Fiz um recorte da Obra "O Príncipe", de Maquiavel, em que, logo no trecho introdutório, o autor exalta a questão da leitura conforme o contexto.
Menos desejo que se tenha por presunção o fato de um homem de baixa e ínfima condição discorrer e regular a respeito do governo dos príncipes . Da mesma maneira que aqueles que desenham os contornos dos países postam-se na planície para apreender a natureza dos montes, e para apreender a das planícies sobem aos montes, do mesmo modo que para bem aquilatar a natureza dos povos é preciso ser príncipe, e para aquilatar a dos príncipes é preciso ser povo.
Tão verdadeiro é o pensamento, que para entender a sua teoria, a sua obra, é necessário colocá-lo no contexto da Itália renascentista do século XVI, em que havia lutas constantes em função da divisão da península, representada por particularismos locais.
Fora desse contexto, a obra, que é uma manual para reinar com êxito, dedicada a Lorenzo II de Médici, pode não ser compreendida e até deturpada. O desejo de Maquiavel era ver a Itália unificada e poderosa, forte para enfrentar as potências da Europa e, para tanto, haveria de ter um príncipe com qualidades necessárias, às vezes antagônicas, não confortáveis, assumidas conforme o contexto.
E a coroa desse príncipe articulador, preparado para lidar com esse contexto, vem coroar esse espaço de leitura e contexto, reforçando ainda mais a sua razão de ser.
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