terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Criatividade e Inovação

Qualquer pessoa em qualquer lugar pode ser criativa, mas as novas idéias fluem melhor se o ambiente propicia e nutre a criatividade. As novas idéias podem ser decorrentes de um pensamento imaginativo ou da combinação de vários deles, ou ainda das experiências de um grupo.

Até bem pouco tempo, a criatividade era ainda vista pelas empresas como algo intangível, destinado a poucos gurus. Algo reservado a artistas, pessoas incomuns e gênios. As pesquisas e estudos desenvolvidos nesta área sinalizam em direção a retomada da criatividade como uma disciplina que pode ser desenvolvida e aprendida, possibilitando a todos os profissionais o acesso à sua prática.

Embora haja uma certa confusão entre criatividade e inovação, de uma forma bastante simples, a criatividade pode ser resumida no processo de desenvolvimento de novas idéias e, a inovação, na implementação destas idéias em uma solução rentável ou de valor agregado. Criatividade é o pensar, inovação, o implementar. A Inovação não se restringe a produto/serviço, mas pode ser também considerada em contextos maiores e mais complexos, que antecedem a sua existência.

Fazer a leitura certa da ideia dentro do seu contexto é propiciar a inovação.

Compreensível contextualmente

Em Arquivologia, o contexto de formação dos arquivos é fundamental para sua compreensão e está intrinsicamente ligado à importância de respeito aos fundos que Michel Duchein ressalta em "O Respeito aos Fundos em Arquivística: princípios teóricos e problemas práticos", da revista Arquivo & Administração,1982, fazendo uma analogia ao sítio arqueológico, quando as peças resgatadas nas escavações eram extraídas de seu contexto e encaminhadas isoladamente para museus, desfazendo dessa forma toda a relação que existia entre elas. Da mesma forma o documento retirado do seu contexto original (fundo) perde a efervescência de significados e de leituras, induzindo a compreensões vagas e/ou distorcidas.


Como se vê o trabalho do arquivista é subjetivo, é contextual, é circunstancial, é memorial, é arqueologizável. Um arquivo é um mundo que se constitui de forma cumulativa e não intencional, ou seja, ele vem se compondo a partir da geração e recebimento de documentos que registram os fatos administrativos e afetam a vida da organização. Portanto, não há uma pré-concepção e por isso a ordem que dá sentido a ele não está pré-estabelecida. Não há rigidez, há sim um entendimento para uma melhor classificação, implicando num trabalho reflexivo, onde a investigação é constante em torno do que está escrito e também do que não está. É um trabalho arqueológico, conforme Michel Foucault também ressalta em "A Arqueologia do saber", 2007, p. 147, que transcrevo a seguir:


O arquivo é, de início, a lei do que pode ser dito, o sistema que rege o aparecimento dos enunciados como acontecimentos singulares. Mas o arquivo é, também, o que faz com que todas as coisas ditas não se acumulem indefinidamente em uma massa amorfa, não se inscrevam tampouco, em uma linearidade sem ruptura e não desapareçam ao simples acaso de acidentes externos, mas que se agrupem em figuras distintas, se componham umas com as outras segundo relações múltiplas, se mantenham ou se esfumem segundo regularidades específicas.

O conceito de arquivo de Foucault revolucionou o entendimento para o formato de organização dos corpus a serem analisados, agora não mais vistos de forma linear e cronológica, mas sim a partir da diversidade, da temática e do discurso, tornando o arquivista um agente de formação da memória.

Portanto, mais leitura e contexto!