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sábado, 25 de novembro de 2023

Achados em livros

Alguém já escreveu sobre achados em livros e eu vou fazê-lo agora. São verdadeiras preciosidades, desde as inscrições a punho na dedicatória e nas anotações e grifos, até os elementos neles inseridos, tais como cédulas de dinheiro, folhas secas, fitinhas, bilhetinhos e cartões com mensagens.

Nessa minha vida de leitora e bibliotecária já me deparei com muitos deles, mas quero chamar a atenção para este cartão fofo, da Professora Ana Marques. Que mensagem maravilhosa!

Leitura é tudo e mais alguma coisa.


Livro do acervo da Biblioteca Francisco Freitas Cordeiro, da Faculdade CDL
BOBBIO, Noberto. Teoria da norma jurídica. 6. ed. São Paulo: Edipro, 2016. 

sexta-feira, 15 de março de 2019

Professoras precursoras

Sou do tempo que professora era chamada de professora, tia, só se fosse da família. 

Minha primeira professora, D. Fransquinha, como esquecê-la? Impossível! No Jardim de Infância do Colégio Christus, no ano de 1964, além de ensinar o que estava no currículo, ensinava a ter cuidado com as tarefas, para preservá-las para o futuro. Não é que deu certo? Até hoje tenho meu caderno de atividades do Jardim I.

Alguns métodos menos pedagógicos, mas comuns para a época, eram utilizados, com vistas a por ordem na classe. Recordo-me de menino, que sempre fazia peraltices, correndo o risco de ter o calção da farda trocado por uma fralda. Uma ameaça nunca cumprida, na verdade, era só uma forma de mantê-lo sob controle, diante de toda a turma. Se fosse hoje, seria politicamente incorreto, agressão, denúncia, na certa.

São detalhes que não fogem à memória, mas que nada influenciaram negativamente na minha formação, pelo contrário, entendi a necessidade da disciplina.

Depois, fui cursar a alfabetização, sob os protestos de algumas crianças, que afirmavam veemente, eu estar na sala errada e me boicotavam, afinal, para eles, eu deveria cursar o Jardim II, ainda era muito pequena. Isso era o normal, o óbvio, mas não para meus pais, que tinham a certeza do meu êxito naquela classe mais adiantada. Se fosse hoje, seria classificado como bullying.

A D. Celeste não cansava de registrar "Ótimo", com estrelinha piscando no meu boletim escolar da alfabetização, e requisitar a minha leitura em voz alta na sala de aula, como forma de dar exemplo aos demais. Se fosse hoje, seria considerada exploração, marcação, politicamente incorreto, também.

No primeiro e segundo anos do Ensino Primário, com a D. Conceição e a D. Ione, aprendi o sentido da organização, daí, a prática era pedir meu caderno para servir de estudo para aqueles que faltavam às aulas ou não acompanhavam bem as matérias passadas em sala de aula. Se fosse hoje, seria tomada como apropriação indébita, mesmo que temporária.

E a Irmã Iolanda? Fantástica! Ensinava Português, com ela aprendi interpretação de texto, análise gramatical e sintática. Muito exigente e muito crítica junto àqueles que não queriam aprender. Se fosse hoje, com certeza, muitos pais fariam reclamação quanto a sua postura  rígida de ensinar.

Enfim, professoras precursoras, que contribuíram para a minha formação e marcaram minha primeira infância no Colégio Christus, as quais têm a minha admiração até hoje. 

Muito do que aprendi nesse período serviu de base para outros aprendizados, que transformados e ampliados, constituíram o meu conhecimento de hoje. 

Bons tempos aqueles...

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Dia da Criança e Dia Nacional da Leitura

Nesse Dia da Criança e Dia Nacional da Leitura, trago o vídeo de Rubem Alves, em que ele ressalta O Papel do professor, mostrando caminhos para ensinar a criança a pensar, despertando nela a curiosidade, ou seja, "criar a alegria de pensar".

Fundamental neste vídeo é a chamada que ele faz para a leitura, afirmando que "a relação com a leitura é uma relação amorosa.", para a criação do gosto pela leitura, que acontece, não mandando ler, mas, lendo para a criança.

Estamos vendo aqui um entrelaçamento entre datas, Dia da Criança, Dia Nacional da Leitura e Dia do Professor, que teremos logo mais, no dia 15. Tudo junto e misturado, porque criança, leitura e professor é a tríade para formação da educação, da cidadania.



domingo, 1 de setembro de 2013

"Gente que goste de gente"

Textos bons são para serem compartilhados e como esse tem a ver com as duas postagens anteriores, que tratam de educação e aprendizagem, achei por bem transcrevê-lo para este espaço de leitura e contexto, porque, fazendo a leitura do contexto, podemos entender que gostar de gente é essencial à educação e à vida.

Biblioteca e parceria pedagógica, que ressalta o Bibliotecário, Somos eternos estudantes, dando enfoque aos alunos e agora, "Gente que goste de gente", ressaltando a figura do professor, apesar de textos independentes, criou-se a tríade oportuna: bibliotecário, aluno e professor.

Vamos ao texto de Maria Elaine Cambraia!


CONTRATA-SE GENTE QUE GOSTE DE GENTE
POR MARIA ELAINE CAMBRAIA



Fazemos parte de uma sociedade onde tudo acontece e “deve” acontecer rapidamente. Não conseguimos mais esperar pelas coisas, pelas pessoas, pelos acontecimentos. Queremos tudo rápido e de preferência pronto. Não conseguimos esperar pelo elevador, a nossa internet que é lenta demais, se tem fila reclamos que vamos perder muito tempo nela, mas queremos aquilo que se encontra ao final da fila... Esse é um dos dilemas atuais da nossa sociedade, a gestão do tempo. Num mundo que muda tão rapidamente, nos cobramos também o tempo todo uma adaptação a essas mudanças que ainda não estamos preparados. Queremos dar conta de tudo, queremos ser ótimos profissionais, esposas, maridos, filhos, professores, amigos, amantes, estar em plena forma física e magros, bonitos, alegres e bem humorados. Queremos aquilo que é impossível conseguir de uma só vez e ao mesmo tempo. Diante disso, exigimos dos outros, dos serviços e da vida a mesma presteza, iniciativa e rapidez.

A questão se complica quando lidamos com aprendizagem. Educação e aprendizagem estão relacionadas a convívio, à observação, à assimilação e às devidas integrações e sínteses. O processo de ensinar e aprender envolve pessoas em relação: elas e suas histórias de vida; elas e o conhecimento; elas e outras formas de viver e de pensar (Parolin I., p.148 – Professores formadores).

Nesse sentido, o professor é hoje, mais do que nunca, alguém que tem um papel relevante na formação integral do sujeito, alguém imprescindível que também apresenta o mundo ao aluno, com sua forma particular de vivenciar a realidade. E sendo assim, precisa fazer com seus alunos apresentem resultados positivos em relação aquilo que aprendem. Se precisa conseguir resultados com e através das pessoas é um líder. E ser líder não é conseguir adeptos a qualquer custo, mas promover a adesão espontânea de seu aluno em relação à aprendizagem. Seu aluno tem que querer aprender, porque é com este ou aquele professor que o vínculo foi criado e estabelecido. Não se aprende com qualquer um, elegemos com quem iremos aprender. 

Por outro lado, vivemos um momento na área educacional em que o aluno precisa de muitas coisas: precisa querer estudar, precisa estar motivado, precisa ter vontade de ir à escola, precisa de estímulos positivos para prestar atenção às aulas, precisa de uma aula diferente a cada dia senão desmotiva, enfim, precisa de uma série de situações e exigências de hoje em dia, pois caso contrário a sua aprendizagem ficará comprometida. E a culpa não é dele. Afinal, o professor precisa se virar em 10 para dar conta de todos e, ao mesmo tempo, lidar com as necessidades individuais, trabalhar com a inclusão, elaborar planejamentos impecáveis, prazos para tudo, corrigir, revisar e reavaliar as provas, entender das dificuldades de aprendizagem e ter estratégias para lidar com cada uma delas e com cada aluno (afinal , eles são diferentes e precisam de um atendimento personalizado!) e, isso tudo, sem se esquecer que o professor tem mais 25 dentro da sala. Mas só no período da manhã, porque no turno da tarde ele tem mais 35 alunos com as mesmas exigências, mas necessidades diferentes. É preciso de tanto e de tantas coisas, mas não sabemos o que realmente precisa ser feito. Cobram-nos tanto, mas esquecemos do essencial: estamos lidando com gente, com seres humanos, com almas, com corações, todos os dias, o tempo todo... 

Essa reflexão nos leva a um caminho sem fim, pois uma coisa leva à outra e voltamos ao início da reflexão. Ao analisarmos as necessidades educacionais hoje, veremos que a forma como ensinamos precisa ser revista e melhorada. Por outro lado, percebemos também que o aluno de hoje exige tantas competências e habilidades do professor que não consigo imaginar como seria esse profissional. Nem como seriam essas aulas ideiais. O que percebo como educadora são pais sem condições de dar limites aos filhos e suas exigências cada vez mais infundadas e intermináveis. Percebo um mercado de trabalho que cobra cada vez mais qualificação e títulos, mas se esquece do principal: como se lida com gente? Percebo pessoas, educadores ou não, cada vez mais incapacitados para lidar com as diferenças individuais, com os desafios da convivência, agindo como se fossem crianças, brigando por motivos frívolos e incapazes de trabalhar em parceria com outros. A competitividade e a intolerância em relação às pessoas, tornou-se algo natural nos ambientes de trabalho. Isso também se aplica nas relações interpessoais. 

A convivência é hoje, a meu ver, o grande desafio de todos, profissionais da educação ou não. Mas especialmente na educação, onde teoricamente, se trabalha e contribui na formação de outro ser humano, seria imprescindível que os ditos “educadores” soubessem lidar, e gostar de gente. Precisamos urgentemente de gente que goste de gente. De pessoas que gostem de conviver com outras pessoas e que estudem sobre isso. Que entendam do seu objeto de trabalho. É verdade que nunca estamos prontos, mas é preciso desejar isso. É preciso querer entender sobre relacionamento humano. E para isso precisamos começar a olhar primeiro para dentro de nós mesmos. Queremos mudar tantas coisas, mas não queremos ter o trabalho nem de pensar nas possibilidades de mudança em nós mesmos. Não queremos entender como funcionamos por dentro, pois achamos que a experiência de anos em sala de aula nos tornou aptos e capacitados. Ledo engano. A educação só vai caminhar e se transformar no dia em que nos transformarmos em educadores em formação, em constante transformação. Quem sabe assim consigamos enxergar o que ninguém quer ver: que somos todos iguais em nossas necessidades, e só podemos avançar com ajuda do outro. Quem sabe assim seremos capazes de enxergar com a alma ao invés dos olhos... 

Maria Elaine A. Cambraia – Psicóloga, Educadora, Consultora Educacional e palestrante. 

Visualização em cache (Este é o cache do Google de http://www.gestaoeducacional.net/artigo.php?id_artigo=3. Ele é um instantâneo da página com a aparência que ela tinha em 13 ago. 2013.