A XV Bienal Internacional do Livro do Ceará, que aconteceu de 04 a 13 de abril de 2025, trouxe a temática “Das fogueiras ao fogo das palavras: mulheres, resistência e literatura”, dando enfoque à resistência das mulheres junto às atrocidades praticadas nos séculos passados, tais como aquelas que as levaram à fogueira, para serem queimadas vivas. Mas, paradoxalmente, ressalta a superação em vários segmentos da sociedade, ressaltando o protagonismo feminino na criação e difusão da literatura.
A fogueira como elemento benéfico
Tirando, agora, a fogueira desse contexto maléfico e trazendo-a para a socialização que acontecia ao seu redor nos tempos remotos, em que só havia o recurso da oralidade para transmitir as ideias, o conhecimento e a sabedoria de um povo, a percebemos como um elemento benéfico, de ligação e união da comunidade.
A oralidade
A oralidade foi a primeira forma de transmissão do conhecimento. Antes do surgimento da escrita, a oralidade era o principal meio de comunicação nas sociedades, onde havia a tradição dos contadores de histórias, que falavam sobre seus ancestrais, lendas, conhecimentos das divindades, costumes e tradições, permitindo a preservação da cultura, deixando um rico legado de saberes para as gerações futuras.
A escrita
Mas, o homem do passado inventou a escrita. A história da escrita foi marcada por diversas transformações ao longo do tempo. Primeiro, os símbolos utilizados na escrita cuneiforme, criada pelos sumérios na Mesopotâmia por volta de 3500 a.C. Trezentos anos mais adiante, são elaborados os hieróglifos no Egito e depois, tantas outras formas que mudaram radicalmente o curso da história humana. Com a escrita estabelecida, o homem passou a fazer registros documentais que chegaram até os nossos dias.
Os governos e as urbes
Na Antigüidade havia a preocupação dos governos e autoridades em conservar certos documentos que registravam censos, registros de conquistas de terras, propriedades e patrimônios, textos literários, administrativos e jurídicos. Havia os arquivos das urbes, que eram compostos pelos escritos dos sacerdotes, nos quais “a história da cidade dizia ao cidadão tudo aquilo em que devia acreditar, e tudo quanto lhe era próprio adorar. [...] A urbe era o lugar de reunião, o domicílio e, sobretudo, o santuário da cidade antiga”. (COULANGES, 2000, p. 145).
As invenções
Depois da invenção da escrita, veio a invenção da imprensa com Gutenberg, que permitiu a produção em massa de livros, ampliando, exponencialmente, seu uso e aplicação, espalhando-se rapidamente por toda a Europa e mais tarde pelo mundo.
Nos tempos atuais, com a internet, os escritos e informações foram universalizados e disponibilizados a um simples clique, podemos ficar a par de tudo que acontece a qualquer hora de qualquer lugar.
Agora, mais recentemente, a inteligência artificial, chegou para revolucionar o conhecimento e o aprendizado, temos uma aliada poderosíssima, que responde e interage sobre qualquer assunto, dentro ainda da sua limitação e da necessidade de acurácia.
A oralidade presente ainda hoje
Apesar de todo esse avanço, hoje, ainda há quem pratique a oralidade na sua concepção mais antiga, passando histórias e lendas de geração em geração, principalmente nas comunidades originárias e nas famílias com as pessoas mais velhas.
Saindo da oralidade dos tempos remotos temos também preservados nos museus, arquivos e bibliotecas os registros documentais do passado registrados em pedras, papiros, pergaminhos e papéis de trapo.
Todos esses registros, quando preservados, servem para entendermos como era a sociedade no passado e garantem que as gerações vindouras possam entender como se deu a evolução do pensamento humano.
Outros usos da oralidade
Além dessa comunicação e interação social, fundamentais para o convívio, utilizamos a oralidade em apresentações, debates, entrevistas e ainda de forma mais aplicada com fins específicos, tais como: storytelling, biblioterapia e contação de histórias.
A chama do conhecimento
O importante é manter viva a memória e a chama do conhecimento, seja pela oralidade, pelos documentos ou pelos livros.
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