Estou a admirar a minha própria arte. Uma estante velha e enferrujada saiu da área de serviço e está habitando agora o estar superior. Nada como uma pintura de esmalte sintético marrom, 6 metros de grega e laterais em compensado sucupira para dar um toque especial e refinado. Uma nova leitura faço agora dessa estante, não mais aquela peça sem atrativo e até sem valor. No seu novo contexto há requinte e arte.
Espaço para registrar ações, fatos, escolhas e decisões do cotidiano, que, para serem compreendidas, dependem da leitura que se faz e do contexto em que se vive, na Biblioteconomia, na Arquivologia, na natureza, na família e no dia a dia.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Do serviço para o estar
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Amiga do Banco
Na sexta-feira última, véspera de Carnaval, fui obrigada a ir a um banco sacar meu salário, na "boca do caixa" pela falta do cartão salário (até então era depositado em outro estebelecimento). Lugar de pessoas conhecidas, velhas colegas de trabalho de outros tempos, de outro banco, de outro contexto. Banco para o qual me dediquei por 15 anos. Hoje dele restou apenas o "B" inicial, pois o espaço de outrora, reformado e transformado, sinalizado com os novos padrões, com a nova marca, reflete apenas a frieza do mundo monetário e a distância que deve permanecer entre funcionários e clientes, com presença nemhuma. Das que encontrei, nenhuma se interessou pelo meu problema, pelo contrário, distância... e olha que tinha gerente pelo meio! Mas, eis que de lá de fora, do local mais desumano, pois é povoado de máquinas do tipo cash de auto-atendimento, surge no meio daquela azáfama de tarde, uma pessoa tão sorridente e tão tranquila, uma colega, por que não dizer uma amiga, para primeiro me comprimentar e depois me prestar ajuda. Na sua jaqueta de trabalho o estigma da ajuda. Terá sido esse o motivo? Claro que não, ela o fez profissionalmente, mas, sobretudo humanamente, ou melhor, amigavelmente. A amiga resolveu meu problema, dos prováveis 60 minutos que passaria naquela instituição, enfrentando uma fila quilométrica de 7 sete voltas, apenas 10 foram suficientes. Diante da leitura dos fatos só posso concluir que apesar do contexto ter mudado, amiga de verdade é essa que permanece como tal.
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domingo, 14 de fevereiro de 2010
Pesquisa Científica
Resumo da minha monografia "Velho arquivista": elo perdido da memória arquivística organizacional, apresentada para obtenção do título de Especialista em Pesquisa Científica, pela Universidade Estadual do Ceará, em janeiro/2009, com conceito satisfatório.
Orientador: Prof. Dr. José Clerton de Oliveira Martins
Banca: Profª. Drª. Mônica Façanha Farias e Profª. Drª. Virgínia Bentes Pinto
RESUMO
A pesquisa “Velho arquivista”: elo perdido da memória arquivística organizacional procurou investigar como se dá o resgate da memória arquivística organizacional a partir das ações do “velho arquivista”. Buscou-se nas organizações o espaço da pesquisa e nos arquivos o lugar onde atua a figura dos seus sujeitos, no caso, o “velho arquivista”. O trabalho propõe a interdisciplinaridade da Administração com a Arquivística, adentrando-se na Cultura Organizacional e em suas variáveis, que propiciam estabelecer estereótipos para os membros dos grupos, culminando no personagem da pesquisa. A pesquisa teve natureza descritiva qualitativa e utilizou como instrumento de coleta de dados a entrevista semi-estruturada, com aporte da observação simples e da análise do ambiente, levando a inferir que o arquivo é lugar de memória e o “velho arquivista” é agente promotor da memória arquivística organizacional, porque guarda, acessa, resgata e preserva, utilizando recursos muito peculiares a sua experiência acumulada, que vão de encontro aos princípios e as técnicas da Arquivística, mesmo que de forma alegórica e singular. Verificou-se que a cultura organizacional das empresas pesquisadas tende para a variável de sentimentos, em que se percebeu a valorização sazonal do sujeito “velho arquivista” e a ausência tecnológica para transformar insumos em bens ou serviços.
Palavras-chave: arquivística; arquivos; cultura organizacional; estereótipo; memória arquivística organizacional; organizações.
Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/82867655/Velho-arquivista-elo-perdido-da-memoria-arquivistica-organizacional
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sábado, 13 de fevereiro de 2010
No meu jardim
Hoje estava a contemplar o meu jardim deitada numa rede amarela e percebi a presença de certos companheiros indesejados, certos mosquitinhos, que voavam e perturbavam a minha face, tirando o meu sossego. Mas logo percebi que, enquanto eu detestava aquela inquietude, habitantes do meu jardim adoravam aquela situação, lançando-se em mergulhos no ar para bicá-los e assim apreciar um cardápio variado, propício de uma entardecer que prometia chuva. Deparei-me com bem-te-vis, rouxinóis, beija-flores, bicos-de lacre, andorinhas, sanhaçus, rolinhas caldo de feijão, sebites e lavandeiras, claro, além dos pardáis, frequentadores assíduos, inclusive com direito a moradia fixa. Apesar do tempo ter ficado úmido, do ensaio de chuva, ela não veio, mas foi o suficiente para tamanho espetáculo, ao ponto de descerem no gramado e passearem livremente, uns misturandos-se com os outros, sem qualquer discriminação. Alguns preferiram ficar ao alto nos arbustos ou mesmo na grade do muro e fios da rede pública próximos. Flagrei a delicadeza do rouxinol com seu andar saltitante e nativo dar de encontro com o passear calmo e doméstico das rolinhas, habitantes de ninhos por todos os lados. O beija-flor tesoura azul escuro apenas fez a sua rotina habitual, sugando o nectar das lágrimas de Cristo. Amei tudo isso e dei graças a Deus pelos mosquitinhos. Descrevi essa maravilha para ressaltar a questão do contexto, de onde consigo fazer três leituras: na primeira, a minha inquietação, na segunda, o deleite dos pássaros e, na terceira, que posso dizer ser um contexto recriado a partir dos dois primeiros, a minha contemplação, dando margem ao esquecimento do que me tirava o sossego.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
"Pense no contexto" e "Faça por merecer"
Assistindo ontem ao filme "O resgate do soldado Ryan", me dei conta de um trecho em que o Ryan, afastado da família há dois anos em combate, diz não lembrar mais dos rostos dos seus irmãos mortos no front e o Capitão John Miller, interpretado por Tom Hanks dialoga com ele dando-lhe a fórmula para relembrar: "pense no contexto". Foi então que, no meio a tanta melancolia e tristeza, o jovem soldado, sem se dar conta, inicia uma narração de passagem em família, envolvendo seus irmãos com tamanha felicidade em situação totalmente adversa ao momento. Com certeza, nesse instante ele teve a lembrança dos seus rostos. Mais adiante, no confronto final do filme, o Capitão é atingido e, vendo o desespero do rapaz pelo peso da responsabilidade por ele ser o motivo de sua missão, diz: "Faça por merecer, Ryan". E ele o fez, vivendo dignamente em família. São duas passagens do filme que identificamos o poder da leitura e do contexto.
domingo, 7 de fevereiro de 2010
Família reunida
Domingo é dia de reuniar toda a família. A semana, incluindo-se o sábado, é por demais atribulada para que se consiga esse feito, claro que me refiro à totalidade dos membros. Fazendo a leitura desse momento, vejo minha cara metade, seguindo meu exemplo, navegando e fazendo seus escritos, os rebentos a discutirem amistosamente qual filme é o da vez. Há gostos bem diferenciados, mas sei que chegarão a um concenso sem maiores problemas. Enfim, esse é o dia da minha predileção, mesmo que ao cair da tarde venha aquela agústia, ou sei lá o que, natural do encerramento de mais um fim-de-semana. O bom é que sabemos que num piscar de olhos estaremos novamente nesse mesmo dia da semana, claro num novo contexto, em que as ações podem ser diferentes e eu estarei a fazer uma nova leitura.
Encontro matinal
Hoje estou com minha mãe poetiza a selecionar e organizar suas poesias para futura publicação. Suas poesias são bem contextualizadas, representam momentos vividos, experiências pessoais, pontos de vista e outras formas diversificadas.
sábado, 6 de fevereiro de 2010
Poesia: Verdadeira união
Verdadeira união
Mario e Ana,
A chuva cai,
Penetra no chão,
Infiltra-se
Por milhares de grãos.
A chuva que caiu dispersa
Depressa
Encontra-se
Longe da vista
De todos,
Quase na profundeza
Da terra.
Dá-se a união.
Nasce o lençol d'água,
Que vem à superfície
Em formas diversas,
Fonte,
Rio,
Riacho,
Que depois sobe
Pela evaporação.
Forma nuvens,
Que depois
Caem no chão...
Assim á a sequência
Da verdadeira
União.
28/01/1981
Poesia de minha mãe Maria da Conceição Farias, concebida em 28/01/1981, dois dias depois do meu casamento.
Ocorreu-me de buscar esse escrito em função dos 30 anos de casamento de minha irmã, momento comemorado em família, em que foi lida, com excelente impostação e firmeza de voz de minha mãe, a poesia que ela também fizera para o casal nubente.
No próximo ano também chegaremos lá!
sábado, 30 de janeiro de 2010
Arquitetura à frente dos tempos
"Controle e desenho do espaço habitado". Quem fez isso tão bem em tão pouco tempo, com idéias bem avançadas a ponto de não serem aceitas para o contexto da época?
Arquiteto José Armando Farias, meu pai. Posso citar uma delas, na década de 70, como o transplante de carnaubeiras adultas para embelezar com motivo regional o canteiro central da Avenida Luciano Carneiro e assim encantar os que visitassem Fortaleza. Na verdade a ideia só seria implantada bem mais adiante, na Avenida Monsenhor Tabosa.
Arquiteto José Armando Farias, meu pai. Posso citar uma delas, na década de 70, como o transplante de carnaubeiras adultas para embelezar com motivo regional o canteiro central da Avenida Luciano Carneiro e assim encantar os que visitassem Fortaleza. Na verdade a ideia só seria implantada bem mais adiante, na Avenida Monsenhor Tabosa.
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José Armando Farias
Ser útil
Sentir-se útil é confortador, é o reflexo da sua atuação. Na sociedade em geral, é proporcionar aos outros a sua parcela de contribuição de forma natural, fazendo acontecer as ações na medida em que são solicitadas, conforme o contexto.
Ajudar ao próximo, oferecer informação, compartilhar sofrimento, fazer a leitura correta do que ele precisa... Os que vão de encontro a essas ações, os voluntários, trabalham na vanguarda das necessidades, são pessoas mais disponíveis e desprendidas materialmente.
Ajudar ao próximo, oferecer informação, compartilhar sofrimento, fazer a leitura correta do que ele precisa... Os que vão de encontro a essas ações, os voluntários, trabalham na vanguarda das necessidades, são pessoas mais disponíveis e desprendidas materialmente.
No trabalho, é fundamental, pois representa o retorno do seu esforço profissional. O caso não é apenas a sensação do dever cumprido, mas sobretudo se este dever foi executado de forma correta, com ética e qualidade, o que denominamos profissionalismo. Ser útil no trabalho garante a sua empregabilidade.
De qualquer forma dê a sua parcela de contribuição, ambas são necessárias. A sociedade cresce e agradece!
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Novo olhar
O que é o novo olhar senão uma questão de leitura e contexto!
Passado o tempo, com uma nova oportunidade de refletir, de repensar as ações, nos deparamos com um novo olhar para situações já vividas que tiveram certas soluções em função do que requeria o momento. Da mesma forma escritos são reformulados a cada nova leitura e, mesmo dados como encerrados em certo momento, com certeza, no futuro, se relidos pelo autor, haverá a constatação: Teria ficado melhor se eu... Eu deveria...
O que é isso senão a onda do mar, que renova a praia a cada ida e vinda!
O que é isso senão a própria vida vivida conforme nossos caminhos e escolhas!
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Archives and Libraries
Quais espaços mais envolventes, curiosos e cativantes do que os arquivos e as bibliotecas?
Dentro da complexidade, a capacidade de se ter tudo com simplicidade, facilitando a busca do que se procura. Dentro de tantos metros lineares de variedades de documentos e livros, informações tão preciosas que atendem às peculiaridades dos consulentes. Dentro do processo paulatino de classificar e indexar cada documento e livro, a chance de tê-los às vistas de um jeito rápido e eficiente. Dentro da seriedade que requer os respectivos ambientes, a amistosidade dos atendentes. Dentro do acervo antigo, o conhecimento novo que adquirimos para o nosso dia-a-dia. Dentro de estruturas tão seculares, a renovação de interesses diários para curiosos, alunos, professores e pesquisadores.
Paradoxal?
Mais do que isso, espetacular, sensacional, incrível. Instituições que devem ser respeitadas na sua natureza e essência. Claro que ambas passaram por mudança de contexto, mas mesmo depois de séculos de existência permanecem úteis e imprescindíveis à Humanidade.
Você já precisou dos serviços de biblioteca e arquivo?
Eu faço parte desse universo.
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Repouso merecido
Cumprimento de metas e prazos, projetos elaborados, propostas apresentadas, palestras ministradas, visitas realizadas, enfim, trabalhos concluídos!
E agora? Repouso merecido... Onde?
Praia, serra ou sertão?
Carro, ou avião?
Uma questão de contexto!
Com certeza a melhor decisão.
E agora? Repouso merecido... Onde?
Praia, serra ou sertão?
Carro, ou avião?
Uma questão de contexto!
Com certeza a melhor decisão.
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domingo, 10 de janeiro de 2010
Vencer!
Parecia interminável, parecia impossível, mas, cada passo foi uma conquista, e, devagarinho, foi se conquistando e percebendo que é só começar, tentar, resistir, insistir e terminar. O contexto ajuda, porque se você teve a sabedoria de criá-lo, a questão é só respeitá-lo. E, no fim, a leitura foi perfeita!
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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Arquivista & Bibliotecário
Registros documentais ocorrem a toda hora. Fotos, cartas, sons, documentos administrativos, comerciais e judiciais. Inclusos neles estão os atualíssimos documentos eletrônicos de toda sorte. Todos eles servem de prova documental quando conseguem se manter autênticos e íntegros e guando são localizados em tempo hábil, para a ocasião que lhes espera. O grande problema é que com a geração seriada sem a devida gestão, acumulam-se, prejudicando a recuperação e a conservação. Se você ou sua empresa está passando por essa situação, contrate um profissional da área, ele tem a solução!
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Biblioteca Mercado Cultural
Prática, acessível e democrática, a Biblioteca Mercado Cultural oferece informação, cultura e lazer. É o público e o privado agindo juntos para a sociedade ler, conhecer e aprender.
Grátis!
Grátis!
Procure uma loja da Super Rede.
Projeto da Faculdade CDL em parceria com o Governo do Estado do Ceará e com a Super Rede.
Eu faço parte!
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terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Criatividade e Inovação
Qualquer pessoa em qualquer lugar pode ser criativa, mas as novas idéias fluem melhor se o ambiente propicia e nutre a criatividade. As novas idéias podem ser decorrentes de um pensamento imaginativo ou da combinação de vários deles, ou ainda das experiências de um grupo.
Até bem pouco tempo, a criatividade era ainda vista pelas empresas como algo intangível, destinado a poucos gurus. Algo reservado a artistas, pessoas incomuns e gênios. As pesquisas e estudos desenvolvidos nesta área sinalizam em direção a retomada da criatividade como uma disciplina que pode ser desenvolvida e aprendida, possibilitando a todos os profissionais o acesso à sua prática.
Embora haja uma certa confusão entre criatividade e inovação, de uma forma bastante simples, a criatividade pode ser resumida no processo de desenvolvimento de novas idéias e, a inovação, na implementação destas idéias em uma solução rentável ou de valor agregado. Criatividade é o pensar, inovação, o implementar. A Inovação não se restringe a produto/serviço, mas pode ser também considerada em contextos maiores e mais complexos, que antecedem a sua existência.
Fazer a leitura certa da ideia dentro do seu contexto é propiciar a inovação.
Até bem pouco tempo, a criatividade era ainda vista pelas empresas como algo intangível, destinado a poucos gurus. Algo reservado a artistas, pessoas incomuns e gênios. As pesquisas e estudos desenvolvidos nesta área sinalizam em direção a retomada da criatividade como uma disciplina que pode ser desenvolvida e aprendida, possibilitando a todos os profissionais o acesso à sua prática.
Embora haja uma certa confusão entre criatividade e inovação, de uma forma bastante simples, a criatividade pode ser resumida no processo de desenvolvimento de novas idéias e, a inovação, na implementação destas idéias em uma solução rentável ou de valor agregado. Criatividade é o pensar, inovação, o implementar. A Inovação não se restringe a produto/serviço, mas pode ser também considerada em contextos maiores e mais complexos, que antecedem a sua existência.
Fazer a leitura certa da ideia dentro do seu contexto é propiciar a inovação.
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Reflexões
Compreensível contextualmente
Em Arquivologia, o contexto de formação dos arquivos é fundamental para sua compreensão e está intrinsicamente ligado à importância de respeito aos fundos que Michel Duchein ressalta em "O Respeito aos Fundos em Arquivística: princípios teóricos e problemas práticos", da revista Arquivo & Administração,1982, fazendo uma analogia ao sítio arqueológico, quando as peças resgatadas nas escavações eram extraídas de seu contexto e encaminhadas isoladamente para museus, desfazendo dessa forma toda a relação que existia entre elas. Da mesma forma o documento retirado do seu contexto original (fundo) perde a efervescência de significados e de leituras, induzindo a compreensões vagas e/ou distorcidas.
Como se vê o trabalho do arquivista é subjetivo, é contextual, é circunstancial, é memorial, é arqueologizável. Um arquivo é um mundo que se constitui de forma cumulativa e não intencional, ou seja, ele vem se compondo a partir da geração e recebimento de documentos que registram os fatos administrativos e afetam a vida da organização. Portanto, não há uma pré-concepção e por isso a ordem que dá sentido a ele não está pré-estabelecida. Não há rigidez, há sim um entendimento para uma melhor classificação, implicando num trabalho reflexivo, onde a investigação é constante em torno do que está escrito e também do que não está. É um trabalho arqueológico, conforme Michel Foucault também ressalta em "A Arqueologia do saber", 2007, p. 147, que transcrevo a seguir:
O arquivo é, de início, a lei do que pode ser dito, o sistema que rege o aparecimento dos enunciados como acontecimentos singulares. Mas o arquivo é, também, o que faz com que todas as coisas ditas não se acumulem indefinidamente em uma massa amorfa, não se inscrevam tampouco, em uma linearidade sem ruptura e não desapareçam ao simples acaso de acidentes externos, mas que se agrupem em figuras distintas, se componham umas com as outras segundo relações múltiplas, se mantenham ou se esfumem segundo regularidades específicas.
O conceito de arquivo de Foucault revolucionou o entendimento para o formato de organização dos corpus a serem analisados, agora não mais vistos de forma linear e cronológica, mas sim a partir da diversidade, da temática e do discurso, tornando o arquivista um agente de formação da memória.
Portanto, mais leitura e contexto!
Ponto de referência
Para tudo precisamos de um referencial. Se vamos analisar uma distância é necessário sabermos o ponto de partida, se vamos fazer uma comparação, também é necessário termos o elemento que servirá de referência, pois do contrário, a leitura poderá ser errônea. Mudando o contexto, mudamos o resultado final.
Como exemplos podemos citar o "Marco Zero", na Praça Rio Branco, em que "as distâncias no Recife são medidas a partir desse ponto", e um ponto do plano cartesiano que é formado por um par ordenado (x, y), onde x é a abscissa e y é a ordenada, se alterarmos x ou y, fatalmente estaremos criando outro ponto.
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sábado, 2 de janeiro de 2010
Memória e memórias
Retemos aquilo que de alguma forma nos impressiona, nos comove ou nos agride e desperdiçamos o que não nos interessa, para, de uma forma imperceptível, registrar esses fatos e só buscá-los em função de alguma força maior externa. Através da memória o homem interpreta e compreende sua própria história e evolução, fatos, pessoas e lugares, que num determinado tempo fizeram parte de sua existência, contribuindo para a construção de sua identidade. É a memória que permite a sobrevivência social dos povos, mediante a sucessão de gerações, de costumes e tradições e a falta dela pode ocasionar o esquecimento das origens, o que pode comprometer o presente e o futuro. Analisando essa questão e fazendo a leitura dos aspectos da memória, verificamos os seguintes contextos:
- A memória que existe = aquela que está ao alcance da pessoa/comunidade a que pertence;
- A memória que se perde = aquela resultado do abandono, do descaso, da falta de registros ou simplesmente aquele que se deixou esquecer;
- A memória que se resgata = aquela que se recuperou e passou a dar sentido e significado à existência anterior de um povo;
- A memória da memória = aquela que se resgatou, que se preservou e se eternizou, proporcionando a criação de novas memórias.
O que você está fazendo para preservar a sua e a nossa memória?
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