domingo, 1 de abril de 2012

Nos jardins da minha mãe


O resultado da visita à casa da minha mãe no fim de semana foi um passeio completo aos jardins, com direito a registrar tudo que floria, fazendo a leitura de cada espécie, respeitando o contexto de cada uma.

Iniciamos pelos abacaxis de salão (Ananas comusus mini), espalhados em fartura pelo gramado do quintal, qual erva daninha.


 



Continuamos o passeio apreciando, em pleno dia, a  espontânea boa-noite (Catharanthus roseus), retratadas com o pano de fundo das espadas de São Jorge (Sansevieria trifasciata), aquelas com o debrum amarelo, na minha opinião, as mais bonitas. 



Passamos também pelas margaridinhas (Argyranthemum frutescens) amarelas, que livres, brotam e ampliam o tapete verde-amarelo.



No fundo, ao pé do muro, verificamos essa suculenta bicolor, com face superior verde-oliva e dorso roxo-púrpura, (Tradescantia spathacea), que se reúne em grupo, embelezando o local.



Saindo do chão, direto para o alto, vimos o lacre vermelho (Ixora coccinea), que subiu e exibe sua floração na folhagem da goiabeira e esta permite essa interação sem reclamar, confundindo quem está em baixo a apreciar.



Falando em goiabeira, ela estava carregada de frutos, fizemos uma bela colheita e, ao meio da sua folhagem, eis que surge essa espécie de ameixa silvestre, ameixa do Peru (Bunchosia armeniaca), para completar o colorido vermelho, fruto predileto dos pássaros visitantes dos jardins da minha mãe.



No jardim da frente, exalando um delicioso perfume que invade toda a entrada da casa, a dracena de Vênus (Dracaena Fragrans), já bem adulta e alta, exibe sua floração abundante em cachos brancos.





Colônia (Alpinia speciosa) e paquevira (Heliconia sp.) são por demais exuberantes, suas folhagens em palmas também são um evento à parte.





Essa aqui, nas cores branca e lilás, que já aparecia na foto anterior, ao meio das paqueviras, também teve direito a um close, ainda não descobrimos o nome dela, mas é habitante antiga dos jardins.



Mais vermelho no mini lacre (Ixora chinensis), que já atinge a altura do muro lateral, meio à sombra em função do jasmim manga (Plumeria rubra), que, ainda não floresceu, apenas oferece sua linda folhagem.




A dracena vermelha (Cordyline terminalis), tropicalíssima, que deu as boas-vindas quando cheguei, mandou um até logo, quando fui saindo.


Foi essa a leitura maravilhosa desse dia, contexto repleto de flores e cores!


sábado, 24 de março de 2012

Chico Anysio e um acervo para catalogar, classificar e indexar





Tantas estão sendo as homenagens para o Cearense Chico Anysio, todas muito bem merecidas, sabemos da importância dele para o cenário artístico e cultural do país, com repercussão, inclusive, no exterior.

Humorista, ator, dublador, escritor, compositor e pintor, destacou-se principalmente pela criação de uma coleção de personagens. A leitura que faço desses personagens é a de um contexto carregado de  estereótipos da nossa sociedade, que representam, nada mais, nada menos, os tipos que nos deparamos por aí.

Quem não se divertiu com esses personagens? Creio que cada um tinha o seu preferido. Eu tinha o meu, Alberto Roberto, o máximo do excesso!



Tomando esse contexto, faço aqui minha homenagem, típica de bibliotecária, porque vejo na sua produção artística um acervo rico e multifacetado para ser catalogado, classificado e indexado, um verdadeiro laboratório para a Biblioteconomia. É óbvio que o Cedoc da Rede Globo já o fez com excelência e qualidade, utilizando todos os recursos tecnológicos e informacionais de que dispõe, registrando nos arquivos da televisão, desde sempre e para sempre, toda a sua trajetória.

Quero enfatizar que, se analisarmos todos os personagens e tipos criados por essse mestre do humor, vemos que é possível utilizar esse acervo para trabalharmos diversas questões da Biblioteconomia, haja vista a riqueza do acervo.
 
 
Para iniciar, com certeza uma remissiva devemos usar. Aprendemos que Chico Anysio é a alcunha usada como entrada principal, no catálogo de autor, para Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, o velho Chico Total.

Adentrando nos personagens, usando a alfabetação, iniciamos por Albarde, Alberto Roberto, Apolo, Azambuja e continuamos com Baiano, Bento Carneiro e Bicão, todos os nomes inclusos como assuntos principais.

Buscando palavras-chave e descritores, para completar a catalocação, investimos em políticos, machões e sofredores.

Para ampliar e facilitar a busca, a indexação pelos nomes dos principais programas é fundamental: Chico City, Escolinha do Prof. Raimundo, Chico Anysio Show, Chico & Amigos e Chico Total.

Necessário se faz mencionar a miúdo os jargões de cada um, talvez como nota de conteúdo.

E para criar um índice por assunto em torno dos personagens, nos deparamos com futebol, jornalismo e política, profissões, religiões e vantagens. Como representantes desses temas, seguem: Bozó, Canavieira, Divino, Gastão --  Jovem, Meinha, Pantaleão e Quem-Quem.

Enfim, um estoque de nomes, de charlatão estrangeiro, como Tim Tones, a político brasileiro, com uso das letras do alfabeto inteiro, para criação de um índice onomástico: de Albarde a Zelberto Zel, simplesmente fantástico!




Vá em paz Chico Anysio!
Você já foi catalogado, classificado, indexado e, sobretudo, apreciado.
Está garantido às gerações vindouras, conhecer a inteligência e o legado do humorista cearense.

segunda-feira, 19 de março de 2012

"Ler, pensar e escrever"

Mais uma obra sobre leitura, pensamento e escrita e que obra! Desta vez contemplando a sequência das ações, criando valor agregado.

Se fizermos a leitura do próprio título, vimos que o autor sugere um processo. Processo a princípio linear em cadeia, mas, que, com certeza, culmina na circularidade, afinal quem leu, pensou e escreveu, se de fato quer crescer como "ser da palavra", como chama o autor, haverá de ler mais, pensar mais e escrever mais.




Transcrevo abaixo um trecho bem introdutório, que por si só, já vale o livro e um mundo para reflexão, objeto da fundamentação do que escrevi acima.
[...] ler (uma sílaba), pensar (duas sílabas) e escrever (três sílabas). Como se a cada etapa avançássemos um passo, transbordássemos um pouco mais. A leitura, a reflexão, a escrita. A busca, a assimilação, a produção. A recepção ativa, a elaboração de um sistema pessoal de convicções, o compartilhamento.
O autor destina cada capítulo a uma das três ações do processo, explorando vários aspectos envolventes dentro de cada contexto, fazendo o leitor exercer em cada um deles, o próprio título do livro: Ler, pensar e escrever.

Eu já li, pensei e escrevi.

Fica aqui o convite tara Ler, pensar e escrever, com Gabriel Perissé.



PERISSÉ, Gabriel. Ler, pensar e escrever. 5. ed. rev. amp. e atual. São Paulo: Saraiva, 2011. 91 p

domingo, 11 de março de 2012

Dia do Bibliotecário


O mercado é seu!

Nunca tantas portas se abriram de uma só vez, a profissão hoje é por demais eclética, adaptável a diversos contextos e, por isso, requisitada nos mais variados segmentos.

Vira e mexe e lá está ela, quem?
A informação, nossa matéria prima de trabalho, claro que antes já fizemos o básico, ou seja, já tratamos os dados, para que virassem essa tal informação e agora é fazer com que esta chegue em tempo hábil aos usuários.

E qual segmento não utiliza informação, você conhece?
Todos têm essa necessidade, vive-se de informação, sobretudo daquela para gerar conhecimento e para a tomada de decisão.

Além do imenso mercado de bibliotecas, que surge em função da Lei 12.244/2010, há um leque daqueles com inúmeras varetas, em que cada uma exige uma habilidade peculiar do bibliotecário.  Portanto, vem muita brisa por aí... Temos que estar a postos para responder a essa demanda da sociedade.

E fazendo a leitura desse contexto, percebe-se que o bibliotecário, tanto pode ser um ás pelo que faz, como um coringa, que chega em boa hora e se associa a qualquer profissional, criando valor agregado. O importante é que, no meio a tantas cartas, desembaralha e resolve a questão.

Parabéns a todos os bibliotecários! Tenho orgulho de pertencer à classe.

"Se tens um jardim e uma biblioteca, tens tudo."
(Marco Túlio Cícero. Arpino-Itália 106 a.C. - 43 a.C. Formia-Itália)

Mas, antes disso, precisarás de um jardineiro e de um bibliotecário.
(Ana Luiza Chaves - Fortaleza-CE-Brasil - março/2012)




quinta-feira, 8 de março de 2012

Dia Internacional da Mulher


 
M uralha
U nida (ao)
L eme
H eróico
E manado (da)

R adiação (de Deus)

por Concita, minha mãe,
A quem parabenizo neste dia,
Com a sua própria poesia,
Que reflete a força da mulher.
Para o que der e vier!

Publicada originalmente no Blog de sua autoria Poesiadomeujeito

domingo, 4 de março de 2012

Raízes


Resgatar as raízes da família para contar a história e assim preservar a memória, é simplesmente maravilhoso!

Encravada em terreno de quase 5.000 m2, localizada na Av. João Pessoa 4149, a casa foi palco do nascimento e desenvolvimento da família Chaves. Lá foram fincados e registrados os momentos de convivência, de educação e de toda a existência dessa família, de quem herdei o sobrenome, pelo enlace com o herdeiro mais novo.

A casa já não mais existe, mas, voltando à questão da preservação, foi oportuno o resgate de dois elementos característicos, duas placas metálicas que identificavam a residência dos Chaves, uma se referindo ao próprio patriarca, meu sogro que não conheci pessoalmente, Sr. Mario Chaves,  e a outra alusiva à condição de fé e de serviência ao próximo, praticada pelos progenitores, aqueles que deram origem à família, ressaltando-se a esposa daquele, minha sogra, a Sra. Lindalva Chaves.




Ambas foram representantes de momento singular na infância desse filho, também de nome Mario, que outrora participou da fixação dessas placas na parede frontal da casa, e, mais recentemente, pelo neto, Mário Victor, que acompanhado daquele, fez a retirada, com vistas à preservação.


Mariana, Mário César, Ana Luiza, Mário Victor e Mario Chaves, acompanhados dos queridos anfitriões, Daniel e Madrinha, em janeiro/1997.



Passados mais de sete anos da venda e da demolição da casa, tive a iniciativa de providenciar a restauração das referidas placas, para fixação na nossa residência, como respeito às raízes dessa família, da qual passei a fazer parte e que ajudei a perpetuá-la por intermédio dos meus três filhos, que levam no pré-nome, a marca da "dinastia".





Importante ressaltar, além da ideia da composição final, repassada para o Ateliê Coisas & Mosaicos, o trabalho primoroso e perfeito de restauração das placas, feito pelo historiador, especialista em história do Brasil/Ceará e restaurador, Armando Farias, meu irmão caçula, que herdou do nosso pai os dotes artísticos e a estes acrescentou tantos outros afins.

No meu jardim VII


Novidades no meu jardim!

Nova leitura do meu jardim, agora mais rico, novos frutos, novas flores, que mudaram o contexto habitual.

Novos frutos no pé de acerola (Malpighia emarginata ou Malpighia glabra).





O hibisco (hibiscus) de cor natural salmão claro, floresceu, naturalmente, híbrido, com uma das pétalas mescladas, em função da coloração do seu companheiro vizinho de cor vermelha. Verdadeira obra da natureza.







Depois de tempos... dois novos antúrios (anthurium) de cor rosa clara floresceram, para embelezar ainda mais o meu jardim.




 


espadinha de São Jorge (Sansevieria trifasciata), floresceu!




Biblio... o quê? Respondendo por metáforas


O Bibliotecário de Giuseppe Arcimboldo


A famigerada pergunta "biblio... o quê?", que demonstra a ignorância de muitas pessoas acerca do que é a Biblioteconomia, do que é a profissão de bibliotecário, vai ser respondida agora, momento oportuno, quando estamos nos aproximando de 12 de março, dia do Bibliotecário, dedicado a sua homenagem.




A classe é tão bem estruturada, contando com Conselho, Associação e Sindicato, com legislação que data de 1962 e tantos profissionais à frente de grandes postos de trabalho na esfera pública e privada, que é inconcebível admitirmos essa falta de conhecimento.

   




Pois bem, vamos fazer a leitura para entender seu contexto de trabalho.

Para quem não sabe, bibliotecário é como a água, ocupa o espaço do recipiente, se adaptando e entrando em ação, seja qual for o contexto: centros de informação e documentação, escolas, empresas, hospitais, universidades, etc., sabemos fazer a leitura para desenrolar, resolver, e disponibilizar a informação. Transformamos a informação que não está acessível, em possibilidades de busca e na sua consequente recuperação, portanto, somos uma espécie de ponte, que liga dois pontos, um tipo de canal, que conduz a um lugar...

Somos um grande dicionário poliglota, afinal falamos qualquer língua, porque de alguma forma, traduzimos e entendemos qualquer língua, não aquelas da Linguística, aliás essas também, vira e mexe temos que entendê-las a qualquer custo, inglês, francês, espanhol, em função da diversidade de obras que lidamos no dia a dia, mas, a língua a que me refiro é a forma de falar, de se expressar de cada usuário. Alguns deles, na verdade, não têm definido na cabeça o que estão procurando e daí fazemos todo o processo de interação e comunicação, entendendo o contexto, extraindo essa demanda e transcodificando para as linguagens controladas que adotamos, chegando ao "X" da questão, consolidando, dessa forma, o serviço de referência.

Também somos um grande livro de tombo, que representa o patrimônio da biblioteca, isso porque conhecemos de cor e salteado as obras do nosso acervo, das mais antigas às mais novas, aquelas pela familiaridade e manuseio constante e estas pela efervescência dos dados e informações em tratamento e processamento técnico (tombamento, classificação, catalogação e indexação), título, autor, assuntos, editora, etc. Face a essa habilidade, podemos servir o nosso usuário de leituras e pesquisas apropriadas.

Falando ainda de livro, considero que também somos um grande livro de visitas, pelo conhecimento que temos de cada um de nossos usuários, dias de visita, lugares prediletos de sentar, horários, o que estudam, demandas e até o jeito de se portar no ambiente. 

E, por conhecê-los tão bem, somos uma espécie de especialistas em DNA, sabemos fazer a leitura de suas preferências de leitura e assim elaboramos a disseminação seletiva da informação (DSI)

E, que tal a analogia com uma lista telefônica? Aquelas do passado, impressas e bem  completas, porque sabemos em que estante/prateleira está cada publicação, pois tudo foi previamente endereçado (classificado/catalogado) pelo número de chamada. E, se for um documento eletrônico, também chegamos lá nos metadados, qual um cão farejador, aplicando a busca boolena.

Falando em busca, usando um termo da atualidade, somos um buscador, exatamente como aqueles da web, rastreamos e resgatamos tudo, aliás, com muito mais propriedade do que muitos deles, porque fizemos o trabalho certo de indexação, a leitura precisa dos termos e, quando percebemos alguma falha, vamos lá na nossa base e incluímos uma remissiva e/ou referência, acrescentamos mais palavras-chave, ou, conforme o colóquio atual, tags.

Recebemos também o título de arquiteto, quando se trata de arquitetura da informação,  porque estruturamos e representamos a informação em banco de dados, sistemas ou em design de softwares.

Somos um abecedário, um conjunto dos números naturais em ordem crescente, porque estamos sempre em ordem. Organização é a ordem! Mas, queremos que os usuários mexam e remexam nas obras, o contato com elas é saudável, agrega valor, paradoxal? Não, normal! A tarefa é organizar e indexar para facilitar a busca.

Considero também que somos uma isca, pois sempre estamos criando argumentos para fisgar mais leitores, atuamos como facilitadores e incentivadores da leitura, seja por intermédio de campanhas, banners, anúncios, blogs, e-mails ou projetos específicos.

Também somos uma espécie de post it, que comunica, lembra  e divulga o material recém-chegado na biblioteca, para todos os usuários, atividade essa, tecnicamente denominada de serviço de alerta.

Internacionalmente falando, somos um Muro de Berlim, claro e evidente, que depois da queda, nossas bibliotecas não têm mais paredes, a informação está em qualquer lugar, ou em nenhum lugar, se considerarmos o virtual, a computação em nuvem de agora, o importante é que conseguimos trazê-la e reuni-la, deixando-a acessível e disponível em tempo hábil.

Para os pesquisadores em plena atividade de trabalhos acadêmicos, somos a luz no início, no meio e no fim do túnel, porque além de padrão, quando representamos a norma, somos como um anjo da guarda, ao desempenhar o papel de um orientador ad hoc, durante a caminhada do orientando em busca da titulação.

Nas bibliotecas escolares, somos a tia e o tio, porque, sobretudo, somos educadores. Assim como no âmbito do curso de Biblioteconomia, quando atuamos como professores das disciplinas.

Para finalizar e com a permissão da marca, temos a alma de Bombril, com mil e uma utilidades, óbvio que considerado o nosso contexto, tentamos resolver todo tipo de demanda de pesquisa e informação que chega à biblioteca, fazendo a leitura técnica e, mesmo não dispondo dela no momento, corremos em busca de socorro, contando sempre com a ajuda de outro colega de profissão.

Metáforas à parte, creio que já deu para perceber, além dos conhecimentos técnicos e naturais da atividade, os diversos conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA), inerentes ao bibliotecário, utilizados para desempenhar sua função com excelência e qualidade.

Bibliotecário pode atuar em qualquer segmento, porque se há informação em todo lugar, há motivo para ele estar lá.

Encerro por aqui, mas, deixo em aberto o texto para ser completado por qualquer profissional bibliotecário, que tenha mais sugestões e queira ampliar esta lista, quem sabe ela chega realmente às mil e uma metáforas.

Se depois disso tudo ainda não deu para entender o que fazemos, paciência... compareça a uma biblioteca e seja atendido por um de nós, ok? Dai você vai dizer:

-- "Você é bibliotecário e mais o quê...?"






segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Os fantásticos livros voadores do Senhor Lessmore



Obras primas são para ser apreciadas e reapreciadas, afinal, a cada leitura se percebe algo a mais, um novo contexto ainda não explorado, é isso o que acontece quando assistimos ao curta "Os fantásticos livros voadores do Senhor Lessmore", uma animação sensível, profunda, mágica, reflexiva e por demais fabulosa.

Dirigido por William Joyce e Oldenburg Brandon e indicado ao Oscar 2012, este curta-metragem francês é realmente uma fábula dos tempos atuais, com todos os recursos tecnológicos de animação. Livros voam, dançam, conduzem e transformam pessoas, para que estas façam também a sua parte, dando-lhes vida, conservando o corpo e a alma de cada um deles, colocando-os nas mãos certas, para que sejam multiplicados e divididos :
  1. Os livros são para serem usados; 
  2. Todo leitor tem seu livro; 
  3. Todo livro tem seu leitor; 
  4. Poupe o tempo do leitor; 
  5. Uma biblioteca é um organismo em crescimento.
Apesar de lúdica, a obra pode (e deve) ser utilizada como recurso didático para aprendizado, em muitas áreas, na sociologia, na literatura, na pedagogia, na psicologia, na filosofia e, como não poderia deixar de ser, na Biblioteconomia, em que podemos perceber as 5 leis de Ranganathan já citadas acima e em outra postagem.

A leitura que faço é a de um mundo que se transforma, que fica colorido com a passagem dos livros voadores (leitura, escrita, informação e conhecimento); de uma ciência e ofício de cuidar dos livros (Biblioteconomia) e da casa dos livros (Biblioteca), que sobrevive e passa de geração em geração e de um personagem incumbido de servir à comunidade (Bibliotecário).









Finalizo afirmando que, se tudo pudesse ser retribuído em livros..., o mundo seria uma grande biblioteca.

Eu votaria nele. Vale a pena assistir!



domingo, 26 de fevereiro de 2012

Paradigmas! Questão de contexto.


Quais os paradigmas da atualidade, da sociedade, da ciência e dos homens?




Eu diria que variam, conforme a leitura e o contexto. E a reflexão dos autores não cabe somente na ciência administrativa.


Assim, por mais criticáveis que algumas teorias administrativas possam nos parecer hoje, na época em que foram criadas, elas certamente pareciam ser o que havia de melhor -- e por isso foram adotadas e praticadas. Elas eram consoantes com a realidade em que forma criadas: seu histórico, seu contexto político-social, seu nível de comunicações. E, graças a elas, o conhecimento administrativo pôde evoluir.(1)



Vemos que no Direito as leis se formaram a partir do surgimento da sociedade e foram sofrendo alterações, conforme sua evolução, conforme os costumes do povo. Portanto, impossível seria aplicar uma lei para o passado, pois este já seguia e pertencia a um contexto.

Da mesma forma ocorre em outras ciências, que avançam a partir de várias hipóteses, experiências e teorias, umas refutando ou confirmando outras e assim caminha o conhecimento da Humanidade, ninguém parte do zero, o a priori existe, precisa fazer a leitura, e é de lá que evoluem as coisas, de onde um parou, o outro dá continuidade ou recomeça.

___________
(1) FERREIRA; A. A.; REIS, A. C. F.; PEREIRA, M. I. Gestão empresarial: de Taylor aos nossos dias: evolução e tendências da moderna administração de empresas. São Paulo: Thomson Leraning, 2006. p.13.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Nossa vida medida em hertz


Hoje, dia 22/02, o Google homenageia Heinrich Hertz, no seu 155º aniversário, físico alemão responsável pela descoberta da existência de ondas eletromagnéticas, em 1887, cuja teoria mais tarde fundamentou o desenvolvimento do telégrafo, do rádio e da televisão, ampliando a forma de comunicação e aproximando os povos.

O hertz, como ficou conhecida a medida que se refere a um ciclo por segundo, está representado pelo doodle abaixo e, antes que essa imagem ilustrativa e comemorativa saia do ar, me senti na obrigação de postar algo neste espaço de leitura e contexto.













Ocorreu-me de fazer a leitura da imagem em movimento e percebê-la como os ciclos de nossas vidas, que dançam ao longo da linha do tempo, coloridos, às vezes mais vivos, outras vezes mais apagados. Vida cheia de altos e baixos, por vezes períodos mais longos, outras vezes mais curtos. Se soubermos fazer a leitura certa de cada um deles, tirando exemplos e aproveitando as lições de cada contexto, para aplicarmos nos próximos ciclos que virão, com certeza estaremos cumprindo os desígnios da vida e mais maduros e preparados ficaremos para enfrentar o desconhecido vindouro, seja um mega-hertz ou um giga-hertz.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Um (dois) retrato(s) e dois contextos arquivísticos

"Após séculos, farsa sobre retrato de mulher de Lincoln é revelada

Segundo especialistas e restauradores, retrato de Mary Todd Lincoln e a comovente história por trás da pintura são falsos

The New York Times | 20/02/2012 07:01


Durante 32 anos, um retrato de Mary Todd Lincoln, ex-primeira-dama dos EUA de 1861 a 1865, esteve pendurado na mansão do governador em Springfield, Illinois, assinada por Francis Bicknell Carpenter, um pintor famoso que viveu na Casa Branca durante seis meses em 1864.



 

A história por trás da imagem era intrigante: Mary Todd Lincoln pediu que Carpenter secretamente pintasse o seu retrato para que ela pudesse fazer uma surpresa para o presidente, Abraham Lincoln (1861-1865), mas ele foi assassinado antes que ela tivesse uma oportunidade de dar seu presente.

Agora, segundo especialistas, aparentemente tanto o retrato quanto a história que está por trás dele são falsos.
 
A tela, que foi comprada pelos descendentes de Abraham Lincoln antes de ser doada à biblioteca histórica do Estado na década de 1970, foi revelada como uma farsa quando foi enviada para um restaurador para que fosse limpa, disse James M. Cornelius, curador da Biblioteca e do Museu Lincoln em Springfield. O museu pretende apresentar as suas conclusões em uma conferência no dia 26 de abril.
 
[...]
 
O retrato restaurado não será devolvido para a mansão do governador, disse Cornelius. A pintura original da mulher desconhecida deve ser pendurada na biblioteca de Lincoln. Ela perdeu a maior parte de seu valor (que estava assegurado valendo US$ 400 mil), disse, mas ainda vem com uma história intrigante. E essa história tem a vantagem de ser verdadeira."

Por Patricia Cohen



Depois de ler a matéria completa é possível tecer alguns comentários acerca dos eventos arquivísticos que permeiam nas entrelinhas.
 
A matéria e todo o seu contexto se revestem de um arsenal de informações e estão carregados de conceitos da Arquivista, do que seria, do que não foi e do que é, e assim constroem e reconstroem o contexto arquivístico dessa obra. De verdadeira, quando habitou por 32 anos a mansão do governador em Springfield, a falsa,  quando descoberta pelo conservador independente, especialista em obras de arte. 

O período em que arrastou com ela uma história acerca de sua concepção é tempo por demais para ser desprezado e não considerados os olhares, as atenções, a notoriedade, os cuidados e tudo mais que girou e se debruçou diante dessa suposta primeira dama.

Até então, considerado como verdadeiro, segundo a Arquivística, o quadro durante esse período manteve sua organicidade, respeitando o princípio da proveniência, ou seja suas ligações, relações e hierarquia com o agente produtor, a primeira Dama Mary Lincoln e, indiretamente, o Presidente Lincoln.

Com o advento da descoberta da fraude e redescoberta da imagem verdadeira, feriu-se o princípio da integridade, pois a obra foi "adulterada", isso se fizermos a leitura da imagem anterior que era pública. Ao mesmo tempo renasce um novo contexto arquivístico, uma nova história, agora, não mais de uma mulher importante, mas, de uma desconhecida. Portanto, neste caso, é retomada a ordem original da peça com suas características.

O quadro perdeu seu valor de mercado, no entanto, continua com uma história intrigante, que ganhará novos fatos, será objeto de novas especulações e terá uma nova leitura, dando novo rumo ao contexto arquivístico.