sábado, 17 de agosto de 2013

Biblioteca: praça da troca


Enquanto instituição, a biblioteca promove a troca de informação, de conhecimento, de experiência, de vivência... É um ambiente rico, efervescente, onde essas relações acontecem com muita intensidade, alimentando um círculo virtuoso, que se renova sempre, em que todos ganham.




Afora o caráter educacional e cultural que se reveste esse ambiente (óbvio), se considerarmos a atividade de troca, onde todos ganham alguma coisa de alguma forma, conclui-se que na biblioteca o marketing acontece todos os dias. Senão, vejamos o que diz Las Casas (2009, p. 15):

"Marketing é a área do conhecimento que engloba todas as atividades concernentes às relações de trocas orientadas para a criação de valor dos consumidores, visando alcançar determinados objetivos de empresas ou indivíduos através de relacionamentos estáveis e considerando sempre o ambiente de atuação e o impacto que essas relações causam no bem-estar da sociedade."

Já Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010, p. 36) vão mais além com o Marketing 3.0, afirmando que:


"Todos nós somos tanto profissionais de marketing quanto consumidores. O marketing não é apenas algo que seus profissionais fazem com os consumidores. Os consumidores também estão fazendo marketing para outros consumidores."


Mas, falar de Marketing é falar dos 4 P's (hoje já se trabalha até 8 P's) e levando esse conceito para a dinâmica da biblioteca, podemos buscar e compor o mix tradicional do marketing dentro da instituição biblioteca. Fazendo a leitura desse composto, temos:

A leitura como
produto, sendo o livro em todas as suas formas, suportes e dimensões o meio de se chegar a ela;

O ambiente da biblioteca como
praça, considerando-a também como uma extensão da sala de aula.

Os bibliotecários, os professores e educadores em geral como
promoção, pois eles são facilitadores, intermediadores, promotores e agentes da leitura.

Mas, onde estaria o
preço?

O preço é algo bem subjetivo, nesse contexto, ele é o esforço para se criar valor, para o produto ser vendido com mais facilidade junto aos clientes (leitores reais e leitores potenciais).

Mas, como conseguir essa meta de manter leitores existentes e de trazer novos leitores?
  • Atente para os objetivos da organização em que a biblioteca está inserida;
  • Busque parcerias com outros profissionais, monte uma equipe multidisciplinar;
  • Trabalhe em equipe;
  • Faça diferente e inove sempre;
  • Saia das quatro paredes;
  • Delegue e/ou dê feedback;
  • Trabalhe junto ao corpo docente, para melhor atender ao corpo discente;
  • Interaja com a comunidade acadêmica;
  • Alie-se à T.I.;
  • Dê identidade aos seus projetos;
  • Divulgue o seu trabalho;
  • Mensure as atividades da biblioteca;
  • Responda pela sua profissão e se posicione, quando necessário;
  • Compartilhe suas ações com os colegas de profissão e áreas afins.



KOTLER, Philip; KARTAJAYA, Hermawan; SETIAWAN, Iwan. Marketing 3.0: as forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 215p.
LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Administração de vendas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 492 p.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Livro na estante, livro viajante...


Gosto sempre de escrever meus próprios textos para postar em Leitura e contexto, no entanto, quando encontro algo que chame muito a minha atenção, que mexa com alguma das vertentes de minha atuação, seja pessoal ou profissional, acho por bem enfatizar e divulgar. 

Destaco, com a devida autorização da autora, a poesia de Joana Tiemann, divulgada no grupo Voar na Poesia

Um sonho que, antes de ser realizado, se desgasta pelos sentimentos de abandono, frustração, mas, sobrevive em função da esperança de outro sonhador. A leitura que faço é a vida com mão dupla, um dependendo do outro, mesmo que cada um viva no seu contexto





Livro na estante
Sonhava ser viajante
Coitado
Ali largado, fechado, empoeirado
Sem valor

Triste destino o seu viver
Ficou à mercê do tempo
Isento de quem o quisesse ler

Mas se algum dia
Por ali passar um sonhador
Que grande alegria
Refaz-se a harmonia
O livro e o leitor.

(JOANA TIEMANN)

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Imaginem o mundo sem escritor...


Não quero nem pensar como seria o mundo sem escritor. Talvez reinasse ainda a oralidade ou existisse outra forma de passar essa riqueza, por telepatia?

O fato é que se nada fosse registrado não teríamos como chegar a esses registros fantásticos, os quais, alguém escreveu sobre alguém e eu fui e transcrevi para este espaço de Leitura e contexto, a fim de compartilhar e possibilitar que mais alguém conheça e depois também escreva a respeito, de forma que a coisa se perpetue. Uma tarefa sem fim, uma corrente com muitos elos, em que cada um vai se ligando, conforme a leitura e o contexto. Infinita! É a citação da citação da citação, fantástico! 

E tudo isso que vem a seguir só foi possível em função de raros exemplares da Revista Leia, editada pela Joruês, que mantenho até hoje em meu acervo particular. Faço questão de referenciar cada matéria.

Parabéns a todos os escritores citados aqui nesse recorte do tempo (1989/1990) e a todos os outros, desde os mais remotos à atualidade.





John Updike, em entrevista à Vera Fonseca, confessando a sua vontade de se esconder por intermédio da escrita, em função do seu contexto particular:

"Minha vontade de ser escritor estava relacionada com minha vontade de não ser visto por ninguém."

ENTREVISTA John Updike: O americano tranquilo. Entrevista concedida à Vera Fonseca. Revista Leia, São Paulo, v. 11, n. 133, p. 3-8, nov. 1989.





Flaubert, em carta, referindo-se à obra que escrevera Madame Bovary, realçando momento de êxtase que sentiu:

"Como é delicioso escrever, como é gratificante não ser mais eu, mas poder me movimentar por todo o universo sobre o qual estou falando. Veja o que me aconteceu hoje, por exemplo: eu era homem e mulher, dois amantes ao mesmo tempo; cavalguei por uma floresta em uma tarde de outono, sob as folhas amarelas, e eu era os cavalos, as folhas, o vento, as palavras que ele e ela falavam, e o sol inclemente, que castigava suas pálpebras semicerradas, já carregadas de paixão."

McCARTHY, Mary. Madame Bovary não era Flaubert. Revista Leia, São Paulo, v. 11, n. 133, p. 43-46, nov. 1989.



João Ubaldo Ribeiro, respondendo à entrevista de Isa Pessoa, em relação à competição do meio:

"[...] Para mim, todo escritor deve falar do que ele quer falar. O escritor deve escrever. Precisa escrever muito para depois escrever o que quer escrever. O resto são coisas que escapam à avaliação dos seus contemporâneos, dos críticos. Sou meio fatalista em relação a estas coisas."

ENTREVISTA João Ubaldo Ribeiro: O que é que o baiano tem? Entrevista concedida à Isa Pessoa. Revista Leia, São Paulo, v. 12, n. 134, p. 3-7, dez.1989.





Lygia Fagundes Telles, desabafando em matéria que fala acerca dos direitos autorais e tudo mais...

"A profissão é que me corta as asas. Não dá para ser profissional em um país com uma massa colossal de analfabetos e imensa miséria. Se aqui a vida já é um artigo de luxo, imagine então o que são os livros."

GONTOW, Airton. Os Novos negócios do escritor. Revista Leia, São Paulo, v. 11, n. 138, p. 19-24, abr.1990.





Dylan Thomas, em questionário respondido a um estudante universitário, que desenvolvia uma tese sobre a obra poética do autor:

"Eu já sentia e conhecia a substância das palavras; o que faria com elas, e o que diria através delas, viria mais tarde. Sabia que me tornaria escritor, e nada mais". p-25- 28

DOCUMENTO Dylan Thomas: Retrato do artista quando jovem cão. Revista Leia, São Paulo, v. 11, n. 138, p. 25-28, abr. 1990.





Mario Vargas Llosa, reportando-se ao momento em que leu Os Miseráveis, de Victor Hugo, quando estava no internato militar:

"Era um grande refúgio fugir para ali, aquela vida mentirosa e esplêndida dava forças para suportar a vida verdadeira, tão átona. Mas a riqueza da ficção fazia também com que a realidade parecesse mais pobre. [...] Eu sei, por exemplo, que naquele inverno de 50, com uniforme, garoa e neblina, graças a Os miseráveis a vida foi para mim muito menos miserável."

DOCUMENTO Vargas Llosa: O último leitor de Os Miseráveis. Tradução de Teresa Cristófani Barreto. Revista Leia, São Paulo, v. 12, n. 139, p. 29-32, maio 1990.



quarta-feira, 24 de julho de 2013

I Simpósio de História, Arquivos e Mídias Digitais


Encerrou-se hoje na UFC, no Departamento de História, o I Simpósio de História, Arquivo e Mídias Digitais, cumprindo o objetivo de contribuir com o fomento das práticas arquivísticas no Estado do Ceará, para fazer a interface com a cultura, a memória e a história dos cearenses.




Excelência na organização e, sobretudo, na fala dos conferencistas, que deixaram uma grande contribuição para os participantes.

Dos eventos que participei, destaco a seguir os saberes transmitidos:

1
O processo documental que ocorre durante a organização dos arquivos, apresentado pela Profª. Ana Célia: identificação, produção; organização (classificação e ordenação), avaliação, descrição e recuperação da informação (serviços), além da ênfase necessária à questão do elemento orgânico e funcional.

 Minicurso: Organização de arquivos permanentes, com a Profª Dra. Ana Célia Rodrigues, da UFF.


2.
As características dos documentos de arquivo, evidenciadas pelo Prof. Renato Tarciso, citando Cruz Mundet, que contém informação interna, é previsível e regulado, além da dicotomia do possível e concebível, no momento da guarda/recuperação do documento. "Avaliamos para preservar e não para eliminar".

Conferência II: A Construção da história: a necessidade do fazer arquivístico, com o Prof. Dr. Renato Tarciso Barbosa de Sousa, da UnB


3.
E o enfoque das mídias digitais dado pelo Prof. Tiago Gil, quando definiu as três eras da WEB: HTML, que organiza apenas formas (funciona como uma vitrine, podemos apenas ver, sem interferir); WEB 2.0, que é interativa e colaborativa (atua como um balcão, podemos chegar e pedir e somos atendidos) e a WEB 3.0, semântica, que organiza ideias e conteúdos, além das formas (atua como uma cozinha, podemos entrar, mexer, alterar, compor, mixar.), tal como o "Atlas Digital da América Lusa", que apresentou.


Conferência III: Mídias digitais e documentos históricos, com o Prof. Dr. Tiago Luís Gil, da UnB



Fiquei satisfeita com o Simpósio pela abrangência dos conteúdos passados pelos conferencistas e por perceber que a minha atuação junto aos arquivos está no caminho certo, validada pelo pensamento desses profissionais.





Leitura e contexto em arquivos: seleção de textos

sábado, 20 de julho de 2013

O Leitor em sua gênese e proficiência


Não basta só ensinar a ler e escrever, devemos, sobretudo, formar leitores em potencial. Dar continuidade, elasticidade e circularidade ao processo, pois a questão não é linear, como ocorre em um processo de produção industrial. As palavras, o texto, o contexto se inter-relacionam com tudo que está ao redor e é necessário ir sempre mais além, para sair do status de gênese e caminhar em direção à proficiência.

Uma leitura pode levar a vários caminhos, inclusive paradoxais - uma conclusão, mesmo que temporária ou mudança de ponto de vista; uma pequena dúvida que deve ser esclarecida ou uma grande pesquisa que deve ser realizada; uma confirmação ou uma nova visão de mundo, leituras leves de entretenimento ou leituras capciosas de muita reflexão. Com certeza, todos eles ampliam o conhecimento. 

Mas, retomando a questão da proficiência, quando coloquei acima, em direção à proficiência, expresso a minha concordância com a autora Marta Morais da Costa, em uma das suas crônicas do "Mapa do Mundo: crônicas sobre leitura", em que faz algumas afirmações e indagações objetivas e responde de forma subjetiva, pois as questões têm esse caráter:

"Os números responsáveis pela formação do leitor são uma incógnita, ou flutuam de leitor para leitor. [...] Quantos livros são necessários para formar um leitor proficiente? 
Em que momento um leitor se torna independente e crítico?
[...]

A formação do leitor passa pela qualidade do texto lido. A quantidade é decorrência. [...] O mérito não reside na velocidade com que fazemos, mas na eficiência, prazer e competência com que o fazemos".

Leitura, questão de atitude, questão infinita, questão de contexto!

Feliz por ler "Mapa do Mundo: crônicas sobre leitura", recomendo a leitura.




quinta-feira, 11 de julho de 2013

Encantada com "A Vida dos livros"


Mais um livro da minha estante que leio e recomendo: "A Vida dos livros", de Thereza Christina Rocque da Motta, da Editora Ibis Libris.

São dicas valiosas de quem é experiente no assunto, recheadas de muito carinho e cuidado, para que o escritor conheça alguns percalços, os quais a autora/editora descreve tão bem e compartilha para que sejam evitados. A leitura é um passo a passo para se chegar lá, para cumprir uma daquelas três metas de vida: escrever um livro.

"A Vida dos livros" é cheio de vida, pois a cada capítulo o leitor vai sentindo e vendo a semente do livro nascer, crescer, se desenvolver, até a maturidade da publicação. Além das dicas, com muita interatividade, a obra traz os comentários e a troca de e-mails dos correspondentes da autora/editora, que são inclusos ao final de cada capítulo, conforme o contexto



E do capítulo "Onde nascem os livros", destaco o trecho que reúne o papel dos agentes que trabalham em prol da vida dos livros: autor, editor, bibliotecário e leitor. 


Os livros nascem de uma história que precisa ser recontada várias vezes. E antes mesmo que pensemos como, eles se fazem, para que cuidemos deles, passemos aos outros o que eles contêm.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Escrevendo e registrando a história

Faço a leitura do contexto sócio-político atual.




Esse é o novo Grito do Ipiranga, de um povo heroico que está cansado de conviver com tanta atrocidade, incoerência, inversão de valores, insensatez e corrupção e daí resolveu bradar para ser ouvido pelos políticos da nação.

Como o sol em raios fúlgidos, queremos liberdade para expressar a nossa opinião.

Queremos também o penhor da liberdade de ir e vir, com transporte a preço justo e de qualidade.

Se o nosso céu é formoso, risonho e límpido, queremos clareza e transparência nos negócios e nas contas da presidência.

Por ser "gigante pela própria natureza", o povo é destemido e forte, o grito do sul ecoou no norte.

Somos filhos deste solo de quem o Brasil é mãe gentil, temos esperança, queremos pisá-lo e viver em segurança.

Mas, "deitado eternamente em berço esplêndido", não quer dizer um povo acomodado e sim pela natureza privilegiado. Com tamanha riqueza natural e de pessoal, nossas terras férteis e nossos profissionais competentes, podem garantir a alimentação, a educação e o cuidado da saúde do povo, bastando apenas o interesse político e o direcionamento ético.

Amamos a nossa bandeira, o nosso país, o nosso hino, vencemos outras batalhas e haveremos de vencer também essa, pois "o filho teu não foge à luta."

Ajudo a escrever e registrar a história de um futuro breve, mania de bibliotecária literária e arquivista ativista.


O país que é um grande livro aberto, sem segredos, sem injustiças, com verdes campos, onde crianças brincam e de onde corre um rio de águas límpidas, que leva conhecimento, que lava a ignorância, que se renova sempre, buscando o melhor. 

Um livro sob um céu azul, luminoso e cheio de energia, para inspirar os governantes e se estes que estão hoje no poder não souberem captá-la, que deixem o espaço para outros, para que tenhamos a certeza de poder contar com os direitos básicos, constitucionais e universais.

domingo, 9 de junho de 2013

Dia Internacional dos Arquivos



Neste Dia Internacional dos Arquivos 2013, proponho, por intermédio de um acróstico(1),  a leitura de algumas ações inerentes à atividade de arquivo, as quais, considero fundamentais para o seu desempenho e entendimento do contexto.




Avaliar o ambiente, os processos e a documentação.
Reconstruir a estrutura e os conjuntos documentais, que por vezes estão desfeitos.
Qualificar o arquivo e seus conjuntos documentais.
Unificar os fundos arquivísticos.
Institucionalizar os instrumentos, procedimentos e rotinas.
Validar os instrumentos, procedimentos e rotinas.
Operacionalizar e fazer funcionar o arquivo.


Outras ações são importantes e inerentes aos arquivos. Você que trabalha com arquivo, pense e desenvolva seu acróstico.


(1) Gênero de composição, em geral poética, que consiste em formar uma palavra vertical com as letras iniciais ou finais de cada verso. Muito usado no barroco. É um exercício lúdico, como um passatempo ou uma curiosidade verbal, em que se coloca uma palavra na vertical e a partir das letras dessa criam-se outras palavras ou pequenas frases. Já era praticado na Antiguidade pelos escritores Gregos e Latinos e na Idade Média pelos monges. Hoje em dia é fácil encontrar também o acróstico em jornais, revistas e puzzles.
Parte integrante da monografia de autoria coletiva, apresentada por ocasião do Curso de Gestão de Arquivos Empresarias, pela FESPSP.

sábado, 1 de junho de 2013

A liberdade pode estar na biblioteca


O filme "Um sonho de liberdade" é um drama que envolve várias questões, o sistema penitenciário, a justiça e a injustiça, a corrupção, a violência, as tramas psicológicas dos presos, a reintegração social, a liberdade. O filme é um primor e várias são as resenhas já elaboradas, que estão publicadas na rede. Assisti há tempos, assisti novamente, fiz agora uma nova leitura, percebi novos detalhes, apreciei o filme com outro olhar.

A razão deste post é para realçar o trecho do filme em que o protagonista é direcionado para trabalhar na biblioteca do presídio (momento 51:58). Apesar de a intenção da direção do presídio não ter sido as melhores, o tiro saiu pela culatra por duas vezes. Primeiro, porque a biblioteca se transforma em algo de bom para os presos e segundo, em razão do esquema armado, que culmina com a fuga do presidiário inocente e a condenação do diretor corrupto.

O mais novo encarregado da biblioteca insiste na busca de verbas públicas até conseguir a primeira delas (momento 65:46) e assim, antes de transformar aquele lugar sombrio, morto, velho e sujo em um espaço de convivência dinâmico, movimentado, onde os presos podiam retomar a dignidade de cidadão, tendo contato com a literatura, música e cultura (momento 76:36), ele ousa e sonha com a liberdade (momento 66:17).

A lição de busca pela liberdade, de foco, de persistência, vale não só para o cenário e enredo do filme, mas, fazendo um paralelo, vale também para o contexto do bibliotecário que, muitas vezes tem que lidar com a falta de recursos para tocar sua biblioteca. 

A tarefa não é impossível, portanto... 


Quando o desafio for lançado,
 

conheça o status quo, recursos e pessoas que estão disponíveis.

Haverá o que se aproveite e quem te receba com sorriso no rosto.

Aceite a experiência dos mais velhos, eles conhecem o problema e podem contribuir.

Comece a agir, não perca tempo, o serviço de referência acontece a toda hora.
 

Mãos à obra!

Reforme o que for preciso,

mas, antes, faça o planejamento.

Trate o acervo,

classificando-o, catalogando-o, indexando-o...

Busque verbas! Elas um dia chegam.

Envolva todos na cooperação.

Dê identidade ao seu projeto.

A realização acontece, é uma consequência do esforço e da união.

Depois você colherá os frutos,

pois o atendimento ao outro lhe deixará realizado.

Mas... É hora de buscar novos desafios, crie coisas novas! 

A biblioteca é uma educadora.
 

O espaço permite, aproveite-o, mas, permite também que você saia dele.

Ouse!


Faça a escolha certa para o momento certo.

Pense em cada detalhe.

Coloque o plano em prática.

Analise a repercussão.

Sinta-o e tire conclusões.

Depois, ouse mais!


É o sonho de liberdade!

A liberdade pode estar na biblioteca.




Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption, 1994 / EUA)
Direção: Frank Darabont
Roteiro: Frank Darabont e Stephen King
Com: Tim Robbins, Morgan Freeman, Bob Gunton, James Whitmore, William Sadler e Clancy Brown. 
Duração: 142 min.


quinta-feira, 30 de maio de 2013

Os planos A e B da vida

Não é que não se tenha lutado pelo dito plano A original, aquele que estava como meta de vida, lá nos idos da carreira, é que na verdade ele não era o plano A, estava apenas disfarçado, se passando como tal, para fazer o teste da capacidade de levantar e ir em frente.

E agora, o A passa a ser o B, ou até desaparece e o B incorpora o papel do A. Foi só uma questão de leitura, no novo contexto. O A atual, que outrora já fora B, ficará com esse status até que um novo B de tão robusto tome o lugar desse A que, por sua vez, voltará a ser B novamente.

 



Mas, o A que é A realmente, se mantém até o fim e não admite que qualquer B tome o seu lugar, por mais insistente que seja. E neste caso prevaleceu a persistência, a questão de foco e até de missão. A pessoa não se vê executando um plano B, porque este não lhe satisfaz plenamente, entra em conflito com a essência dessa pessoa.

No entanto, o B que é realmente B, socorre e toma o lugar do A naqueles momentos em que este falta. São os imprevistos do dia a dia e, neste caso, o B é imprescindível, é importante, nem que seja por alguns momentos, ele tem que responder às necessidades do que estava planejado enquanto A, de forma particular, como B, um B que socorre, que ampara, que restabelece a ordem.

Não importa se A ou B, o que importa de fato é ser feliz, é se completar com a profissão e depois disso tirar as outras vantagens materiais decorrentes dela, que também devem ser levadas em conta, claro.

São fases da vida, são as mudanças acontecendo, são os novos contextos surgindo com a necessidade premente de adaptação. Mas, mudar não é assim tão fácil. Encarar o novo e sair da zona de conforto mexe com tudo e o senhor tempo cuida desse tudo.

Quem já não passou por uma mudança?  Mesmo que não tenha sido uma mudança expressiva está "condenado" a mudar sempre, porque o mundo está cheio de mudanças e cada vez mais tempestivas. 

E assim o A vira B e o B vira A e a vida vai de A para B e vem B para A, pode ser linear e angular como o A ou cheia de curvas e contornos como o B ou ainda uma mistura dos dois. O melhor é aproveitar o bom de cada um, fazendo a leitura conforme o contexto e ser feliz.
O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis. (José de Alencar)
A nossa maior glória não reside no fato de nunca cairmos, mas sim em levantarmo-nos sempre depois de cada queda. (Confúcio)
Nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais certo de vencer é tentar mais uma vez. (Thomas Edison)

domingo, 12 de maio de 2013

Sempre mãe


Uma vez mãe, sempre mãe, porque mãe é origem e é caminhada. Carrega no ventre, acalanta quando ouve o pranto, cuida e encanta. O choro pode vir do filho criança ou daquele que, já adulto, busca autoconfiança, não importa o contexto, a leitura é sempre mãe. 




quarta-feira, 1 de maio de 2013

Sabores, saberes e samburás

Neste 1º de Maio gostaria de fazer uma nova leitura, de lembrá-lo de forma diferente, não como aquele dia para o qual foi originalmente marcado e criado, essencialmente em alusão ao trabalho duro e exaustivo, em condições precárias, com jornadas longas e até com risco de vida. É claro que os direitos dos trabalhadores devem ser respeitados e isso foi uma grande conquista em relação aos aspectos físicos e remuneratórios. 

Hoje, gostaria de lembrá-lo como algo superior, como complemento de vida, como satisfação. Como se trata de tarefa necessária e obrigatória até para a sobrevivência, que toma mais de um terço da nossa vida, se considerarmos as horas de deslocamento e de pensamento em torno dele, é melhor que o trabalho seja algo prazeroso de ser executado todos os dias.

É difícil se chegar a esse nível quando no contexto faltam oportunidades, reconhecimento, quando o ambiente de trabalho é repressivo e o pensamento é excessivo em torno do capital e do lucro, mas, também é fato, que por muitas vezes o trabalhador executa suas atividades de forma insatisfatória, sem comprometimento, sem responsabilidade, de forma repetida, sem criar algo novo, sem satisfazer a si próprio, e sem contribuir com o outro. Deveria haver um pacto entre as partes, em que o primeiro oferecesse, além do trabalho e da remuneração, condições de desenvolvimento, tempo para reflexão e criação e o segundo, por sua vez, aproveitasse tudo isso, de tal forma que retornasse positivamente para ambos os lados, fazendo com que isso também contagiasse e favorecesse a sociedade. 

No novo contexto de trabalho, carregado de sabores, saberes e samburás, não é necessário estar no topo, mas, ter prazer e satisfação, aproveitar para aprender e ensinar enquanto estiver executando as tarefas e, durante estas, ter prazer em fazê-las, dando seguimento assim a um círculo virtuoso. 



Nesta postagem agarro-me ao pensamento de Domenico De Masi, ao ócio criativo, que ele define como o momento simultâneo de lazer, estudo e trabalho, de onde já extrai conteúdo para postagem anterior. Agora, aproveito para acrescentar a leitura da circularidade que, ao meu ver, é um momento que antevem a sua proposta de simultaneidade.

Qual sabor maior do que estar em uma jangada em alto mar, ganhando saber com a natureza para compartilhar com a comunidade, fisgando o pescado do dia e enchendo o samburá com dignidade?

Utopia?

Cabe aqui uma reflexão sobre a nossa atividade, para termos em um novo contexto, simultaneamente, sabor, saber e samburá e com isso vivermos melhor.