Com o tema “Padaria Espiritual – O Pão do Espírito para o Mundo”, a Bienal do Livro presta homenagem aos 120 anos do movimento artístico do final do século XIX. Além da homenagem à Padaria Espiritual, a Bienal celebrará ainda os 90 anos da Semana de Arte Moderna, e os centenários do Rei do Baião, Luiz Gonzaga; dos escritores Jorge Amado e Nelson Rodrigues; e do cantador e violeiro Joaquim Batista de Sena, legítimo representante da poesia popular nordestina.
X Bienal Internacional do Livro do Ceará
de 8 a 18 de novembro
Centro de Eventos do Ceará
A visita à Bienal foi por demais agradável, apesar da grande movimentação, tive a oportunidade de comprar alguns livros de qualidade por preços atraentes e visitar o stand do CRB 3, quando fui recepcionada pela Bibliotecária e amiga Dorotéia Andrade.
Bienal, bem que podia ser anual! Contraditório? Não, contextual!
Fazem parte agora da minha Biblioteca:
Códigos & cifras: da Antiguidade à Era Moderna (Sérgio Pereira Couto);
Mapa do mundo: crônicas sobre leitura (Marta Morais da Costa);
A Consciência conservadora no Brasil (Paulo Mercadante);
A Informação na internet: arquivos públicos brasileiros (Anna Carla Almeida Mariz).
Dentre os temas da Bienal, a Padaria Espiritual tem um significado especial na minha trajetória profissional, quando, ainda Bibliotecária do então Banco do Estado do Ceará-BEC, fui incumbida de pesquisar acerca das personalidades que davam nome às agências daquele Banco e, no meio de tantas, a Agência Antônio Sales, que era instalada exatamente no logradouro de mesmo nome.
Foi quando cai em campo para pesquisar sobre Antônio Sales e me deparei com a leitura de detalhes do movimento da Padaria Espiritual - os estatutos, o Jornal O Pão, a repercussão local e em nível nacional, tudo muito interessante e revolucionário para a época.
Na época, recorri ao historiador Dr. Geraldo Nobre, que, de pronto, me orientou na pesquisa. A biografia de Antônio Sales foi elaborada, uma boa foto foi conseguida e ampliada e o quadro foi preparado em vidro sanduíche, com moldura em aço escovado verde, cor representativa da logomarca do BEC e, por fim, afixado na respectiva Agência.
A Padaria se originou do espírito revolucionário de um grupo de jovens que se reuniu em forma de sociedade para, através das letras, protestar contra a burguesia, o clero e tudo que fosse tradicional, como consta de seu programa." (Regina Pamplona Fiúza)
Fazendo a leitura dos artigos 2º, 22, 23 e 30 do seu estatuto, destaco a evidência ao bibliotecário e à biblioteca:
"2º. A Padaria Espiritual se comporá de um Padeiro-Mor (presidente), de dois Forneiros (secretários), de um Gaveta (tesoureiro), de um Guarda-livros na acepção intrínseca da palavra (bibliotecário), de um Investigador das Coisas e das Gentes, que se chamará Olho da Providência, e demais Amassadores (sócios). Todos os sócios terão a denominação geral de Padeiros."
"22. Trabalhar-se-á por organizar uma biblioteca, empregando-se para isso todos os meios lícitos e ilícitos."
"23. Dirigir-se-á um apelo a todos os jornais do mundo, solicitando a remessa dos mesmos à biblioteca da 'Padaria'".
"30. A 'Padaria' representará ao Governo do Estado contra o atual horário da Biblioteca Pública e indicará um outro mais consoante às necessidades dos famintos de ideias."
Fazendo a leitura de cada artigo, percebe-se uma nova investida de irreverência e posicionamento revolucionário, tanto em relação à sociedade constituída, como em relação a fatos corriqueiros do contexto da época e, sobretudo, a preocupação com a disseminação do movimento.
A analogia em si já diz tudo: fabricar o pão (letras) e distribuir e alimentar-se dele (conhecimento).
Comentário importante sobre X Bienal Internacional do Livro no Ceará,destacando homenageados e em primeiro lugar "Padaria Espiritual- O Pão do Espírito para o Mundo" associação literária cearense que antecede a fundação da Academia Brasileira de Letras. Letras, boas leituras na realidade alimentos para o espírito.
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