quarta-feira, 20 de julho de 2011

Cresce mente!

"A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original." (Albert Einstein)


Quando estamos abertos a receber coisas novas, captamos com mais facilidade os dados, conseguimos gerar informação e transformamos isso em conhecimento. A mente de outrora, jamais será a mesma, porque evoluiu, cresceu, se expandiu... Impossível voltar ao status quo inicial. Sempre estamos evoluindo, a vida é um constante aprendizado que pode ser mais ou menos produtivo, dependendo dessa abertura, dessa aceitação.

Estar aberto ao novo é romper com velhos paradigmas, é transformar algo que vem sendo pensado ou feito há tempos, do mesmo jeito, sabe-se lá porque, em algo melhor, mais grandioso, mais abrangente.

A nossa mente é um grande arquivo, há lugares esquecidos, empoeirados, em que guardamos exemplares únicos, preciosos, estáticos, permanentes, mas que podem ser resgatados a qualquer tempo, a partir de um simples toque, indício ou vestígio. Em outros compartimentos mais transitórios, reservamos para conteúdos de repouso temporário, que, dependendo da seletividade, podem ir em seu devido tempo para a ala dos permanentes, ou,  fazendo oposição a estes, serem descartados, esquecidos, por já não serem mais necessários, talvez pela obsolescência. Em um plano mais efervescente nos deparamos com um "entra e saí" de novidades, itens bem efêmeros, consumíveis, que duram o tempo mínimo necessário para que sejam transformados em algo mais duradouro ou descartado para sempre.

Não sei o que me deu, mas fui falar de mente e terminei em arquivo. Acho que levei muito em consideração a epígrafe, daí minha mente resgatou algo muito presente em meu contexto e imediatamente o transformou em algo novo, peguei teoria pura, fiz a leitura e associei à prática. Valeu Einstein!


sábado, 16 de julho de 2011

Lugar de Kennedy é com Kennedy!

Circulou na quinta-feira última, 14 de julho, em diversos endereços na rede, a notícia "Família Kennedy avalia lugar de Robert na biblioteca presidencial".

O teor principal da matéria no Ultimosegundo.ig, que se repete na íntegra em vários sites, é:

"Parentes não sabem onde colocar 63 caixas de arquivos de Robert Kennedy, que foi senador e procurador geral dos EUA.
Conforme os arquivistas da Biblioteca Presidencial John F. Kennedy, em Boston, se preparam para tornar públicas 63 caixas de documentos e trabalhos de Robert F. Kennedy, os integrantes da sua família estão pensando sobre onde eles devem ser colocados e considerando mudá-los de local por acreditarem que a biblioteca presidencial não fez o suficiente para honrar o legado do irmão mais novo".

Faltou acrescentar à matéria algo que pudesse promover uma discussão de conteúdo em relação à temática científica que envolve a questão, se tivesse ocorrido, talvez o rumo das decisões fosse outro.. Temática? Mas, qual temática?

Por trás das questões familiar, social e política, há a questão científica. Em se tratando de arquivo, sabemos que devemos seguir os princípios da Ciência Arquivística (proveniência, organicidade, indivisibilidade, cumulatividade), pois, do contrário, o arquivo é descaracterizado, quebrando as interrelações entre os documentos, comprometendo a compreensão dos fatos. Os documentos de arquivo trazem a informação registrada, que foi produzida ou recebida por pessoas ou organizações, no decurso de suas atividades, sejam públicas ou privadas. Essas informações se acumulam em uma ordem natural e, somente dessa forma, mantendo a sua originalidade, é possível fazer a leitura, compreendê-las e estudá-las, com vistas à elucidação dos fatos.

Mesmo sem ter acesso a esses documentos, podemos concluir que registram detalhes da passagem pública do Senador na vida social e política dos Estados Unidos. Talvez, mesmo se pessoais, também façam parte de um contexto maior e, por isso, não podem ser isolados e encaminhados para custódia em outra instituição. Além do que, levando-se em conta a Família Kennedy, que em si já era um clã político, a atuação de Bob Kennedy no cenário estadudinense foi diretamente ligada a do seu irmão JFK. Bob era conselheiro do presidente daquele país, John F. Kennedy.


Essas 63 caixas não podem somente por elas mesmas contar uma história com sentido completo e, por outro lado, devem estar fazendo falta às demais já sob custódia da Biblioteca Presidencial, portanto, reunidas, irão compor um todo mais compreensível que, com certeza, contribuirá muito mais para a pesquisa e história do país. 

Vamos torcer para a reunião desse acervo, os pesquisadores e a Arquivística agradecem.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Acidental, importante ou essencial? Questão de tempo!

O Professor Marins Filho, Antropólogo, Palestrante, Comentarista Empresarial e de Negócios, em vídeo intitulado Motivando para Vencer I, discorre acerca do que diferencia o homem dos outros animais, apontando para a inteligência e a vontade. O autor diz que a inteligência é o farol que ilumina o caminho, mas o que faz caminhar é a vontade. O homem é livre pela vontade. Como não temos domínio sobre o passado nem sobre o futuro, o único tempo que nos pertence é o tempo presente. Viver é concentrar a inteligência e vontade no momento presente - aqui e agora. Por esta razão precisamos definir o que é essencial, importante e acidental em tudo que fazemos e é a inteligência que coloca a ordem.

Assisti a este vídeo no início dos anos 90, ainda em VHS, é claro, fazia parte do acervo da Biblioteca do então Banco do Estado do Ceará, o nosso antigo BEC. Uma delícia de palestra, cerca de uma hora, que prende sua atenção do início ao fim, faz você refletir e tirar algumas conclusões e muitos proveitos. O quanto gostei, foi o tanto que divulguei. Naquela oportunidade, promovia sessões na sala interna da Biblioteca, compartilhando com os colegas. Divulguei na família, com os amigos e ainda o faço até hoje.

Mas, voltando ao conteúdo do vídeo, dentre as várias questões colocadas, destaco a hierarquização que ele propõe para o uso do tempo durante a nossa vida, categorizando em três níveis as nossas tarefas, compromissos e atividades em geral:

• Para o que é essencial - "devo fazer imediatamente";
• Para o que é importante - "devo fazer depois que concluir o que é essencial";
• Para o que é acidental - "devo fazer depois que concluir o que é essencial e o que é importante".

Fazendo a leitura dessa classificação, percebemos que ela se aplica tanto no contexto do trabalho, como em qualquer atividade da nossa vida pessoal, pois sempre há, na nossa lista de afazeres, as prioridades. No entanto, às vezes, alteramos essa ordem e damos preferência à execução do que é acidental, talvez por ser mais cômodo ou atrativo, daí alteramos o curso normal e as coisas começam a não dar certo. Como usamos nosso tempo e nossa atenção com o que é acidental, deixamos de fazer o que era essencial e isso pode acarretar em algum problema.

O acidental, de fato, é o vilão da história, também nos ocupa quando ocorre um imprevisto, se muito sério, pode passar a ser importante ou até essencial e ter que ser executado de imediato.

Administrar o tempo não é tarefa fácil. Tempo é um recurso escasso, Peter Drucker é taxativo: "Tempo é o recurso mais escasso e, a não ser que ele seja gerenciado, nada mais pode ser gerenciado." Portanto, vamos nos programar para o dia que vai se iniciar estabelecendo uma ordem e definindo prazos de cada atividade seja essencial, importante ou acidental, seja no trabalho, no lazer, seja na família. Lembrando que, se o importante não for feito no seu devido tempo, ele pode passar a ser essencial e aí tem que ser feito mesmo, ainda com o agravante e a possibilidade de estar tomando o tempo do que, por sua vez, já era essencial e já estava na lista de prioridades.

Pensar em tempo é estressante? Eu diria que mais estressante é perder tempo e deixar as coisas por fazer, com o peso na consciência e a "opção" de ter que fazê-las a qualquer custo. Estamos o tempo todo perdendo tempo... se há tempo, façamos no tempo, se não há tempo corramos atrás do tempo, o tempo não volta e, volta e meia, quando percebemos, já não há mais tempo.

Retomando o início, vamos usar nossa inteligência e nossa vontade para usar bem o nosso tempo. Afinal, a vida é curta, vamos viver o presente e fazer o que tem que ser feito.

Publicado originalmente em: http://www.pelosbaresdavida.com.br/ana_luiza_acidental_importante_ou_essencial.htm


domingo, 10 de julho de 2011

"A bússola do escrever"

"E quando não temos ciência, necessariamente impera o senso comum e a intuição, carregados de ideologias".

Afirmação de Ana Maria Netto Machado, em "A bússola do escrever", diretamente da minha estante.


MACHADO, Ana Maria Netto. A Relação entre a autoria e a orientação no processo de elaboração de teses e dissertações. In: BIANCHETTI, Lucídio; MACHADO, Ana Maria Netto (Org.). A Bússola do Escrever: desafios e estratégias na orientação de teses e dissertações. 2.ed. Florianópolis: UFSC; São Paulo: Cortez, 2006. p.45-66.


Encantei-me com a obra, uma coletânea organizada por Lucído Bianchetti e Ana Maria Netto Machado (ambos também contribuem com seus trabalhos), tratando exclusivamente da questão da orientação dos docentes junto aos mestrandos e doutorandos. Muitas experiências relatadas, tudo em prol da produção científica.

A tarefa de orientação é árdua, sei muito bem disso, não por ter sido orientadora, mas por ter acompanhado muitos nessa trajetória,  enquanto bibliotecária, ora buscando e indicando bibliografia, ora ajudando na construção do raciocínio,  ora comentando sobre a metodologia, até o auxílio na formatação final.

Os organizadores e colaboradores de "A bússola do escrever" expõem em seus textos as dificuldades durante esse percurso para ambos os sujeitos envolvidos: orientador e orientando, trazendo suas experiências na atividade e os pontos críticos, o processo de orientação/pesquisa/escrita.

E, retomando o início desse post, fazendo novamente a leitura, vê-se a importância da afirmação da autora, pois todo trabalho científico é constituído da tríade: epistemologia, metodologia e normalização. Esse é o curso normal para que seja aceito na comunidade acadêmica, é dessa forma que se registra e se divulga o conhecimento e, por conseguinte, a sua evolução, pois, quando analisado pelos pares, sempre haverá quem acrescente algo ou refute. É nesse contexto que temos ciência.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Cenário bibliotecas


O que faz um escritor escolher uma biblioteca para ser o cenário de sua trama de ficção?

Afinal são tantos e tantos livros que usam bibliotecas como motivo ou pano de fundo, seja para o desenrolar de uma história policial, de terror, de aventura ou seja lá do que for... As bibliotecas são carismáticas e atraentes nesse sentido, haja vista a infinidades de títulos à disposição no mercado editorial:


Em poucos minutos, visitando sites de algumas livrarias detectei muitos deles, alguns até já esgotados.

A maioria atende ao público infanto-juvenil, mas há também romances, crônicas e contos para adultos e livros não ficção ("A biblioteca à noite", Biblioteca de Alexandria", "A conturbada história das bibliotecas", "A longa viagem da biblioteca dos reis"), os quais contam a sua evolução e trajetória, o legado que elas deixaram para a Humanidade e outros assuntos polêmicos e de reflexão relacionados à História e ao tema.




 
  




Daí eu pergunto:

Será a familiaridade que temos com ela?
Ou
Será por ser um ambiente ainda desconhecido para muitos e, por isso, se torna curioso, atraente e cativante?

O fato é que os corredores, as estantes, as prateleiras e, essencialmente, os livros e seus autores se encarregam de tornar o ambiente convidativo.

Cheio de mistérios?
Ou
Que desvenda mistérios?

Imaginem a discussão que deve ocorrer à noite, no meio do silêncio, da quietude e da ausência dos usuários, entre os filósofos que se opõem, entre os cientistas em relação às novas teorias que refutam as anteriores, entre os autores de diversos países, uma verdadeira torre de babel na comunicação!
Ou
Talvez haja paz, quando no descanso do intelecto, os escritores buscam pistas dos seus leitores, tentando ouvir a alma de cada um, para sentir o que agradou ou o que desagradou.

Acho que essa é a questão: o ambiente é rico em detalhes, para cada escritor/leitor, um contexto, atendendo às duas tendências, conforme a leitura de cada um.

São tantos os títulos que incluem a biblioteca na sua descrição, mas ainda há e haverá espaço para mais outros tantos, pois o proprio autor é "vítima" da sua criatividade, ele, por sua vez, já foi e ainda é bom leitor e leitor que se preza viaja, garimpa, imagina, sente... E os que mais exercitam esses verbos se dão ao "trabalho" de registrar tudo minuciosamente, é daí que nasce o escritor.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Calímaco e a obra de referência

Calímaco de Cirene (294-224),  foi designado bibliotecário pelo Faraó Ptolomeu II, cargo que ocupou por 20 anos na Biblioteca de Alexandria. Ele foi o criador do primeiro catálogo sistematizado, organizando 490.000 rolos de papiros, para elaboração de um catálogo por assunto, onde constaria por essa ordem, os nomes dos autores alfabeticamente organizados.

O trabalho de Calímaco foi concluído por Aulo Gélio (120-175) e Amiano Marcelio (330-395), que organizaram mais 700.000 rolos. Segundo a história, todas as obras de Alexandria, mais de um milhão de rolos de papiro, foram catalogados em 120 volumes, os Pinakes, com a descrição em ordem alfabética de autores e uma breve biografia de cada um.

Considerando o contexto da época, Calímaco iniciou, assim, a ordem do caos. Antes dele, somente por sorte alguém seria capaz de encontrar um texto específico.

A leitura atual que fazemos de tudo isso é que a obra de referência, na concepção de ajuda ao leitor, remonta à Antiguidade e, sem dúvida, Calímaco, como bibliotecário, deu sua contribuição.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Imagens que dispensam texto

As ilustrações de Pawel Kuczynski dispensam qualquer comentário, é para ver e entender. Sátiras inteligentíssimas do cotidino, da pólítica, da vida social, às vezes simples, outras vezes profundas e complexas. Fisguei essas duas da coleção numerosa do artista, as quais têm a ver com livros, leitura e contexto.



Ilustrações de Pawel Kuczynski, artista polonês que nasceu no ano de 1976 em Szczecin. Formado com especialização gráfica na Academia de Belas Artes de Poznam.