Conta e tempo é obra prima do trocadilho, poesia escrita no século XVII por Frei Antonio das Chagas (António Fonseca Soares), mostra o efêmero, o inexorável e o aspecto volátil do tempo. Embora sejam texto e leitura do passado, o contexto é atualíssimo, quando olhamos para trás e nos damos conta de uma vida vivida e ainda muito por fazer.
E você, já deu conta do seu tempo?
Ou o seu tempo já tomou conta de você?
E você, já deu conta do seu tempo?
Ou o seu tempo já tomou conta de você?
Afora o caráter de cumprimento do dever junto ao Pai e mediante o próximo enquanto ser vivente na esfera terrena, o poema dá um realce para a questão da administração do tempo. E, sobre essa temática, há especialistas como Mario Persona e Christian Barbosa, que abordam o tempo não só no trabalho, mas, também na vida pessoal.
Administrar o tempo não é coisa fácil, se no século XVII já se tinha essa preocupação, imaginem nos dias atuais, com tantos apelos, interferências e demandas.
Administrar o tempo não é coisa fácil, se no século XVII já se tinha essa preocupação, imaginem nos dias atuais, com tantos apelos, interferências e demandas.
Conta e tempo
Deus pede estrita conta do meu tempo
E eu vou, do meu tempo, dar-lhe conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta conta.
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?
Para dar minha conta feita a tempo,
O tempo me foi dado, e não fiz conta;
Não quis, sobrando tempo, fazer conta.
Hoje, quero acertar conta, e não há tempo.
Oh, vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo.
Cuidai, enquanto é tempo, em vossa conta!
Pois, aqueles que, sem conta, gastam tempo,
Quando o tempo chegar, de prestar conta
Chorarão, como eu, o não ter tempo...
Frei Antônio das Chagas, Séc. XVII
Postagem incentivada pela amiga Marta Aragão, de quem recebi a poesia por e-mail.
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