A inovação em bibliotecas é um processo contínuo e intrinsecamente ligado ao contexto social, tecnológico e cultural de cada época, portanto, de adaptação. As transformações não visam apenas modernizar, mas garantir que a biblioteca cumpra seu papel essencial de promover o acesso ao conhecimento e à informação, adaptando-se às necessidades de seus usuários.
A biblioteca, como instituição milenar, sempre inovou para permanecer relevante e se manter na rotina das pessoas. Como sabemos, a inovação não é um evento isolado, mas uma cultura de adaptação e melhoria, manifestada em diferentes níveis (serviços, processos, espaços e tecnologia) e pode ser radical ou incrementais. A inovação nas bibliotecas surge como resposta a essas demandas, seja para lidar com um volume crescente de informação, novas mídias ou mudanças no comportamento do usuário. Portanto, vamos assistir ao longo dos tempos essas manifestações nas bibliotecas, que vai se adaptando a cada período histórico, na medida em que novos desafios e novos instrumentos são necessários.
Na Idade Antiga e Média o foco da inovação era a preservação e o acesso físico limitado ao acervo (apenas a elite usufruia). A substituição de tábuas de argila por papiros e, depois, por códices (livros com páginas) melhorou a portabilidade e a durabilidade do conhecimento. Uma grande inovação para a época. Com o desenvolvimento de sistemas de organização e catalogação, mesmo ainda incipientes, foi possível gerenciar o acervo, conforme aconteceu a partir das listas da Biblioteca de Alexandria, inovação crucial para a recuperação da informação naquele período.
Com o advento da imprensa de Gutenberg e logo depois dela (Séculos XV - XIX), o volume de livros explodiu, e a demanda por acesso se ampliou. O desafio agora era lidar com grandes volumes e compreender o conceito de acesso público. Daí surgiu a necessidade do desenvolvimento de sistemas de classificação mais robustos (como o sistema de Dewey ou a Classificação da Biblioteca do Congresso), para organizar milhões de itens de forma padronizada. Foi uma inovação social e de serviço fundamental, democratizando e disponibilizando o acesso do serviço de empréstimo ao público.
Mais adiante, na Era da Informática (Segunda Metade do Século XX) chega o computador e as tecnologias de processamento de dados para transformar os processos internos das bibliotecas com a automação. Com a necessidade de agilidade na catalogação, circulação e recuperação de informações em grandes acervos. Eessa automação veio facilitar a rotina dos processos bibliotecários, criando catálogos online e usando sistemas integrados de gerenciamento de bibliotecas, para substituir os antigos fichários e processos manuais.
E com a Era Digital (Século XXI), a Biblioteca passou a ser híbrida e se caracteriza como centro comunitário. A internet e a tecnologia móvel forçaram a biblioteca a expandir-se para o ambiente virtual e a repensar seu espaço físico. A Inovação, então, passou a ser o acesso ubíquo (em qualquer lugar e a qualquer hora), criar espaços colaborativos e competir com a informação livre (e muitas vezes não verificada) da web.
Acervos digitais e híbridos, tais como e-books, bases de dados e a digitalização de acervos raros, permite agora acesso simultâneo e remoto. E com a tecnologia de RFID (identificação por radiofrequência) para autoatendimento no empréstimo e devolução, liberando o bibliotecário para atividades mais consultivas.
Surgiram os espaços criativos, os makerspaces, que transformam o espaço físico em centros comunitários e laboratórios de criação (com impressoras 3D, equipamentos de mídia, etc.), estimulando a aprendizagem ativa e a colaboração. Também o oferecimento de referências e capacitações virtuais, além de aulas, contações de histórias online, lives, entrevistas, podcasts, etc.
A inovação, portanto, não é sobre seguir cegamente a tecnologia, mas sobre responder inteligentemente às necessidades da comunidade, utilizando os recursos disponíveis em seu tempo, mantendo o foco no acesso, na equidade e na promoção do conhecimento.

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