domingo, 19 de julho de 2015

Livros são janelas que se abrem para o mundo!

Livros são conexões temporais e abrem janelas atemporais para o mundo. Foi essa a leitura que fiz como bibliotecária, quando assisti ao filme Interestelar, exatamente nas cenas que ocorrem no quarto da menina, quando a estante de livros é o objeto explorado.

Além da leitura científica inerente à visão geral do filme, outras leituras já foram feitas, conforme o contexto de cada um, filosófica, religiosa, psicológica, metafísica... Mas, eu prefiro ficar com a minha.

A princípio, o mistério!. Livros são derrubados, abrindo espaços nas prateleiras da estante. A menina conclui que alguém está tentando se comunicar com ela, por intermédio de código morse, talvez, um fantasma...





Depois, sinais são revelados em função da anomalia gravitacional existente na Terra. Desenhados no chão do quarto, por intermédio de grãos de areia. 




Eles representam coordenadas em código binário, que conduzem ao centro de pesquisa espacial.



E, por fim, já no desfecho do filme, por trás da estante, abrem-se janelas entre os livros, de onde o agente do futuro (ou do passado) vivencia vários momentos do passado, do presente ou do futuro, fazendo conexões com as realidades, permitindo uma comunicação atemporal. 





Fantasma? Não! Na verdade é o eu do futuro (ou do passado), interagindo com o presente que se passa na Terra, preso em uma dimensão espacial (tesserato), composta pela redundância das prateleiras das estantes, do quarto da menina, numa realidade pentadimensional. 





Em cada abertura já existente ou forçada pelo caimento dos livros, é possível perceber o tempo e brincar com o passado, presente e futuro, porque ele é mostrado como uma dimensão espacial.




É aqui que a analogia fica clara, o livro, as coleções, a estante, as prateleiras, são aberturas, são passagens, são possibilidades, são janelas que se abrem para o mundo. Uma simbologia ímpar, para representar esse contexto futurístico.





Afora esses trechos, há dois momentos paradoxais, em que constam livros em cena.

No primeiro, o livro que narra a história da saga espacial do passado, como objeto desacreditado, em função do novo contexto do planeta Terra.



No segundo, a sala do cientista repleta de livros que, provavelmente subsidiaram suas pesquisas.



Portanto, o livro como fonte de informação, como ponte, como conexão, como janela entre passado e futuro, influenciando o presente e interagindo com tudo, registrando e renovando o conhecimento da Humanidade.




O filme é fantástico!
O tema musical do filme é maravilhoso!


terça-feira, 7 de julho de 2015

Biblioteca do Futuro: memória, legado, posteridade

Imaginação e Tempo são as palavras-chave desse grande projeto, ousado, desafiador, criativo, curioso, atemporal, saudosista e futurista, a Biblioteca do Futuro, que prevê a construção de cem textos, por cem autores diferentes, ano após ano, a fim de serem reunidos em uma grande antologia. 

Além de todos esses, cabe, ainda, o adjetivo ecológico, pois, é parte integrante do projeto o plantio de 1000 mudas, as quais crescerão em cem anos, para fornecer a matéria prima do fabrico do papel, em que serão impressos 3000 livros. "É uma obra de arte orgânica, que vive e respira, junto ao crescimento das árvores”.

Imaginação e Tempo na nossa linguagem é Leitura e Contexto, respectivamente. A imaginação se desenvolve conforme a leitura que o pensamento faz do contexto, e este, por sua vez, é o tempo que se desenvolve ao longo dos anos, com tudo que interage, pessoas, lugares, acontecimentos, etc.

O interessante desse projeto, cuja idealizadora é Katie Paterson, é a possibilidade de mostrar a evolução e a atualização dos textos literários ao longo dos cem anos, ou seja, acompanhando o pensamento, o comportamento, os costumes, a sociedade, em torno da temática imaginação e tempo, podendo ser percebido pelas gerações futuras na unificação da obra, a Biblioteca do Futuro. 

A primeira autora do Future Library, Margaret Atwood, visita floresta na Noruega ao lado da artista Katie Paterson (Foto: Divulgação/Giorgia Polizzi)

Esse livro você não vai ler, "o manuscrito será trancafiado na Biblioteca Pública de Oslo, numa sala especial batizada de Silent room", é memória, é legado para a posteridade! 

Conheça detalhes do projeto no site da Época, matéria de ÉRIKA KOKAY, de 07/07/2015 - 12h44.


domingo, 5 de julho de 2015

Mural Interativo do Bibliotecário: registro da marca de 5.000 fãs

A Equipe da fanpage do Mural Interativo do Bibliotecário, da qual tenho a honra de participar, completou hoje a marca de 5.000 curtidas e, comemorando esse feito, registramos uma pequena mensagem para os nossos fãs. 





Fabíola Bezerra
Ana Luiza Chaves
Edvander Pires
Juliana Lima


Contexto Biblioteconomia, leitura alegria!

domingo, 28 de junho de 2015

Rádio Debate: "A Importância dos arquivos para a preservação da memória"


Aconteceu em 12 de junho, o Rádio Debate da Rádio Universitária FM, apresentando "A Importância dos arquivos para a preservação da memória", quando tive a honra de participar, na companhia de Marcela Teixeira e Alailton Andrade, debatendo a respeito e divulgando a Associação dos Arquivistas do Ceará (ARQUIVE-CE), instituição recém fundada em Fortaleza.


O Programa foi ao ar em 12 de junho, com reprise no dia 15 de junho, cujo áudio está disponível aqui.

Debatedores:
  • Marcela Teixeira, presidente da Associação dos Arquivistas do Estado do Ceará (ARQUIVE-CE) e coordenadora do Memorial da UFC. Arquivista, bibliotecária, mestre em Políticas Públicas em Educação;
  • Ana Luiza Chaves, responsável técnica da MRH Gestão de Arquivos e Informações. Bibliotecária, especialista em Gestão de Arquivos Empresariais;
  • Alailton Andrade, assessor da “ASP: Assessoria, Contabilidade e Processamento”; bacharel em Direito, especialista em Perícia Criminal e Segurança Pública.

Apresentadora: Raquel Chaves



Produção: Raquel Chaves e Fátima Babini.





Um novo contexto da Arquivologia vem se consolidando de forma positiva no Ceará, a partir da ARQUIVE-CE, com o envolvimento e comprometimento de profissionais da área. A leitura que faço é de ganho para as empresas, instituições públicas, profissionais e para a sociedade em geral.

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Escrita: realidade vivida, criação e recriação!


Lendo alguns trechos do Diálogo Fedro, de Platão, deparei-me com esse, que já foi citado por muitos autores, quando se reportam à história, à importância da escrita, em que há trocadilho muito complexo acerca dos registros, da memória, na conversa entre o Thoth (deus egípcio) e Thamuz (faraó egípcio).

Quando chegaram à escrita, disse Thoth: 

"Esta arte, caro rei, tornará os egípcios mais sábios e lhes fortalecerá a memória: portanto, com a escrita inventei um grande auxiliar para a memória e a sabedoria." 

Thamuz, cético, responde:

"Grande artista Thoth! Não é a mesma coisa inventar uma arte e julgar da utilidade ou prejuízo que advirá aos que a exercerem. Tu, como pai da escrita, esperas dela com o teu entusiasmo precisamente o contrário do que ela pode fazer. Tal coisa tornará os homens esquecidos, pois deixarão de cultivar a memória; confiando apenas nos livros escritos, só se lembrarão de um assunto exteriormente e por meio de sinais, e não em si mesmos. Logo, tu não inventaste um auxiliar para a memória, mas apenas para a recordação. Transmites aos teus alunos uma aparência de sabedoria, e não a verdade, pois eles recebem muitas informações sem instrução e se consideram homens de grande saber, embora sejam ignorantes na maior parte dos assuntos. Em consequência, serão desagradáveis companheiros, tornar-se-ão sábios imaginários ao invés de verdadeiros sábios." (PLATÃO, 2001, p. 119)

No contexto de Thamuz, a invenção da escrita não era lá uma grande invenção, uma vez que a oralidade reinava como o recurso fundamental para passar o conhecimento de geração em geração, de forma dinâmica, viva e absoluta. Para ele, a escrita era uma armadilha traiçoeira, algo inerte, apenas com aspecto exterior, que não transmitia a sabedoria, e que levaria os homens à preguiça, pois não se esforçariam mais para lembrar de algo, porque iriam sempre recorrer ao que já havia sido escrito, portanto, uma invenção apenas para a recordação, não para a memória.

O próprio Thoth que a inventara não imaginava e nem tinha ideia do seu potencial, para ele, a escrita seria apenas um auxílio à memória, para ajudar a não esquecer.

Ambos realmente estavam equivocados, pois não tinham ainda a capacidade de projetar a sua utilidade para o futuro, para admitirem a verdadeira importância da escrita e de todo o seu legado para a Humanidade, inclusive a sua dinamicidade, por intermédio da interpretação dos textos.

Com certeza essa invenção teria outra leitura se Thoth e Thamuz sobrevivessem aos tempos, presenciariam a sua riqueza e a sua grande utilidade.

E foi assim, com a invenção da escrita, que a pré-história dos registros foi ficando para trás... Com ela (a escrita) o homem escreveu histórias e poesias, anotou seus discursos, registrou o seu patrimônio e as cerimônias, emitiu recibos e notas de pagamentos, registrou todo conhecimento e tudo que acontecia. O homem passou a ter uma ferramenta para registrar os fatos a partir da realidade vivida e criar e recriar, a partir da sua imaginação.

Indo mais longe...

Foi com o acúmulo ou com a coleção de tudo isso, que se fizeram os arquivos e as bibliotecas, para salvaguardar o conhecimento para a posteridade!

PLATÃO. Fedro. São Paulo: Martin Claret, 2001.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Dela, para ela, no dia dela, um beijo nela

Uma flor é sempre uma flor,
quer nascida em rico jardim, quer nascida no lago, na campina.
Todas, primeiro botão;
depois desabrocham para a vida.





Autoria de Maria da Conceição Farias. 
Orgulhosamente, minha mãe, que faz hoje 85 anos de muita leitura de vida, no contexto do jardim, do lago e da campina florida.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

"Chamam-se livros"

Um lugar cujo acesso é proibido, porque ninguém deve conhecer todas as "verdades", apenas aquelas que reduzem as pessoas à padronização. 


Mas, uma porta se abriu, depois que ele conheceu o lugar e fez a leitura, nunca mais foi o mesmo.


Deparou-se com um vasto acervo de livros, os quais foram a ele apresentados.



E o guardiã de tudo isso é o doador, que usa memórias do passado para fornecer sabedoria aos anciãos, que conduzem a sociedade. 



Um mundo aparentemente ideal, porque as pessoas são poupadas do sofrimento, das guerras, das doenças, dos sentimentos em geral, até do amor, sendo apenas uma pessoa responsável por conhecer e armazenar todas as memórias e o conhecimento, para doar ao próximo receptor.

Viver em contexto de falsa realidade, desprovida de memórias e de sentimentos de qualquer natureza, é viver uma ilusão e isso conduzirá o receptor a fazer escolhas sobre a vida e o futuro.

Assista ao trailler

Se o filme é bom, imaginem o livro! Recomendo!

O Doador de Memórias, de Lois Lowry
Editora Arqueiro 


terça-feira, 9 de junho de 2015

"O Futuro tem um coração antigo": Dia Internacional dos Arquivos

Neste Dia Internacional dos Arquivos tomo a frase de Carlo Levi para ressaltar a importância dos arquivos, por fazerem parte de nossas vidas.

Em passagem à Oficina Brennand, deparei-me com ela em grande estilo, cravada na arte da cerâmica,  não hesitei em registrar o momento.


Painel cerâmico da Oficina Brennand


O que seria do futuro sem os registros do passado? Nesse ponto os arquivos estão presentes e são incisivos. 

Os registros do passado e do presente influenciam aqueles que ainda virão, tanto na vida em geral, como no contexto da Arquivística. Um lugar, uma cidade, uma pessoa, uma empresa são entidades produtoras de documentos durante o desenvolvimento de suas ações. São passagens de uma vida que vão se agregando de forma cumulativa, sem pretensão, é a natureza dos registros arquivísticos, que, se preservados, podem ser resgatados para contar a história.

Passado presente no futuro, futuro cheio de presente que já virou passado. Futuro que não se constitui do nada, herda passos do passado, se transforma, passa a ser o que vai ser e logo já vira passado. 

Sem os arquivos, tudo se perde, nada se conhece.

Para conhecer mais sobre a obra de Carlo Levi
Para conhecer mais sobre a obra de Francisco Brennand

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Salve o livro!


Tomei algumas cenas do filme a Menina que roubava livros, em que o livro pede socorro, antes de ser sucumbido pela neve, pelo fogo, pela água e pelos escombros da guerra.

Nas cenas, a mão amiga estava sempre lá, resgatando o livro da situação de perigo, possibilitando a absorção e a manifestação do conhecimento pelos olhos e pelas palavras, mesmo carregando as marcas das intempéries. 


Salve o livro! 




Do frio seco da neve,



Do calor profundo do fogo,



Da umidade molhada da água,



Do pó e das cinzas dos escombros da guerra.




E dê a ele a dignidade de habitar em uma estante limpa,


A oportunidade de embelezar a sala de estar e de deixá-la mais atrativa,


E, sobretudo, o prazer da leitura, ainda que ocorra em contexto adverso.


Se o filme é bom, imaginem o livro! Recomendo!

Cenas extraídas do trailer do filme "A Menina que roubava livros"

domingo, 24 de maio de 2015

Da janela lateral da sala de estar


Da janela lateral da sala de estar, vejo flores vermelhas, flores do Panamá, vejo raios brilhantes de sol, que iluminam os olhos, douram a folhagem e alegram o hall. 

Olhos que enxergam para trás, que vão além desse flagrante, ora passageiros do passado, ora passageiros presentes neste instante, ora passageiros para um futuro distante. 

Vejo imagens da infância e juventude, da vida adulta com toda sua plenitude. Vejo meus irmãos, meus pais, meus primos e meus tios, ao redor de brincadeiras, de conversas e reuniões festeiras.

É um grande flash back, o making off do presenteum trailer de tudo que ainda poderá passar, visualizados da janela lateral da sala de estar. 

Leitura da casa da Madalena, em Recife, parte significativa do meu contexto!



quarta-feira, 20 de maio de 2015

Dia do Pedagogo



Tomo esse painel cerâmico de Brennand, diretamente de sua oficina, do seu contexto de criação, para homenagear hoje, no Dia do Pedagogo, aqueles profissionais que chegam junto, que participam ativamente do processo ensino aprendizagem, levando não só conhecimento na educação formal, mas, contribuindo para transformar comportamentos, com vistas ao desenvolvimento humano pleno, em todos os espaços sociais. 

Fazendo a leitura, a Coruja, que representa inteligência, sabedoria e conhecimento, que está alerta na noite, alcançando com sua visão tudo e todos, simboliza o conhecimento racional, registrado na mitologia grega pela deusa da sabedoria Athena, portanto, perfeita para ser o ícone dos pedagogos.

Parabéns!!!


Painel cerâmico da Oficina Brennand - Recife - Pernambuco
Registro em 03/05/2015