lincoln e a comovente história por trás da pintura são falsos

The New York Times | 20/02/2012 07:01


Durante 32 anos, um retrato de Mary Todd Lincoln, ex-primeira-dama dos EUA de 1861 a 1865, esteve pendurado na mansão do governador em Springfield, Illinois, assinada por Francis Bicknell Carpenter, um pintor famoso que viveu na Casa Branca durante seis meses em 1864.



 

A história por trás da imagem era intrigante: Mary Todd Lincoln pediu que Carpenter secretamente pintasse o seu retrato para que ela pudesse fazer uma surpresa para o presidente, Abraham Lincoln (1861-1865), mas ele foi assassinado antes que ela tivesse uma oportunidade de dar seu presente.

Agora, segundo especialistas, aparentemente tanto o retrato quanto a história que está por trás dele são falsos.
 
A tela, que foi comprada pelos descendentes de Abraham Lincoln antes de ser doada à biblioteca histórica do Estado na década de 1970, foi revelada como uma farsa quando foi enviada para um restaurador para que fosse limpa, disse James M. Cornelius, curador da Biblioteca e do Museu Lincoln em Springfield. O museu pretende apresentar as suas conclusões em uma conferência no dia 26 de abril.
 
[...]
 
O retrato restaurado não será devolvido para a mansão do governador, disse Cornelius. A pintura original da mulher desconhecida deve ser pendurada na biblioteca de Lincoln. Ela perdeu a maior parte de seu valor (que estava assegurado valendo US$ 400 mil), disse, mas ainda vem com uma história intrigante. E essa história tem a vantagem de ser verdadeira."

Por Patricia Cohen



Depois de ler a matéria completa é possível tecer alguns comentários acerca dos eventos arquivísticos que permeiam nas entrelinhas.
 
A matéria e todo o seu contexto se revestem de um arsenal de informações e estão carregados de conceitos da Arquivista, do que seria, do que não foi e do que é, e assim constroem e reconstroem o contexto arquivístico dessa obra. De verdadeira, quando habitou por 32 anos a mansão do governador em Springfield, a falsa,  quando descoberta pelo conservador independente, especialista em obras de arte. 

O período em que arrastou com ela uma história acerca de sua concepção é tempo por demais para ser desprezado e não considerados os olhares, as atenções, a notoriedade, os cuidados e tudo mais que girou e se debruçou diante dessa suposta primeira dama.

Até então, considerado como verdadeiro, segundo a Arquivística, o quadro durante esse período manteve sua organicidade, respeitando o princípio da proveniência, ou seja suas ligações, relações e hierarquia com o agente produtor, a primeira Dama Mary Lincoln e, indiretamente, o Presidente Lincoln.

Com o advento da descoberta da fraude e redescoberta da imagem verdadeira, feriu-se o princípio da integridade, pois a obra foi "adulterada", isso se fizermos a leitura da imagem anterior que era pública. Ao mesmo tempo renasce um novo contexto arquivístico, uma nova história, agora, não mais de uma mulher importante, mas, de uma desconhecida. Portanto, neste caso, é retomada a ordem original da peça com suas características.

O quadro perdeu seu valor de mercado, no entanto, continua com uma história intrigante, que ganhará novos fatos, será objeto de novas especulações e terá uma nova leitura, dando novo rumo ao contexto arquivístico.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

No meu jardim VI

Manhã de sol ainda fraco, com preguiça de sair, por volta das 7 horas, depois da aguação das plantas, eis que me deparo com um visitante ilustre no meu jardim. Ilustre, porque não havia sido visto antes, entre todos os visitantes bípedes, que frequentam meu jardim: bem-te-vis, rouxinóis, beija-flores, bicos-de lacre, andorinhas, sanhaçus, rolinhas caldo de feijão, sebites, lavandeiras, siriris, anuns brancos e pardáis.

Fiz rapidamente a sua leitura, cor predominante marrom, esbelto, gosta de ciscar, e, em função de pequenos e agéis movimentos, deixa aparecer nuances de cor amarelo rosado por debaixo das asas. Sabido, aproveitou-se daquele contexto de areia e folhagem molhadas para, com elegância, passear pelo chão, em pequenos saltos, ciscando daqui e dali, buscando algum petisco, depois subindo de galho em galho, até chegar no alto do jasmim manga e exibir toda sua performance em cor, forma e silhueta. 

Foram vários minutos, o suficiente para o registro de sua presença no meu jardim. Meio manso, talvez ainda um indivíduo jovem, tranquilo e silencioso, aproximou-se, voou um pouco baixo e ainda permaneceu por ali cerca de uma hora, quando resolveu partir.

Na manhã seguinte esperei, mas, ele não retornou. Fiquei pensando... será que foi capturado? Será que seguiu seu caminho?

Não sabia quem era, parecia um sabiá.
Será?
Quem sabe... um dia ele saiba voltar e venha me visitar.