sábado, 12 de janeiro de 2013

Por que o brasileiro está lendo tão pouco?


A 3ª edição da pesquisa Retratos da leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro, efetuada em 2011 junto à população brasileira, comprovou que o brasileiro está lendo menos. Comparando os resultados com os de 2007, o número de leitores caiu de 55% para 50% e apenas o Nordeste registrou percentual estável, justificado pelo número de pessoas em idade escolar na atualidade. Para as demais regiões, houve decréscimo no índice de leitura. 

Esses estudos permitem o direcionamento de políticas públicas e ações do terceiro setor e da iniciativa privada para democratizar o acesso ao livro e incentivar a leitura no País. A tarefa não é fácil, quando o lazer preferido de 85% da população é ver televisão. Mas, dirigentes, administradores, educadores, editores e escritores poderão fazer bom uso dessa investigação para melhorar o status quo

Mas por que o brasileiro está lendo tão pouco? Continuam as premissas em relação à escolaridade, à classe social e ao ambiente familiar. Quanto maior a escolaridade, quanto mais bem posicionada é a classe social e quanto mais propício é o ambiente maior é a inclinação para a leitura. Portanto, se já sabemos disso, a ordem é quebrar estes paradigmas. Eles não têm conotação inclusiva. A saída é democratizar de todas as formas, ampliando o universo de possibilidades para formação de leitores. 

Se em casa não há o exemplo de pais leitores que incentivam a leitura, se as famílias não têm recursos para comprar livros, como democratizá-la permitindo que chegue ao alcance de todo cidadão? É aí que entram em cena ações de fomento à leitura, como os programas agentes de leitura, leitura na praça, bibliotecas móveis, troca de livros, etc. 

Dirigentes devem ter a visão estratégica para criar programas factíveis, compatíveis com cada contexto, que sejam continuados e incorporados à rotina social. Administradores devem gerenciá-los para serem implementados e acompanhados com eficácia, gerando resultados. Educadores, pais, professores, bibliotecários, agentes sociais e voluntários devem executá-los, como mediadores da leitura, com a preocupação de encantar o leitor, não fazendo da leitura uma obrigação, mas um prazer. 

É um equívoco insistir na leitura padrão, com interpretação fechada, sem pertencer ao contexto das crianças e dos jovens. Isto distancia o leitor levando ao “livrocídio” de que fala Gabriel Perissé. Editores e escritores devem lançar obras considerando o leitor como sujeito, afinal este justifica a existência daqueles. 

Sete de janeiro é o Dia do Leitor. É tempo de compartilhar leituras e fazer de cada brasileiro um leitor em potencial! Leitura amplia o vocabulário, melhora a comunicação e o senso crítico e faz entender melhor o mundo. 


Ana Luiza Chaves 
analuiza_562@yahoo.com.br 
Bibliotecária da Faculdade CDL e da MRH Gestão de Arquivos e Informações

Publicado originalmente em:
http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2013/01/12/noticiasjornalopiniao,2986959/por-que-o-brasileiro-esta-lendo-tao-pouco.shtml

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