quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Novamente Gabriel Perissé em Leitura e contexto

Trago na íntegra o artigo de Gabriel Perissé publicado na edição de junho de 2012, da revista Profissão Mestre. Fiz a leitura e não hesitei em postar aqui, neste espaço de leitura e contexto, tem tudo a ver.

O artigo é muito oportuno, pois chama a atenção para atitudes e posturas negativas em relação à prática da leitura, que ocorrem no cenário didático pedagógico brasileiro e mostra que é possível reverter a situação, sugerindo no final livros adequados conforme o contexto: "[...] temos de sugerir livros e textos relacionados ao que está acontecendo ao nosso redor.."

Em postagem anterior, fiz pequeno comentário acerca de outro livro de Perissé, Ler, pensar e escrever, o qual não é citado no rodapé desse artigo, mas que vale a pena ser lido para completar o tema.

Também em postagem anterior, trouxe o livro História universal da destruição dos livros, de Fernando Báez, que trata da destruição física do livro, o "livrocídio direto", de que fala Perissé.

Direto ou indireto, leituras se completam e geram conhecimento.












  



Vamos ao artigo de Perissé!  











10/08/2012 15/08/2012
Livrocídio
Gabriel Perissé


O livrocídio direto consiste em queimar bibliotecas, fechar editoras e censurar escritores. É assim que se destrói um país, um povo, uma cultura. Muitos livros foram eliminados antes e depois de guerras, genocídios e perseguições políticas e religiosas.
No entanto, há formas menos evidentes de livrocídio. Tornar a leitura insuportável é também assassinar o livro, a longo prazo. Sufocando a leitura pouco a pouco, mata-se o livro... silenciosamente.
Podemos, numa sala de aula, matar a vontade de ler de nossos alunos? Podemos. Não é necessário, para isso, rasgar as páginas de um livro ou falar mal do autor! Basta fazer da leitura uma obrigação desagradável, improdutiva e estressante.
Nossas intenções são sempre as melhores. Ansiamos que nossos alunos sejam leitores plenos. Os métodos é que estão equivocados.
Um desses equívocos é nos preocuparmos mais com as provas e testes sobre a leitura e menos com o desenvolvimento dos próprios leitores. Se avisamos que a leitura obrigatória será objeto de perguntas (capciosas, difíceis) na primeira aula da próxima segunda-feira, que bela e entusiasmada leitura nosso aluno fará no final de semana!
As provas e testes produzem leitores padronizados. A leitura deixa de ser exercício intelectual, viagem imaginativa, ocasião de descobertas e autodescobertas, para se tornar manual de instruções. O leitor deverá dar a resposta certa. Ou será punido!
A principal consequência desse equívoco didático é aniquilar o interesse pela leitura, substituído agora pela necessidade de conseguir uma boa nota. Essa história já é tão conhecida... E o final jamais é feliz.
Outro equívoco: insistir na leitura de textos e obras que não dialogam com o universo dos alunos. É claro que José de Alencar, Machado de Assis, Clarice Lispector, José Lins do Rego, Manuel Bandeira, Cecília Meireles e Guimarães Rosa devem ser lidos. Na hora certa! E esta hora não é necessariamente a do ensino médio.
Outro equívoco que promove o livrocídio: fazer a desleitura dos livros. A desleitura solicita resumos (que se copiam de vários sites da web), prende-se em demasia à biografia do autor e ao contexto histórico, repete as interpretações já consagradas, transforma o livro em meio e não numa finalidade (prazerosa) em si. Tal desleitura afasta os leitores dos livros. E estes, abandonados, cometem livrocídio coletivo!
Existe algo mais desanimador para uma criança ou adolescente do que as eternas fichas de leitura, que querem fixar a leitura? Que ideia fixa é esta? Queremos fixar ou libertar? Parodiando Adélia Prado: “eu leio um livro para ver se me livro!”
Os livros podem ser uma bela paisagem para o aluno contemplar, visitar, explorar e recriar. Mas se apresentarmos essa paisagem por uma janela estreita, a visão se limita, a visita se impossibilita, não haverá exploração ou recriação alguma. Apresentar a literatura e outros textos pela janela deprimente de uma prisão faz da leitura tarefa sufocante. Os nossos alunos veem a leitura nascer quadrada. E sonham fugir para mundos melhores.
Para que serve a leitura, afinal? Como trazer os livros para a vida das crianças e dos jovens? Como tornar a escola um lugar onde os livros vivam e deem intensidade às nossas vidas?
A leitura nos ajuda a sermos intérpretes originais do nosso cotidiano, e deve se tornar tema de animadas discussões em sala de aula. Para isso, temos de sugerir livros e textos relacionados ao que está acontecendo ao nosso redor.
Obras e autores clássicos não estão excluídos. Contanto que saibamos atualizá-los, vinculando-os aos problemas que preocupam a todos, aqui e agora.

Texto publicado na edição de junho de 2012 da revista Profissão Mestre. Deixe seu comentário na seção Voz do Leitor.

 



Ele está de volta! II




Ele ainda não tinha dado o ar da graça em 2012, mas, eis que o lagarto iguana verde aparece no último domingo, 12/08, tomando sol em um tronco de xaxim, que hospeda uma espécie de cipó imbé (Philodendron imbe Schott). No meio das palmeiras, chefrela gigante, dracena e flor Panamá, exibe seu jovem couro, ainda gozando do tom forte de verde, que favorece muito a camuflagem junto aos vegetais. 

Passou horas na mesma posição, se deixando fotografar.




Chegou a sombra...






Mais adiante, correu pela grama do jardim, ficou ao pé do muro, junto aos mini lacres.




Depois fez parada na folhagem do ibisco, aliás, é o alimento de sua predileção, adora a flor. 

No contexto todo verde, vale o disfarce. Onde está o Iguana? Faça a leitura e ache se puder!





No meu jardim tem dessas coisas!


domingo, 12 de agosto de 2012

Pais da Biblioteconomia

Elejo os Pais da Biblioteconomia, segundo a leitura e o contexto, e teço algumas considerações, a partir das informações disponíveis na grande rede. 

Inicio com Calímaco de Sirene (310 a.C.-240 a.C), na Antiguidade, professor, gramático, poeta, mitógrafo grego, bibliotecário e diretor da Biblioteca de Alexandria, com o feito de organizar o primeiro catálogo sistematizado, organizando 490.000 rolos de papiros, para elaboração de um catálogo por assunto, onde constariam por essa ordem, os nomes dos autores alfabeticamente organizados. Considerando o contexto da época, Calímaco iniciou, assim, a ordem do caos. Antes dele, somente por sorte alguém seria capaz de encontrar um texto específico. 
***

Passo agora para São Jerônimo (348-420), nos fins da Antiguidade, o Santo Doutor da Igreja Católica, que traduziu a Bíblia do grego antigo e do hebraico para o latim. Essa edição foi denominada Vulgata, que é o texto oficial da Igreja Católica, originando-se dela outras traduções em línguas românicas. Há fontes que o considera o santo padroeiro dos Bibliotecários, pelo grande leitor que foi, pela excelente memória que tinha, por ter a maior biblioteca pessoal da Roma Antiga e pela ajuda em estabelecer a biblioteca papal em Roma, no século IV.
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No meio da Idade Moderna surge um novo pai, Gabriel Naudé (1600-1653), agora mais preocupado com a profissão e com o profissional decorrente dela, libertando os livros da prisão, abrindo a biblioteca para o público, tornando-a mais dinâmica, sobretudo com a atuação do bibliotecário, que passou a se voltar para a orientação da leitura. 
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Retomo a paternidade com Melvil Dewey (1851-1931), bibliotecário norte-americano, responsável pela Classificação Decimal Dewey-CDD, que tanto estudamos nos bancos acadêmicos, para aplicar na prática bibliotecária de classificar livros e alocá-los por assuntos nas estantes. O sistema é decimal, contendo 10 classes principais, 100 divisões e 1000 seções, obedecendo a uma hierarquia, foi tão difundido quanto modificado e expandido, existindo hoje mais de 20 edições. As bibliotecas da atualidade ainda utilizam a CDD. 
*** 

Paul Otlet (1868-1944), foi um pai visionário! Autor, empresário, advogado e ativista da paz belgo, criou a Classificação Decimal Universal-CDU, instrumento que foi baseado na CDD, acrescentado de sinais para auxiliar nas facetas, necessárias para especificar as particularidades do documento. O autor teve a visão de uma grande rede de documentos para possibilitar as pesquisas de várias partes do mundo, com equipe especializada para o atendimento. 
*** 

Passando pelo Brasil, encontro um pai brasileiro. Bastos Tigre (1882-1957), o primeiro bibliotecário por concurso no Brasil, exercendo a função por 40 anos e é por isso que a data de seu nascimento, 12 de março, é considerada o Dia do Bibliotecário, instituído pelo Decreto nº 84.631, de 12 de abril de 1980. Bastos Tigre também foi engenheiro, jornalista, poeta, compositor e humorista. 
*** 
Finalizo com o pai mais novo: Ramamrita Ranganathan (1892-1972), bibliotecário da Índia, que estabeleceu as cinco leis da Biblioteconomia há mais de 40 anos e continuam válidas e aplicáveis na atualidade: 

1. Os livros são para usar; 
2. A cada leitor seu livro; 
3. A cada livro seu leitor; 
4. Poupe o tempo do leitor; 
5. A biblioteca é um organismo em crescimento. 


Pai atemporal



Pai ontem, hoje e sempre, pai é pai, pai atemporal. Mesmo ausente fisicamente, está presente na nossa mente. Pai que vem e vai, independente do contexto, pai maioral, elo da corrente, pai universal. 

Pai natural ou pai do coração, pai que gerou, pai que criou, neste dia de comemoração, parabéns a todos os pais: os incipientes, os em expansão e os experientes, qualquer que seja a leitura, afinal, pai é pai.

Saudação ao pai que é filho, ao filho que é pai, ao pai do pai, ao Meu Pai, ao Pai dos Meus Filhos, com a glória do Pai Celestial!



segunda-feira, 30 de julho de 2012

Inovação: a arte de Steve Jobs


Inovação: a arte de Steve Jobs, ou, em outras palavras, a arte de inovar, inovar pela arte, inovar com arte ou ainda inovar é uma arte, tudo sobre os princípios, orientações e verdades do grande Steve Jobs

O livro é um roteiro totalmente factível, para ser seguido por "qualquer um" com vistas à inovação, não querendo dizer que é um modelo chapado, pois há várias aberturas, elementos que tangenciam e alternativas exponenciais, que devem ser conduzidas com muita propriedade e particularidade pelo candidato a inovador, de acordo com o seu contexto.

Resumindo e fazendo a minha leitura dos princípios reunidos por Carmine Gallo, temos:

Princípio 1: faça o que você gosta
Dedique-se certeiramente

Princípio 2: cause impacto no universo  
Enxergue o que é preciso mudar e trabalhe para isso

Princípio 3: ponha seu cérebro para funcionar  
Não pare de pensar, as chances são maiores para criar. Pense, pense e pense

Princípio 4: venda sonhos em vez de produtos   
Preencha as lacunas, antevendo as demandas das pessoas

Princípio 5: diga não para mil coisas 
Para o que você pensou, o faça de forma simples

Princípio 6: crie experiências incríveis 
Ofereça o algo mais, surpreenda

Princípio 7: domine a mensagem      
Saiba como dar o recado


Acredito que durante sua curta permanência nesta vida, Steve Jobs esteve com sua mente ocupada, trabalhando para mudar.

E você, já inovou em seu ambiente de trabalho? Siga os princípios de Steve Jobs.



domingo, 22 de julho de 2012

Explorar a leitura e a escrita: simplesmente simples



Simplesmente simples, qualquer professor que atua em qualquer escola pode realizar essa atividade junto aos seus alunos e obter um excelente resultado. A matéria veiculada no Jornal O POVO de 21/07/2012, dá a dica, é só aplicar sistematicamente e ver o resultado positivo.
 
Além de explorar a leitura e a escrita, a atividade tem riqueza de contexto, pois cada matéria tem suas peculiaridades e cada um tem suas curiosidades, que, por sua vez, conduzem a outras informações, provocando o aluno e o professor a pesquisar e a fazer novas leituras.

Vale a pena destacar abaixo, até porque tem tudo a ver com a postagem anterior de Leitura e Contexto.



LEITURA E ESCRITA 21/07/2012 - 23h12

Aprendendo com os gêneros textuais

Há muitas discussões de como trabalhar gêneros textuais na sala de aula. Com o avanço da tecnologia e suas mídias, a escrita cursiva está ficando fora da rotina de vários alunos. Na sala de aula, comprovamos a grande resistência dos alunos em participar de atividades que envolvam leitura e escrita.


Alunos aprendem por meio das informações encontradas no jornal impresso.

Pensando nisso, a professora Urania Alves realizou um trabalho com os alunos da Escola Doutor Carlos Alberto de Almeida, localizada no município de Pacatuba/CE. A educadora utilizou os gêneros textuais encontrados no jornal impresso, para estimular os estudantes a alcançar uma maior compreensão de mundo e realizou as mais variadas atividades lúdicas, produções textuais ilustrativas, seminários e jogos. Acompanhe, no passo a passo, como você professor, pode realizar a mesma atividade em sua escola.

Conteúdo:
Leitura;
Produção textual.

Objetivo
Desenvolver a leitura e escrita;
Desenvolver o senso crítico através da leitura do jornal;
Ampliar o conhecimento prévio;
Materiais necessários:
Exemplares de jornal;
Caderno;
Lápis;
Caneta.

DESENVOLVIMENTO

1º PASSO
Explique aos alunos que o ato de ler favorece uma melhor compreensão de mundo e que é de inteira importância para o domínio da língua oral e escrita, além de possibilitar uma melhor participação social.

2º PASSO
Apresente os elementos encontrados no jornal impresso: manchete, reportagem, notícia, charge, fotografia e legenda. Explique a função de cada um.

3° PASSO
Para a primeira aula, apresente aos alunos um texto que possibilita uma ampliação do vocabulário e também de novas ideias. Mostre, de preferência, um texto em que seja possível a possibilidade de um debate em sala de aula.

4° PASSO
Explique que durante a atividade será necessário realizar uma primeira leitura do texto, e logo em seguida refletir sobre alguns pontos. Peça para os alunos responderem as seguintes questões: Qual o objetivo do autor com o texto que foi escrito? Por que foi notícia no jornal? Quem são os personagens?

5º PASSO
O professor pode formular outros tipos de perguntas para os alunos. Lembrando que uma segunda leitura do texto precisa ser feita, para que uma melhor análise seja realizada.

FINALIZAÇÃO
Organize de forma diferenciada a sala de aula na hora da apresentação. Os alunos terão a oportunidade de comentar sobre que o leram e ainda poderá aprender com os comentários dos demais participantes.


Publicado originalmente em:

sábado, 21 de julho de 2012

Um remédio chamado leitura


Você não é mais o mesmo depois daquela dose de leitura que fez ontem. A mente se abriu para o desconhecido e, por algum motivo, abriu o apetite, desencadeou a vontade de buscar mais, mais e mais. Daí você tomou mais leitura, teve novas sensações, porque conheceu novos autores, frases e estilos. Agora usa mais vocabulário, já articula melhor as frases, se coloca para discutir certos assuntos antes não dominados. Confronta posicionamentos, sabe o diferencial entre um e outro e sabe usá-los em seus escritos, aprendeu também a referenciá-los e conhece a fala certa para a hora certa. O remédio fez bem, continua o tratamento sistemático, melhora a cada dia, descobrindo algo a mais, agregando valor a sua bagagem, que agora se multiplicou e já tem que ser dividida, pois sempre há alguém com quem compartilhar algo. E, com essa troca, seu desempenho responde bem, contribui para seu crescimento e do outro, gerando conhecimento. 

 
Leitura é cura, desperta sentimentos, abre caminhos, ilumina ideias ou "apenas" dá prazer e saber. 

Leitura é cura,  seja pelas entrelinhas, manchete, texto ou contexto e, quando dura, cresce e aparece.

Leitura é cura, quando tudo está fechado, escuro e obscuro, traz abertura, enriquece e fortalece.

Leitura é cura, espanta tristeza, vazio e amargura, aquece e rejuvenesce.




quinta-feira, 19 de julho de 2012

Pilares do arquivo


Seu arquivo funciona?

Em qualquer contexto faz-se necessário manter os quatro pilares do arquivo:
  • Acessibilidade = ter acesso fácil e sistematizado à informação.
  • Agilidade = conseguir de forma ágil a informação solicitada.
  • Confiabilidade = oferecer resultados de informação confiáveis.
  • Flexibilidade = estar propenso às mudanças necessárias, sejam elas em quaisquer esferas (tecnológicas, estruturais, organizacionais, etc.), trabalhando o passado, presente e futuro.



A figura é construção da autora deste Blog.


O desafio no cenário da gestão arquivística é ter o domínio e o acompanhamento da evolução das tecnologias da informação e comunicação, com vistas à implementação de sistemas e serviço de informação capazes de fomentar as atividades das empresas (planejamento, direção, organização e controle), quando se trata de informação de valor primário e, as demandas da sociedade, quando se refere aos arquivos históricos e permanentes, num diálogo constante entre arquivistas e usuários, sem perder de vista o aspecto humanístico e ético.

Fazer a leitura constante do arquivo e verificar se esses pilares estão sustentando o seu arquivo é fundamental para manter o sistema funcionando com eficácia.


Oportunidades e ameaças



“Quando o futuro torna-se menos nítido, quando a neblina desce, o horizonte previsível em que você confia fica cada vez mais próximo, nessas circunstâncias, é importante estar aberto a novas orientações. Você precisa levar em conta as oportunidades e ameaças e aprimorar a capacidade de resposta de sua organização”. (Igor Ansoff)

A assertiva cabe também para a nossa vida pessoal. 
Busque no seu contexto as duas dimensões da matriz (produto=você e mercado=vida), faça a leitura e desenvolva suas estratégias: adentrando, desenvolvendo e diversificando.

sábado, 14 de julho de 2012

Evolução dos arquivos: questão de contexto




Segundo Bautier, citado por Cruz Mundet (1994), a história da evolução dos arquivos é dividida em quatro períodos: a época dos arquivos de palácio, que corresponde em termos gerais à Antigüidade; a época dos cartórios, abarcando os séculos XII a XVI; a época dos arquivos como arsenal de autoridade, que se estende por todo o Antigo Regime, desde o século XVI ao século XIX; e a época dos arquivos como laboratório da história, desde o início do século XIX até meados do século XX. 

Fazendo diversas leituras e desenvolvendo cada período, conforme o contexto,  têm-se os trechos abaixo.
Na Antiguidade (Suméria, Grécia e Roma), os arquivos tinham a função de representar a gestão do poder e eram tidos como lugar de conservação de documentos autênticos. A necessidade de guardar os registros referentes a cobrança de impostos, empréstimos e inventários, ordens administrativas, tratados comerciais e políticos, decretos, plebiscitos, atas, contas públicas, leis, documentos judiciais e testamentos, era puramente prática e administrativa, fazendo com que existissem grandes depósitos, ora os próprios templos, ora construções denominadas especificamente como archeion, na Grécia e Tabularium, em Roma.



Tabularium de Roma


A razão da grande dimensão dessas construções, além do próprio caráter imponente e monumental que se revestia a arquitetura da época, dava-se pelo suporte do documento, tabuletas de argila ou papiro embutido em grandes frascos cerâmicos e cestos, para conservação do documento. Essas construções garantiam a segurança do documento ali depositado, para servir de testemunho, outra função dos arquivos da época, caracterizados como públicos: do governo e para o governo.

Há uma mudança na conotação dos arquivos públicos, após o período clássico, quando passam a servir para responder aos direitos e obrigações dos cidadãos comuns, garantindo os direitos patrimoniais privados, por intermédio do Direito Romano, que institui o documento de arquivo com o valor de fé pública, assegurando-lhe a autenticidade por meio de empregados especiais.

A queda do Império Romano provoca a decadência da cultura e, conseqüentemente, do documento escrito e os arquivos públicos deixam de existir, passando o controle da documentação para a monarquia, nobreza e Igreja, são os arquivos monásticos, senhoriais e eclesiásticos, que fixam a sede dos governos. Os documentos, tratados isoladamente, são verdadeiros tesouros, que garantem o titulo de propriedades durante a Idade Média.

Somente após a retomada do Direito Romano, o documento volta a ter o valor jurídico e o sentido de conjunto (orgânico e indivisível) e junto aos documentos públicos se constituem os documentos privados, que adquirem valor legal, quando validados por um tabelião.

Do século XVI ao século XIX, na Europa, os arquivos eram considerados um conjunto de armas políticas e jurídicas, um arsenal de autoridade, a serviço dos monarcas. Foi a época da constituição dos arquivos centrais de estado, considerados secretos e misteriosos para o povo. 

Com o Renascimento, o aumento do comércio, a difusão das línguas vernáculas e o uso do papel, surgem os intelectuais e a administração central cria a rede de arquivos, surgindo a necessidade de “informar-se”. Com esse crescimento também surgem a necessidade da descrição documental, para possibilitar a intermediação entre o arquivo e o usuário em nível acadêmico, nascem, então, os primeiros expedientes numerados e um quadro de classificação rudimentar.

Mas, os arquivos do início da Idade Moderna serviam exclusivamente para guardar os documentos, como instrumentos da administração, os quais eram utilizados somente para interesse do governo (arquivos reais). Os arquivos, portanto, são nacionais e públicos, com historiadores e construtores da identidade do Estado-nação. Essa ideia de arquivo prevaleceu até o final do século XVIII.  

Ao final vem a preocupação de se estudar os princípios teóricos fundamentais nas escolas especializadas de formação, pois devido à centralização, foram necessários ajustes metodológicos, culminando no estudo e definição da rotina arquivística. 

Na Idade Contemporânea, com a ampliação do domínio dos arquivos, já se evidenciam duas funções distintas: a gestão de documentos administrativos e a administração de documentos históricos permanentes, que, mais tarde culminaria no conceito de arquivística integrada .

Hoje os arquivos têm o objetivo de tratar os documentos desde a sua gênese, acompanhando todo o seu desenvolvimento na organização, para cumprir a função de produzir a informação, totalmente direcionada aos usuários e servindo à sociedade.

A Arquivística como ciência remonta do século XIX, como ciência auxiliar da história, paralela ao desenvolvimento das ciências históricas e com a criação das primeiras escolas de arquivistas, utilizando ciência e técnica para se desenvolver, apoiando-se em suportes científicos e de outras ciências, para construção paulatina de uma ciência própria.

A partir do século XX, há uma abertura em relação à atuação dos arquivos, que servem tanto à administração, como aos cidadãos e pesquisadores, consolidando o conceito de arquivística integrada.




Foto de Filipe Araújo/AE
Prédio é revestido para proteger material dos raios solares e do calor


Conforme o contexto em que eram inseridos, os arquivos foram evoluindo e se transformando, sempre contribuido para o entendimento da história e da sociedade.

CRUZ MUNDET, José Ramón. Manual de archivística. 3. ed. Madrid : Fundación Germán Sánches Ruipérez, 1994.

domingo, 8 de julho de 2012

Voltar a ler: uma matéria e tanto sobre leitura

Nikelen Witter, historiadora, professora e escritora, discorre sobre o livro de Mempo Giardinelli com muita propriedade, aprofunda-se no assunto "leitura", comparttilhando as principais questões necessárias de reflexão e tomada de decisão.

Para conhecer o pensamento de Gardinelli, que "aposta na leitura como a base de uma educação erigida como razão e fundamento do estado democrático", vale a pena ler previamente o texto de Nikelen Witter e depois o livro.

O Direito Constitucional de Ler

Por Nikelen Witter *
Especial para o Sul21


O escritor argentino Mempo Giardinelli é um utopista. Nenhuma crítica minha no uso deste termo. Vivemos um tempo de superação das utopias que aspiravam à perfeição e que, por conta disso, poderiam levar à frustração e ao autoritarismo. Prefiro pensar nas utopias como propôs Ernst Bloch, como um princípio de esperança. Sendo assim, gosto imensamente de utopistas. Imagino-os como cartógrafos de territórios ainda não mapeados ou conquistados. Os utopistas nos dão um norte, uma busca, traçam os planos de nossa próxima aventura. Como o Quixote, amado por Mempo, os utopistas olham os moinhos de vento e os enfrentam, junto com o temor próprio de assaltar algo muito maior que si mesmo. Os utopistas são ainda mais importantes num mundo mergulhado nas imagens distópicas como o que vivemos. Não nos faltam anunciadores do apocalipse. Faltam-nos, porém, os que olham o futuro com um realismo otimista, não por acreditarem que as coisas simplesmente se resolverão, mas por ousarem imaginar, agir e criar metas.

Voltar a Ler: Propostas para ser uma nação de leitores é uma obra que encarna os sonhos de Mempo Giardinelli, levando-nos a sonhar junto. Mais que isso, há nela um condão desestabilizador. Daquele tipo que nos faz levantar da cadeira com a vontade louca de fazer alguma coisa, qualquer coisa. É fácil a bandeira de Mempo tornar-se a nossa, suas palavras são convincentes, falam à alma, falam a estrutura básica, especialmente, daqueles que já são leitores. No caminho traçado por suas palavras, o escritor não se abstém de incomodar governos, pais, professores, chamar culpas, sejam próprias sejam impingidas pelo mundo em que mergulhamos nesta virada de século.

[...]
 
 
O primeiro ponto a ser encarado pelos poderes públicos – na visão do autor – é que um tipo de ação é construir a importância da leitura na sociedade. Isso, diz Mempo, a Argentina já domina (o Brasil também, em parte). No entanto, é preciso ultrapassar a construção da importância da leitura para construir a leitura propriamente dita. Para isso, sugere, a leitura deve ser desvinculada do dever, dos números, das progressões. A leitura deve tornar-se prazer, desejo, momento. É coletiva quando partilhada e ouvida. É pessoal e intransferível quando silenciosa e eletiva. Mais que tudo, a leitura deve ser sinônimo de liberdade e não de imposição. A leitura se faz para o sujeito e não para o mercado. Aliás, este é o grande erro da educação que se tem proposto aos nossos filhos e alunos. 

[...] 

O livro foi escrito com o objetivo de propor, de forma prática, dentro e fora das instituições, a retomada do caminho da Argentina como sociedade leitora. As propostas descritas, além de implementadas pela ONG criada por Mempo Giardinelli, foram acolhidas pelo estado argentino, passando a compor tanto a Lei Nacional de Educação, quanto o Plano Nacional de Leitura (PNL) daquele país. Sua publicação no Brasil, em 2010, pretendeu, da mesma forma, socializar a experiência dos hermanos e demonstrar o uso destas ideias também para o Brasil.


Marketing interno nas unidades de informação




O crescimento vertiginoso do segmento de serviços em face da complexidade dos produtos, do desenvolvimento da tecnologia, da educação continuada, da competitividade e do próprio sistema de vida das pessoas faz com que seja apontado como a primeira economia da atualidade. Para tudo há serviço, para tudo há um especialista e isso alimenta o sistema econômico, gerando demandas, oportunidades e recursos, fazendo com que o marketing de serviços esteja cada vez mais presente.

Essa realidade pode ser muito bem percebida nos serviços das Unidades de Informação, que hoje contam com as redes de comutação, transferência de arquivos, pesquisas na internet, atendimento remoto, catálogos, livros e artigos eletrônicos, discussões em tempo real, etc., para atender a uma clientela cada vez mais exigente e específica nos seus interesses.

O Marketing de serviço das Unidades de Informação é denominado por Amaral (2007, p. 21) como Marketing da Informação e é assim definido por ela:


[...] o processo gerencial de toda variedade de informação (tecnológica, científica, comunitária, utilitária, arquivística, organizacional ou para negócios) utilizado em todo tipo de organização, sistema, produto ou serviço sob a ótica de marketing, para alcançar a satisfação de diversos públicos [...].


No Marketing de Serviços da Informação atuam as unidades que coletam, selecionam, tratam, organizam, disseminam e usam a informação, dentre elas, os arquivos, as bibliotecas, os centros de informação e documentação, as videotecas e quaisquer outras que tenham esse processo no seu escopo. Referidas unidades devem ser vistas como um negócio e o usuário como cliente consumidor, para tanto, é imprescindível a adequação de seus produtos e serviços às necessidades desses usuários (AMARAL, 2007).

domingo, 24 de junho de 2012

Kotler direto do portal HSM


Onde estão os esforços de inovação?

Para que uma ideia se transforme em inovação, ela deve fluir pelo processo correto, do qual participam as pessoas certas

“Como as ideias inovadoras fluem em sua empresa?”, indagou Philip Kotler na manhã do segundo dia do Special Management Program da HSM, quando estimulou os participantes a refletirem sobre o processo de inovação.

Na visão do palestrante, os gestores têm de se perguntar onde estão concentrados os esforços de inovação, se dentro ou fora da empresa, e se a cultura instalada permite que as ideias fluam de baixo para cima. “A melhor maneira de inovar é com todos tendo novas ideias, e não esperando pelos diretores”, afirmou.

[...] 

Os papéis na inovação

Segundo Kotler, quando tentamos inovar, estamos sujeitos a dois tipos de erro: matar um projeto bom ou ir adiante com um projeto ruim. A fim de reduzir esse risco, convém equacionar as competências de cada pessoa na inovação, cujos papéis devem ser assim considerados:
 
  • Ativadores: têm ideias e iniciam o processo de inovação, mas não o levam adiante. 
  • Buscadores:  buscam informações e as levam para o grupo segundo sua especialidade.
  • Criadores: geram conceitos e soluções para os demais envolvidos na inovação.
  • Desenvolvedores: transformam ideias em produtos, serviços ou fábricas.
  • Executores: realizam o que for necessário para implementar ou lançar o que foi desenvolvido.
  • Facilitadores: aprovam as novas despesas e o investimento.

[...]


Cada papel acima é fundamental para se levar adiante um projeto de inovação, como o próprio autor coloca, requer que sejam cumpridas as seguintes fases, conforme ilustração abaixo.


Processo de inovação
 Fonte: Construção AnaLu, fundamentada em Kotler.


Os 6 papéis da inovação estão muito bem explicados, assim como todo o processo de inovação no livro  A Bíblia da inovação, de Philip Kotler e Fernando Trias de Bes.

Considero fundamental a leitura e a compreensão dos papéis, para que cada um atue conforme a exigência do contexto.