Essa postagem foi motivada pela postagem de Raphael Vassão Nunes Rodrigues, no LinkedIn, em que fiz esse comentário e resolvi desenvolvê-lo mais, para divulgar aqui em Leitura e contexto.
Realmente é uma tristeza, estantes cheias e mentes vazias. O livro perde sua essência, de ser uma janela para outros mundos, um companheiro silencioso ou um mestre paciente. Ele se torna um mero objeto inanimado, um item de design, enquanto as histórias, os saberes e as ideias que ele guarda permanecem intocados, esquecidos dentro de uma bela capa. É uma tendência que, no fundo, esvazia o propósito fundamental do livro e celebra a aparência em detrimento da substância.
Isso porque fiquei pensando no foco do texto dele, nessas pessoas que possuem uma estante cheia de belíssimos livros, com capas artisticamente enfeitadas, verdadeiras obras de artes, mas, infelizmente, são apenas itens decorativos. Essas pessoas não têm a preocupação, nem interesse, nem incentivo, nem vontade de lê-los, A finalidade é tão somente mostrar uma falsa intelectualidade e riqueza material.
Esta situação se desvincula-se do real propósito da leitura. A estante de livros se torna, então, mais um item de decoração, um objeto para ostentar riqueza material e claro, uma falsa intelectualidade, sem o genuíno interesse pelo conhecimento que cada obra pode oferecer.
Essa tendência, que prioriza a aparência em detrimento do conteúdo, pode ser vista como um reflexo de uma sociedade que valoriza a imagem e a superficialidade. Ao invés de se aprofundar nas ideias e reflexões que os livros oferecem, a pessoa se satisfaz com a simples posse, usando as lombadas coloridas como uma espécie de troféu vazio. A intelectualidade se torna uma performance, e a leitura, um acessório.
Com a ausência de uma verdadeira conexão junto ao que está escrito, o livro deixa de ser um portal para novas realidades e se torna apenas um símbolo de status, empilhando-se em prateleiras como peças de mobiliário.
Em um mundo onde o acesso à informação é cada vez mais fácil, a posse física de livros é uma forma de diferenciar-se, de criar uma aura de cultura que muitas vezes não corresponde à realidade. Essa atitude pode acabar por esvaziar o significado da leitura, transformando uma atividade de enriquecimento pessoal em uma mera ferramenta de autopromoção.
Que o livro saia das estantes, que passe de mão em mão, que leve informação, conhecimento e lazer, que cumpra de fato a sua missão! Uma vez existindo em um lar, que seja objeto de desejo para leitura.
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