sábado, 29 de novembro de 2025

Aplicação da IA em bibliotecas

A Inteligência Artificial (IA) está transformando as bibliotecas, otimizando tanto a gestão interna quanto a experiência dos usuários. Longe de substituir o bibliotecário, a IA atua como uma ferramenta poderosa para automatizar tarefas repetitivas e aprimorar o acesso ao conhecimento.

Aplicações da IA

Analisando as atividades comuns de uma biblioteca, vemos que a IA pode ser aplicada em diversas frentes para modernizar e aprimorar os serviços bibliotecários:
  • recomendação e busca personalizada: algoritmos de machine learning analisam o histórico de empréstimos, temas de pesquisa e padrões de navegação dos usuários. Com base nesses dados, sistemas de recomendação inteligentes sugerem títulos, artigos ou recursos que são altamente relevantes para os interesses e lacunas de aprendizado de cada pessoa;
  • automação de tarefas repetitivas: a IA pode automatizar processos administrativos que consomem tempo dos funcionários, liberando-os para se concentrarem em trabalhos mais estratégicos e de contato humano. Exemplos incluem a catalogação e indexação automática de acervos com base em conteúdo e tema, bem como classificar, automaticamente, usando padrões como CDU, CDD ou vocabulários controlados, além da gestão de lembretes de devolução e renovação de empréstimos;
  • atendimento ao usuário: chatbots equipados com Processamento de Linguagem Natural (PLN) podem responder a perguntas frequentes (horários, localização, regras). Esses assistentes podem auxiliar na navegação do acervo e na recuperação de informações, agilizando o primeiro contato e o suporte básico, inclusive oferecendo acessibilidade aprimorada, como leitura automática de textos para pessoas com deficiência;
  • sistemas inteligentes de empréstimo: com recurso de reconhecimento facial ou RFID integrado;
  • curadoria automatizada e personalizada: criando guias de leitura automáticos, sugerindo listas temáticas e acompanhando interesses do usuário ao longo do tempo.

Benefícios da Implementação da IA

Depois de analisar as aplicações da IA, podemos perceber que a integração fortalece o papel da biblioteca na era digital, proporcionando muitos benefícios aos usuários e ao bibliotecário:
  • eficiência operacional com a redução do tempo gasto em tarefas repetitivas, com velocidade e precisão, tornando o trabalho dos bibliotecários mais focado e significativo; 
  • experiência personalizada oferecendo serviços mais relevantes e sob medida para cada usuário, melhorando a satisfação e o engajamento; 
  • acesso ampliado e equitativo, ajudando a tornar os recursos mais pesquisáveis e acessíveis, independentemente de o usuário saber a palavra-chave exata; 
  • capacitação usando a IA para oferecer recursos de treinamento em tecnologia e habilidades digitais à sua comunidade, posicionando-se como centros de educação tecnológica.
Como verificamos, a IA é uma grande oportunidade para as bibliotecas se adaptarem e firmarem ainda mais seu papel na inclusão social, consolidando-se como centros de conhecimento dinâmicos, atuantes e em constante evolução, acompanhando o contexto e a realidade atual. 

Para entendermos melhor essa dinâmica da implantação da IA, é importante conhecer o tal aprendizado de máquina (Machine Learning - ML), lendo a respeito para trazer a compreensão necessária. Um bom começo é explorar o fluxo representado na ilustração abaixo, gerado por IA, com minha tradução das etapas.

Imagem gerada pelo Gemini 

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Já sentiu a falta de um documento?

Já sentiu a falta de um documento? Na hora H precisou dele e não localizou? Com certeza teve algum prejuízo com essa falta.

No Blog da Mrh Arquivos, falamos a respeito, acesse e confira!

A Falta que um documento faz



domingo, 16 de novembro de 2025

Sessão solene com Dom Bertrand

Foi na quinta-feira 13/11/2025 a sessão solene na Câmara Municipal de Fortaleza em homenagem ao bicentenário de D. Pedro II. A sessão contou com a presença do representante da Casa Imperial do Brasil, Dom Bertrand de Orléans e Bragança, herdeiro do trono, que recebeu o título de Cidadão de Fortaleza.



Fotos feitas diretamente da tela da TV Câmara

Principais detalhes da sessão

Homenageado: Dom Bertrand de Orléans-Bragança, que é o chefe do ramo Vassouras da Casa de Orléans-Bragança e um dos pretendentes ao extinto trono brasileiro.

Concessão do título: A aprovação ocorreu em 15 de outubro de 2025 pelos vereadores de Fortaleza.

Cerimônia de entrega: A solenidade de entrega do título ocorreu em 13 de novembro de 2025, em comemoração ao bicentenário de Dom Pedro II.

Motivação: A homenagem foi proposta pelo vereador Jorge Pinheiro e busca reconhecer o vínculo histórico e intelectual do príncipe com a cidade, além de celebrar a memória e o legado de Dom Pedro II.

Iniciativa louvável tendo em vista a pessoa que foi o Imperador e todos os feitos por ele realizados, em particular, aqueles que beneficiaram o Ceará:

  • construção da Estrada de Ferro de Baturité;
  • construção do Açude do Cedro, a primeira grande obra hidráulica moderna do continente, iniciada para combater a seca;
  • expedição científica no sertão para estudar as mazelas da região;
  • projeto de iluminação pública de Fortaleza.

sábado, 15 de novembro de 2025

Plebiscito tardio

Plebiscito tardio, é o que considero para aquele que ocorreu em 1993. Aqui, o ditado "Antes tarde do que nunca" não vale. Mas, por que? Exatamente porque a consulta foi tardia, em outro contexto, outras pessoas decidiram em outra época,  em outro século, com novos pensamentos, novos conceitos, nova leitura da sociedade. 

Historiadores são unânimes em considerar um golpe a Proclamação da República. Foi um movimento militar (um golpe de Estado) e não um processo democrático com participação popular. A mudança de regime foi articulada por elites políticas e militares insatisfeitas, sem consulta prévia à população.

O movimento militar foi liderado pelo marechal Manuel Deodoro da Fonsecaculminando em 15 de novembro de 1889 com a destituição do então chefe de Estado, o imperador D. Pedro II, que seguiu para o exílio com toda a família dois dias depois.

O plebiscito sobre a forma de governo (monarquia ou república) poderia ter ocorrido após o golpe, para ratificar a república, ou talvez até refutá-la. Sabe-se lá o que se passava na cabeça do povo daquele século, de repente, se tivesse ocorrido, estaríamos hoje ainda em uma monarquia, com Dom Bertrand de Orléans e Bragança, reinando de fato e de direito a Casa Imperial do Brasil.

Portanto, eu considero um segundo golpe, a falta do plebiscito à época. Mas, já que estamos nessa república há quase um século e meio, que melhore, que seja mais povo e menos interesses escusos.

Penso que uma república é considerada boa quando se baseia em princípios fundamentais como a soberania popular, a gestão da coisa pública para o bem comum e a responsabilidade dos governantes, afinal, República, é "coisa pública." 

domingo, 9 de novembro de 2025

Orçamento para biblioteca

Orçamento para bilioteca, coisa difícil de existir, arrisco até a dizer, rara de ocorrer em certas instituições. Geralmente, os recursos vêm da entidade mantenedora ou daquela a que está diretamente subordinada, ou seja, não há autonomia.

O ideal é realmente definir um orçamento mensal por menor que seja, dessa forma o acervo cresce bem atualizado. Foi isso que fiz quando assumi a biblioteca do então Banco do Estado do Ceará, ainda na década de 80, atualizando as instruções de serviço (IS 22-Biblioteca), que passou a estabeler um salário mínimo mensal para compra de livros, a partir de então. 

Mas, se não há um orçamento definido na instituição (na maioria das bibliotecas é assim), pelo menos as verbas resultantes das multas aplicadas pela devolução em atraso podem ser adotadas como uma pequena verba mensal para este fim, afinal são recursos que ela mesma gerou decorrentes de sua atividade. Foi o que fiz na Biblioteca da Faculdade CDL, em 2018, que, inclusive, passou a constar como item no Plano de contingência do acervo.


Vamos considerar a existência de um orçamento próprio, para falar de como deve ser a sua gestão. A preparação do orçamento para a compra de livros é uma atividade estratégica na gestão de uma biblioteca. Para garantir que seja eficiente e alinhado às necessidades do acervo e dos usuários, deve-se seguir uma série de atitudes e procedimentos. Aqui está um guia com os passos essenciais.

I. Planejamento, com a revisão da Política de Desenvolvimento de Coleções (PDC):

  • ​garanta que o orçamento reflita as diretrizes e prioridades estabelecidas na PDC da biblioteca (áreas temáticas, tipos de material, nível de profundidade, idiomas, etc.);
  • analise as necessidades do acervo e usuários, tomando como base os dados concretos, não apenas as suposições;
  • levante as sugestões, reunindo e analisando as demandas de compra da comunidade (professores, alunos, pesquisadores, público em geral);
  • analise o uso, verificando estatísticas de empréstimo e consulta para identificar áreas de alta demanda (que precisam de mais exemplares) e áreas deficientes;
  • verifique a questão da obsolescência e danos, identificando os títulos desatualizados ou em mau estado que precisam ser substituídos ou comprados em nova edição;
  • considere as bibliografias dos cursos, básicas e complementares (se for uma biblioteca acadêmica), seguindo as diretrizes e normas institucionais e regulatórias do MEC;
  • seja realista, priorize as compras essenciais, tais como material didático obrigatório, obras de referência, títulos de alta demanda);
  • classifique os pedidos e as áreas em níveis de prioridade (alta, média, baixa) para garantir que os recursos limitados sejam gastos nas necessidades mais urgentes.

​II. Procedimentos de cálculo e orçamento, com uma pesquisa e cotação de preços, para ter uma estimativa de custo:

  • busque a melhor relação custo-benefício e transparência;
  • faça pesquisa de mercado com a cotação de preços dos títulos prioritários em pelo menos três fontes (livrarias, editoras e fornecedores especializados), para obter uma estimativa de preço justo e real.
  • avalie a possibilidade de descontos para grandes volumes ou aquisição direta com editoras.
  • lembre-se que pode haver custos adicionais, inclua no orçamento custos como frete, impostos (se aplicável), e possíveis taxas de processamento técnico (se terceirizado);
  • distribua os recursos de forma equilibrada, locação por área/disciplina;
  • divida o orçamento total em categorias (Ex: Ciências Humanas, Exatas, Literatura, Referência, etc.) com base na análise de necessidades e prioridades da instituição;
  • mantenha uma pequena reserva orçamentária para a compra de lançamentos importantes ou títulos solicitados após o fechamento do orçamento;
  • documente todo o processo para fins de prestação de contas e futura referência;
  • elabore uma planilha detalhada, listando os títulos/categorias, a quantidade de exemplares, o preço unitário estimado e o valor total por área;
  • redija um documento formal justificando a alocação de recursos, destacando as prioridades e a conformidade com a PDC e os requisitos institucionais (Ex: atendimento à bibliografia básica de um curso).

III. Procedimentos para a aquisição, após a aprovação do orçamento, segue o processo de compra por licitação ou compra direta:

  • s​iga rigorosamente as normas de contratação da sua instituição (especialmente se for uma entidade pública);
  • definina a modalidade, verificando se a compra deve ser feita por meio de licitação, (geralmente para grandes volumes), seguindo a Lei Federal nº 14.133/2021) ou por dispensa de licitação, no caso de valores abaixo do teto, por intermédio de compra direta, junto ao fornecedor que oferecer menor preço;
  • elabore ou forneça subsídios para o Termo de Referência, especificando claramente o objeto (título dos livros, incluindo ISBN, autores, edição, encadernação, etc.), o valor estimado e os prazos de entrega;
  • formalize a compra após a conclusão do processo licitatório ou de dispensa, garantindo a reserva orçamentária;
  • monitore os prazos de entrega e verifique a conformidade do material com o pedido, conferindo os títulos, edições, quantidades e estado físico (sem defeitos de impressão/encadernação) estão corretos;
  • confirme se os valores da nota fiscal correspondem aos valores orçados e empenhados;
  • encaminhe as publicações para o processamento técnico.
IV. Registro patrimonial, com a catalogação, classificação, etiquetagem e tombamento, introduzindo as publicações adquiridas ao acervo da biblioteca. 

​Seguindo essas etapas, você terá um processo de compra de livros transparente, bem fundamentado e que maximiza o impacto do seu orçamento na qualidade do acervo da biblioteca.

sábado, 8 de novembro de 2025

O Ciclo de vida dos documentos

Os documentos têm vida, eles podem ter vida até a terceira idade, no entanto, alguns já morrem na primeira, outros chegam até a segunda (maioria), mas não alcançam a terceira, e há aqueles que chegam à terceira e lá permanecem. Entenda o porquê de tudo isso, acessando o e-book "O Ciclo de vida dos documentos", que elaborei para o site da Mrh Arquivos.

domingo, 2 de novembro de 2025

Inovação em bibliotecas: adaptação contínua




A inovação em bibliotecas é um processo contínuo e intrinsecamente ligado ao contexto social, tecnológico e cultural de cada época, portanto, de adaptação. As transformações não visam apenas modernizar, mas garantir que a biblioteca cumpra seu papel essencial de promover o acesso ao conhecimento e à informação, adaptando-se às necessidades de seus usuários.

A biblioteca, como instituição milenar, sempre inovou para permanecer relevante e se manter na rotina das pessoas. Como sabemos, a inovação não é um evento isolado, mas uma cultura de adaptação e melhoria, manifestada em diferentes níveis (serviços, processos, espaços e tecnologia) e pode ser radical ou incrementais. A inovação nas bibliotecas surge como resposta a essas demandas, seja para lidar com um volume crescente de informação, novas mídias ou mudanças no comportamento do usuário. Portanto, vamos assistir ao longo dos tempos essas manifestações nas bibliotecas, que vai se adaptando a cada período histórico, na medida em que novos desafios e novos instrumentos são necessários. 

Na Idade Antiga e Média o foco da inovação era a preservação e o acesso físico limitado ao acervo (apenas a elite usufruia). A substituição de tábuas de argila por papiros e, depois, por códices (livros com páginas) melhorou a portabilidade e a durabilidade do conhecimento. Uma grande inovação para a época. Com o desenvolvimento de sistemas de organização e catalogação, mesmo ainda incipientes, foi possível gerenciar o acervo, conforme aconteceu a partir das listas da Biblioteca de Alexandria, inovação crucial para a recuperação da informação naquele período.

Com o advento da imprensa de Gutenberg e logo depois dela (Séculos XV - XIX),  o volume de livros explodiu, e a demanda por acesso se ampliou. O desafio agora era lidar com grandes volumes e compreender o conceito de acesso público. Daí surgiu a necessidade do desenvolvimento de sistemas de classificação mais robustos (como o sistema de Dewey ou a Classificação da Biblioteca do Congresso), para organizar milhões de itens de forma padronizada. Foi uma inovação social e de serviço fundamental, democratizando e disponibilizando o acesso do serviço de empréstimo ao público.

Mais adiante, na Era da Informática (Segunda Metade do Século XX) chega o computador e as tecnologias de processamento de dados para transformar os processos internos das bibliotecas com a automação. Com a necessidade de agilidade na catalogação, circulação e recuperação de informações em grandes acervos. Eessa automação veio facilitar a rotina dos processos bibliotecários, criando catálogos online e usando sistemas integrados de gerenciamento de bibliotecas, para substituir os antigos fichários e processos manuais.

E com a Era Digital (Século XXI), a Biblioteca passou a ser híbrida e se caracteriza como centro comunitário. A internet e a tecnologia móvel forçaram a biblioteca a expandir-se para o ambiente virtual e a repensar seu espaço físico. A Inovação, então, passou a ser o acesso ubíquo (em qualquer lugar e a qualquer hora), criar espaços colaborativos e competir com a informação livre (e muitas vezes não verificada) da web.

Acervos digitais e híbridos, tais como e-books, bases de dados e a digitalização de acervos raros, permite agora acesso simultâneo e remoto. E com a tecnologia de RFID (identificação por radiofrequência) para autoatendimento no empréstimo e devolução, liberando o bibliotecário para atividades mais consultivas.

Surgiram os espaços criativos, os makerspaces, que transformam o espaço físico em centros comunitários e laboratórios de criação (com impressoras 3D, equipamentos de mídia, etc.), estimulando a aprendizagem ativa e a colaboração. Também o oferecimento de referências e capacitações virtuais, além de aulas, contações de histórias online, lives, entrevistas, podcasts, etc.

A inovação, portanto, não é sobre seguir cegamente a tecnologia, mas sobre responder inteligentemente às necessidades da comunidade, utilizando os recursos disponíveis em seu tempo, mantendo o foco no acesso, na equidade e na promoção do conhecimento.