O novo Saberes em Folhetim trará ações comuns no dia a dia de qualquer pessoa, que são também específicas do bibliotecário, da Biblioteconomia. São, portanto, verbos do dia a dia da Biblioteconomia, que aqui agrupados em ordem alfabética, formam um glossário, que poderá agregar conhecimento aos nossos leitores.
Avaliar
Quem já não avaliou algo na vida? Avaliou o carro que ia comprar, avaliou um candidato a contratar, avaliou uma situação a ser resolvida, etc. Mas, a tarefa de avaliar na Biblioteconomia pode se referir à avaliação de coleção.
Avaliar coleções é a função sistemática de verificar e determinar a importância das coleções, conforme os objetivos da Biblioteca e da instituição a que ela está vinculada. Essa verificação deve ser quantitativa e qualitativa, por intermédio de planejamento, traçando diretrizes para uma aquisição focada, visando o desenvolvimento da coleção de forma adequada, passando ainda pelos processos de seleção, revisão e desbastamento, conforme o caso.
Buscar
A tarefa de buscar, às vezes, é incessante. Quando queremos algo, buscamos até achar e, quando não conseguimos, fica o sentimento de frustração.
Buscar na Biblioteconomia é correr atrás da informação, seja onde ela estiver. Não tem essa de não conseguir, o bibliotecário usa de todos os recursos para trazer a informação certa para o usuário. A busca, no contexto bibliotecário, está muito ligada aos operadores booleanos, aqueles que auxiliam na recuperação da informação (and, or e not e as associações destes com sinais, formando sentenças matemáticas), quando esta está estruturada em uma base de dados. Podemos ter um resultado de precisão (especificidade) ou de revocação (exaustividade). Mas, buscar na biblio pode também se referir a qualquer outro tipo de informação, até aquelas bem simples, que são requeridas no balcão, e outras que conseguimos com os colegas de profissão, tudo em prol do usuário.
Classificar
A tarefa de classificar acontece diariamente nas nossas vidas. Estamos sempre buscando caminhos, fazendo escolhas, separando isso daquilo, ou seja, passamos a vida classificando de alguma forma as nossas ações, mas, não chegamos ao ponto de atribuir códigos para todas elas, essa missão é da Biblioteconomia.
Classificar é atribuir um código a uma publicação, conforme o assunto que ela trata, seguindo um critério de codificação pré-estabelecido, para possibilitar que obras de um mesmo assunto fiquem reunidas em um determinado espaço e assim possam ser encontradas pelos usuários. Na Biblioteconomia, temos a CDD, a CDU e outras mais específicas.
Catalogar
Muitos profissionais lidam com essa tarefa, ela não é específica da Biblioteconomia, mas nesta há as especificidades a serem seguidas, são as determinações do código.
Catalogar é descrever as informações características de uma publicação em um sistema, seguindo critérios pré-estabelecidos (existentes no código de classificação), permitindo que ela seja identificada e localizada pelo usuário.
Desbastar
No dicionário da língua portuguesa, desbastar é retirar o excesso, limpar, cortar. Estamos acostumados a praticar essa ação em relação a qualquer coisa em nossas casas ou ambientes em que circulamos, os quais temos autonomia.
Desbastar, em se tratando da ciência biblioteconômica, é retirar as publicações pouco utilizadas de uma coleção de uso frequente, as quais são direcionadas para outro ambiente (depósito), podendo retornar à coleção, conforme necessidade ou serem descartadas, em função do prazo estabelecido pela comissão de seleção. Dessa forma mantemos o acervo otimizado em quantidade e qualidade.
Descartar
Quem já não promoveu em casa ou no trabalho o famoso 5S da qualidade, realizando o primeiro S, Seiri, na língua japonesa, o descarte, na nossa língua? Estamos acostumados a praticar essa ação em relação a qualquer coisa em nossas casas, separar as coisas necessárias das desnecessárias e manter nos ambientes somente o que for útil. O que não tiver utilidade não deve ocupar o nosso precioso espaço e deve ser descartado!
Descartar, para nós que trabalhamos com acervo, é bem parecido com o descartar de qualquer pessoa, é retirar de forma definitiva as publicações de um acervo, conforme critérios estabelecidos pela comissão de seleção, excluindo-a também os seus registros dos catálogos.
Disseminar
Vamos disseminar o amor, a amizade, a fraternidade, a solidariedade, o respeito, etc. Todas as pessoas do bem têm essa intenção e missão.
Nós da Biblioteconomia usamos muito o jargão “Disseminação seletiva da informação – DSI”. Disseminar, nesse contexto, se refere à ação do serviço de divulgação informacional mantido periodicamente por uma instituição, que atende a uma clientela previamente cadastrada e perfilada em um sistema específico, de acordo com seus interesses de pesquisa e de educação continuada.
Indexar
Os economistas usam muito esse verbo quando se referem aos índices econômicos estabelecidos pelo mercado, que regulam e reajustam a economia (ou deveriam). Ou ainda, quando os nossos parentes mais próximos, os profissionais de informática, inserem sites na base de dados dos buscadores (Google, Yahoo, etc.), para recuperar a URL desejada.
Indexar, na nossa Biblioteconomia, é o processo de representar documentos ou informações por termos, descritores, palavras-chave, de forma que possam levar à recuperação do item desejado. É o destaque dos metadados que identificam o documento, para facilitar na sua pronta recuperação, junto ao software de gerenciamento.
Intercambiar
Na atualidade, o termo é muito comum entre os jovens, que buscam um intercâmbio educacional, estudantil ou cultural, em busca de aprender outra língua, conhecer novas culturas e lugares. É uma troca mútua.
Intercambiar, no sentido biblioteconômico, é disponibilizar as duplicatas do acervo para outras bibliotecas e centros de informação e documentação, que, por sua vez, também disponibilizam seus materiais nessa mesma condição. Portanto, pode ocorrer pela permuta ou doação de livros e por outros materiais duplicados ou a serem descartados. É uma forma de diversificar e atualizar o acervo.
Inventariar
Levando em conta o aspecto jurídico, inventariar é relacionar e discriminar de forma pormenorizada o patrimônio de uma pessoa que faleceu, para que seja possível iniciar a partilha dos bens junto aos herdeiros e/ou legatários. É, portanto, um instrumento legal. No geral, inventariar é descrever de forma detalhada qualquer coleção ou reunião de coisas. Mas, na Biblioteconomia, inventariar, na maioria das vezes, é a tarefa de fazer o inventário do acervo, que, na verdade, já está registrado, catalogado e classificado, necessitando apenas, de uma conferência periódica. Nessa atividade, além da verificação dos materiais extraviados, muitas tarefas são realizadas paralelamente, tais como: rever a ordem das publicações, pois muitas são deslocadas pelos usuários; identificar quais materiais necessitam de reparos, refazer as etiquetas de dorso, verificar quais publicações são mais ou menos utilizadas, para fins de tomada de decisão em relação às próximas ações de desbaste e/ou aquisição.
Mediar
No sentido estrito da palavra, quer dizer dividir ao meio, fazer a divisão em partes iguais. Em sentido mais amplo, tem o significado de agir como mediador, e é nesse sentido que pegamos carona para a Biblioteconomia. Nesta, o sentido passa a ser específico, afinal estamos na condição de mediador da informação. Mediar a informação é condição sine qua non para atuar na Biblioteconomia. O bibliotecário media a informação em vários momentos, desde quando decide pela seleção de materiais, passando pela indexação, até o momento final do atendimento, no serviço de referência. Nesse sentido, mediar é fazer uma interferência de modo que ele consiga fornecer a informação certa, na hora certa, para a pessoa certa. No serviço de referência é entender o usuário e se fazer entender, para que seja possível a comunicação e obtenção de resultados positivos. O bibliotecário media a informação em várias áreas além da Biblioteconomia, quando interage de forma multidisciplinar junto à Informática, à Arquivística, à Pedagogia, dentre outras e, em geral, no processamento técnico, preparando as publicações para serem consultadas.
Normalizar
No dicionário da língua portuguesa normalizar é fazer voltar ou voltar ao estado normal, à ordem, regularizar. Em situação mais específica, normalizar é aplicar e seguir a norma estabelecida por alguma instituição que seja referência. Em relação à Biblioteconomia, normalizar, na maioria das vezes, quer dizer aplicar as normas da ABNT, Vancouver ou APA, nos trabalhos acadêmicos, na produção científica. É uma tarefa biblioteconômica, que requer domínio das normas utilizadas e, sobretudo, atualização. A normalização é um dos requisitos para um trabalho científico ser bem aceito na comunidade acadêmica.
Organizar
O que seria do mundo se não fosse a organização! Organização da sociedade, organização dos poderes, organização das leis, organização política, organização do trânsito... Haja organização! Fundamental para as coisas caminharem positivamente. Não é à toa que chamamos as empresas, instituições, repartições, etc., de organizações. Pois bem, organizar na Biblioteconomia pode se referir à organização da informação, organização do conhecimento, organização da biblioteca ou organização de qualquer acervo para que fique acessível ao usuário.
Permutar
Em termos contratuais, permutar é quando as partes de obrigam a dar uma coisa por outra que não seja dinheiro. É um contrato bilateral, é uma troca recíproca. No âmbito da Biblioteconomia, permutar é o ato comum nas bibliotecas de trocarem publicações com entidades congêneres, principalmente àquelas que são duplicatas ou que foram selecionadas no processo de desbaste. É praxe elaborar listas tanto para a divulgação, como para o controle e registro dessas publicações.
Pesquisar
Hoje em dia, pesquisamos tudo a toda hora: preços, produtos, itinerários, profissionais, temos tudo nas pontas dos dedos, por intermédio da internet, do GPS, das mídias sociais. Pesquisar no âmbito da Biblioteconomia e das ciências em geral, é tarefa mais complexa, é um processo sistemático de análise científica, por intermédio de uma metodologia específica, para se obter informação e assim, construir conhecimento. O conhecimento evolui em função das pesquisas e investigações científicas, que buscam cada vez mais se aproximar da realidade, para melhor conhecê-la e transformá-la, visando o progresso da ciência e o bem comum.
Processar
Processar é palavra forte se enquadrada no contexto jurídico. Refere-se ao ato de iniciar uma ação judicial em relação a alguma querela entre partes contrárias. Já na esfera da Biblioteconomia, quando falamos processar, estamos nos referindo ao processamento técnico junto às publicações de um acervo. É o ato de fazer a análise temática e descritiva dos materiais, classificar e catalogar, de forma que fiquem acessíveis aos usuários em termos de busca. Contamos aqui com a mediação da informação, conforme já foi comentada no verbete mediar.
Recuperar
Resgatar, reassumir, reconquistar, readquirir, reaver, retomar, esses verbos são sinônimos para o “Recuperar” do dia a dia. Todos nós sempre estamos em busca de recuperar algo que perdemos, visando reaver essa coisa. Na Biblioteconomia esse verbo é muito forte e decisivo, na verdade representa a possibilidade de atender às demandas dos usuários. E qual bibliotecário não fica satisfeito ao final do dia com a sensação de dever cumprido quando consegue recuperar a informação? Conseguir recuperar a informação que o usuário deseja é tudo de bom, mas, para chegar lá precisamos ter trabalhado a informação em todos os seus aspectos, descritivos, representativos e de conteúdo. Recuperar, então, é conseguir resultados positivos, a partir de um problema formulado junto a um banco de dados de um sistema de gerenciamento de informações.
Referenciar
O ato de referenciar está associado a tomar algo como ponto de referência, como parâmetro. Pode ser também uma narração ou relação de algo; aquilo que se refere; sinal ou indicação que remete o leitor a outra fonte. Adentrando no universo da Biblioteconomia e da Documentação, referenciar é fazer referência a um autor, é referir, é citá-lo para que seja possível utilizar o seu pensamento sem ferir os direitos autorais. Esse mesmo autor, por sua vez, também se utiliza de pensamento de outros autores, afinal, em qualquer investigação nunca se parte do zero, mas de fontes de informação anteriores sobre o assunto. Além de dar mérito aos autores, o ato de referenciar auxilia os leitores a localizarem as fontes citadas. Portanto, é fundamental citar e referenciar para não incorrer em plágio.
Registrar
Declarar algo por escrito, mencionar, assinalar, tomar nota de, guardar na memória como uma lembrança. Registrar para não correr o risco de esquecer. Registrar na Lei dos Registros Públicos é inscrever em livro próprio, em registros cartoriais etc. Registro do nascimento, registro geral, registro do casamento, registro de um imóvel e assim por diante... Registrar é a segurança dos atos, fatos e bens. Quando levamos o conceito para a Biblioteconomia, não sentimos muita diferença, pois Registrar nessa esfera é fazer com que uma unidade informacional passe a fazer parte do acervo, respectivamente, um bem de um patrimônio. É garantir que ela será administrada por toda a sua existência, pois é identificada com suas características dentro do acervo a que ela pertence, sendo única.
Resenhar
Em geral, resenhar é fazer uma abordagem sobre algo, ressaltando seus elementos mais importantes. É um texto que objetiva apresentar outro (texto-base), ainda desconhecido do leitor. No jornalismo, é produto fruto de prestação de serviço do profissional. Para os críticos de arte, a resenha pode ser de objeto de qualquer natureza: filme, livro, teatro.
A resenha pode ser descritiva e/ou crítica, sendo a primeira limitada a descrever o objeto, mas devendo trazer requisitos mínimos para que o leitor se oriente e crie interesse, e a segunda, que além de trazer esse conteúdo, elabora juízo sobre o valor da obra.
Levando para a esfera científica, mais relacionada à Biblioteconomia, resenhar um trabalho acadêmico de divulgação é apresentar síntese e crítica sobre o trabalho, motivada por interesse próprio ou sob demanda editorial. Geralmente ocorre em função da publicação em periódico técnico ou para divulgação em mídia ampla. É recomendado que essa resenha seja elaborada por um cientista da mesma área de conhecimento do texto-base, até porque será analisado por pares.
Resumir
Condensar em poucas palavras; abreviar, sintetizar. Sempre somos chamados para resumir algo que aconteceu, algo que lemos ou que assistimos, como por exemplo, o filme, a novela. Exercemos essa capacidade diariamente, na vida comum, mas, para que haja o devido entendimento, é necessário manter o objetivo da peça e ser fiel à ideia central. Para quem lê ou escuta o resumo, possibilita conhecer o conteúdo, diminuindo o tempo que seria dispensado a essa tarefa na sua forma original.
Falando agora da atividade de resumir mais formal, aquela normatizada na NBR 6028, muito familiar da Biblioteconomia, vimos que a norma define 3 tipos: indicativo, informativo e crítico, deste último já falamos anteriormente, trata-se da resenha. O resumo indicativo traz uma visão geral do texto, utilizando os pontos principais como destaque. Já o resumo informativo, exige do produtor que conheça a obra de forma mais consistente e objetiva transmitir o maior número de informações relacionadas ao texto ao leitor. Esse tipo é o mais utilizado em universidades, nas produções científicas acadêmicas, portanto, o mais próximo com a Biblioteconomia.
Transcodificar
Transcodificar na área de tecnologia é a prática de converter um arquivo de um formato para outro formato, ou refere-se à re-codificação para o mesmo formato, a fim de alterar a taxa de bits do arquivo. Popularmente falando, é passar de um código para outro, sem perdas de informação. Quando nos referimos à ação de transcodificar aplicada à área de Biblioteconomia, estamos falando da preocupação dos profissionais dessa área em não perder a informação já registrada em algum suporte por questões de obsolescência desse material, bem como da responsabilidade de manter os equipamentos de reprodução para que os arquivos gravados possam ser abertos, lidos e disseminados. Assistimos, recentemente, à evolução das mídias eletrônicas digitais, para as quais foi necessária a transcodificação, tais como os diversos tipos de disquetes, os filmes do tipo Super-8 e os vídeos VHS.
Tombar
No popular, tombar é derrubar, fazer cair ou cair. Paradoxalmente, nas políticas públicas, tombar é preservar oficialmente um bem como patrimônio nacional, seja material ou imaterial. Dessa forma é reconhecido o valor histórico de um bem e instituindo um regime jurídico especial de propriedade, por conta da sua função junto à sociedade. Na Biblioteconomia, tombar é o mesmo que registrar, já falado anteriormente.
Vocabularizar
Vocabularizar é incluir em vocabulário, simples assim! Complica e se torna complexo quando elevamos para a Biblioteconomia, abordando o tal vocabulário controlado. Nesse caso, vocabularizar é buscar vocábulos que podem ser termos, descritores, palavras-chave, de forma que juntos esses itens formem uma linguagem com estrutura relacional ou alfabética. Em função dessa busca de adequação e padronização, não se trata de uma linguagem natural, denomina-se, portanto, linguagem artificial.