Para enaltecer o trabalho do Arquivista e parabenizá-lo neste 20 de outubro (Dia do Arquivista), faço o recorte de alguns trechos da obra O Sabor do Arquivo, de Arlette Farge, editada pela Edusp, já citada em outra postagem, em que a a autora mostra a complexidade do ofício desse profissional.
O arquivo supõe o arquivista: uma mão que coleciona e classifica (2009, p. 11)
O arquivo age como um desnudamento; encolhidos em algumas linhas, aparecem não apenas o inacessível como também o vivo. Fragmentos de verdade até então retidos saltam à vista: ofuscantes de nitidez e de credibilidade. Sem dúvida, a descoberta do arquivo é um maná que se oferece, justificando plenamente seu nome: fonte. (2009, p. 15)
Quando o arquivo, ao contrário, parece dar acesso facilmente ao que se supõe nele, o trabalho é ainda mais exigente. É preciso se livrar pacientemente da 'simpatia' natural que se sente por ele, e considerá-lo como um adversário a ser combatido, um pedaço de saber que não se anexa, mas que perturba. Não é simples abri mão da facilidade excessiva de encontrar um sentido para ele; para poder conhecê-lo, é preciso desprendê-lo, e não imaginar conhecê-lo logo na primeira leitura. (2009, p. 73)
Na obra, a autora discorre acerca dos arquivos policiais da França do século XVIII, mas, qualquer que seja o contexto, a leitura será sempre de importância, porque entre mortos e vivos, também há os feridos que precisam de tratamento.
Quem para tratar os documentos e dar ordem ao caos?
O Arquivista!
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