domingo, 24 de fevereiro de 2013

Inferindo sobre a biblioteca escolar pública via biblioteca de IES



Em 2010, já depois do advento da Lei 12.244/2010, tive a oportunidade e a vontade de falar em público na Assembléia Legislativa do Estado do Ceará sobre a situação das bibliotecas de escolas públicas do nosso Estado, mas não o fiz, porque pensei no momento: 

Nunca atuei em bibliotecas escolares, a minha experiência é com bibliotecas de IES, então, como vou falar a respeito?

Na oportunidade era discutida a questão das bibliotecas sem bibliotecários, o fato de serem chamadas de Centros de Multimeios, um desvio de nomenclatura para driblar a Lei e dispensar a presença do Bibliotecário e a promessa de concursos para suprir essa demanda. 

Esses espaços, geralmente, são geridos por professores com problemas de saúde, casos de ler/dort, questão de afonia, de alergia ou que já estão em fim de carreira. Com todo respeito, podem contribuir com suas experiências, mas, jamais gerir uma biblioteca, porque esta função é do bibliotecário, estabelecida por lei.



Mas, esta postagem não tem esse intuito de discutir essa questão específica (legal) de desvio de função, mas a de apontar a falta que um bibliotecário faz a uma biblioteca, para implementar ações próprias do seu mister. É óbvio que estou falando de um bom profissional.

Na época, não me deparei com a lógica da coisa, quem chega a uma instituição de ensino superior (IES), com certeza já passou pelos outros níveis. Portanto, hoje, refletindo a respeito, penso que a minha fala poderia ter sido oportuna, uma vez que tenho a percepção de como os alunos provenientes de escolas públicas chegam às bibliotecas de IES, na maioria dos casos,  inexperientes, sem vivência de leitor, sem saberem se portar, sem entenderem o funcionamento, por mais genérico que seja. E quando não são inexperientes (menos mal), totalmente alheios. Falta acervo, falta profissional, falta recursos, falta qualidade! Em função disso, poderia ter inferido a respeito e não estaria faltando com a verdade.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

O Incentivo à leitura pode ser indireto


Como bibliotecários, na nossa árdua missão educadora de conquistar mais leitores, de cativar pessoas para a aproximação com a leitura, encontramos várias resistências, talvez justificáveis. São tantas as desculpas, que encontramos por aí, a própria cultura de não leitura que ainda prevalece no país, o preço do livro, a forma nada pedagógica de oferecer a leitura nas escolas, a coisa tratada como obrigação, os apelos informativos mais fáceis das mídias sociais, enfim, são tantas as desculpas. 

Mas, como agentes mediadores, precisamos ter a expertise de saber driblar tudo isso, é necessário pensar um meio de exercer essa habilidade de forma natural, sem forçar, mostrando o outro lado da moeda. Uma simples ação pode mudar um status quo de anos. 

A sugestão é que seja colocado em prática o incentivo indireto, assim como quem não quer nada, por exemplo, comentando algo interessante de um texto, provando a curiosidade de uma informação que saiu no jornal, fazendo um paralelo entre a ficção e a vida, falando de alguma personalidade leitora ou simplesmente mostrando opções. Ande sempre acompanhada de um livro, comente sobre uma leitura no facebook, com a migração da  leitura para outros suportes e ambientes, tudo é válido!

Podemos criar outros argumentos de incentivo e utilizá-los conforme o contexto e isso não precisa acontecer necessariamente em uma biblioteca, nela seria imperdoável não fazê-lo.

Não há retorno para quem entra na vida de leitor, uma vez leitor, sempre leitor. Portanto é uma conquista duradoura. Podemos depois mostrar nossos troféus, digo, nossos leitores conquistados e ter orgulho disso, é para se gabar mesmo, a sociedade agradece.

Bibliotecário, quantos leitores você já conquistou nesse início de ano? Elabore uma meta conforme o seu contexto e tente chegar nela, uma vez estando lá, tente ultrapassá-la, crie uma meta mais audaciosa, dessa forma estaremos exercendo o nosso papel profissional, o de educador e, sobretudo, o de cidadão.

Faça a leitura da sua trajetória de incentivador e mãos à obra! Abra as portas para a leitura e um raio de luz iluminará a vida do leitor. Entregue leitura!



segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Carnaval de livros



Como seria um carnaval de livros?

Imagino os livros desfilando em uma prateleira suspensa, ficando de frente para cada lado das arquibancadas e camarotes, fazendo reverências com o abrir e fechar das páginas e o público embaixo a apreciar cada um deles, nas alegorias das capas, nos detalhes dos títulos e por intermédio dos nomes dos autores. 

Os livros de romance estariam com estilos de fantasia Romeu e Julieta, a caráter para um baile de máscaras, os de aventura, como Harry Portter, com todos os seus poderes, já os livros épicos, seriam caracterizados como o Rei Arthur de Excalibur, erguendo a espada, os romances policiais, trajados de Sherlock Holmes, exibindo um belo chapéu e cachimbo e os de terror, abrindo a capa e mostrando os dentes afiados do Drácula, e assim seguiriam tantos outros no desfile... Todos encenando e acenando para o público. Um espetáculo à parte!



Muita concentração na hora daqueles de caráter técnico-científico, o conhecimento exige reflexão e assim a plateia toda faria silêncio e respeitaria os teóricos, os quais demonstrariam seus ensaios e experimentos ao vivo.

E muito riso para os de sátira e humor, o público não se contentaria em ficar sério, as gargalhadas viriam à tona na hora da Comédia da vida privada, de desfilar Satiricon e O Analista de Bagé.

Os e-books seriam projetados num grande telão e quem tivesse equipado, poderia recebê-los em seus portáteis.

Cada editor apresentaria sua equipe, que faria a evolução exibindo a performance dos autores, ao som dos diálogos, crônicas, contos, poesias e pontos de vista, os mais caprichados apresentariam, além de tudo isso, as ilustrações, que brilhariam com os focos e canhões de led direcionados, um show de iluminação especial.

No abre alas estariam os autores, na bateria, os prefaciadores, tradutores, ilustradores e organizadores, todos em sintonia e sinergia, dando o melhor de si para atrair os leitores.

O mestre sala conduziria tudo e a porta bandeira indicaria a que veio: romance, suspense, comédia, drama, autoajuda, estudo...

Conforme o contexto de cada espectador, uns seriam mais aplaudidos que os outros, são as preferências de leitura, que se devem respeitar, em função dos estilos literários dos autores, da linguagem, dos personagens e da própria composição do texto. Mas, como há um livro para cada leitor e vice-versa, conforme a Lei de Ranganathan, todos seriam campeões na grande jornada da leitura.

Carnaval de livros é confete e serpentina, é brincadeira de leitura, é deleite com o imaginário, é diversão certa, é viagem encantada, é informação e conhecimento.

Vamos ao carnaval de livros?

sábado, 26 de janeiro de 2013

Leitura: livre arbítrio



Muitas opções, para que dentre elas possam se fazer escolhas, conforme o gosto e o contexto de cada um.




Haverá uma leitura que chame a atenção, quer seja pelo conteúdo, pelo autor, pela indicação, pela badalação, pelo texto em si, pelas imagens... ou pela simples curiosidade.




Daí outras escolhas virão, pois uma coisa leva a outra, ou melhor, uma leitura leva a outra leitura, ou melhor ainda, uma coisa leva a mesma coisa - leitura leva a leitura, daí não se sai mais desse círculo virtuoso, entra-se em um túnel sem fim, porque sempre haverá a vontade de conhecer mais, é comum da mente humana e, se isso começa cedo, melhor ainda.





O túnel é uma escalada, subindo sempre degraus em busca do novo, do desconhecido, fazendo descobertas e associações, passeia-se, naturalmente, por várias leituras, ciências e matérias e, por pensamentos contrapostos se pode refletir mais a respeito e chegar a uma conclusão, mesmo que passageira, pois nova descoberta haverá de vir.





É só subir mais degraus da leitura, de todas as formas, eles sempre levam a algum lugar melhor, mais claro...




Ou mais fantasioso, misterioso...




Não importa! E aí se enxerga além do limite que se tinha.




Depois disso é só viajar na leitura, seja pedalando...



Navegando...




Voando...



Atravessando...



Escalando...




Abrace a leitura!



Cubra-se de leitura!



E viva a leitura!



sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Digna homenagem: arte educação


Encontro de Aposentados da ADUFEPE faz homenagem a docentes da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE




Aposentados das Universidades Federais do Nordeste recebem homenagem pela participação honrosa na história da UFPE. Com certeza todos atuaram muito bem, cada um em seu contexto.

Dentre os 28 homenageados, destaco a minha Tia Anna Maria Lucena de Oliveira Cavalcanti, pelo seu desempenho e dedicação profissional. Fazendo a leitura da sua trajetória, traduz-se em exemplo para as gerações. 



                                                    

A minha admiração.

Conheça os outros docentes homenageados.


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A Leitura em arte ou a arte da leitura?



Viver o cotidiano. Fazer coisas comuns. Ler, é coisa comum, deveria fazer parte do cotidiano de todos, mas, ler é também uma arte.


As imagens são pinturas a óleo da Monja Isabel Guerra, pintora, que de dois a três anos deixa a clausura do Monastério de Santa Lúcia Zaragoza, para expor suas telas em Madri. Sua vocação é nata, autodidata tem um belíssimo estilo hiperrealista e valoriza o efeito da luz, nas obras cujos temas, em sua maioria, são do contexto diário de mulheres camponesas.

A Pintora nos presenteia com instantes de leitura retratados pela arte e eu os evidencio aqui neste espaço de leitura e contexto, ainda em alusão ao Dia do Leitor.



Conheça outras obras de Isabel Guerra.

sábado, 12 de janeiro de 2013

A Alma do arquivo: quebrando paradigmas


Já parou para pensar como é a alma do arquivo?

A primeira impressão é a que fica, mas, agora pode ser a hora de rever conceitos e quebrar paradigmas. 





Definida?
Socialmente sim, mas assume outros valores, administrativo, fiscal, legal e histórico, conforme a leitura e o contexto.

Empoeirada?
Nem tanto, apenas superficialmente, pois, na sua essência há limpeza a cada leitura.

Adormecida?
Eu diria, em espreita, em stand by, pronta para acordar com o mínimo de quebra de silêncio.

Cinzenta?
Melhor seria preta e branca, elucidando mistérios e segredos, o que é e o que não é.

Desumana?
De forma alguma, haja humanidade nela! É um baú de pessoas e de ações por elas vivenciadas e que estão sempre disponíveis.

Inflexível?
Põe flexibilidade nisso! Tem muito bom senso e vive o contexto.

Esquecida?
Jamais, é um poço de memórias e ajuda a lembrar o que está esquecido.

Envelhecida?
Melhor qualificá-la como madura, experiente.

Desorientada?
Apenas para os leigos, para quem conhece o mister da questão, a alma do arquivo jamais levará esse predicativo, existe orientação para tudo.

Independente?
Não tem como sê-la, há cumplicidade em tudo, inter-relacionamento e interdependência. Sempre estará vinculada a alguma coisa, questões de princípios.

Perdida?
Não é bem assim, dá alguns passeios, mas, volta às origens sempre.

Exigente?
Um pouco, gosta de manter a ordem original e não insiste em dividir o indivisível, também por questões de princípios.

Morta?
Ao contrário, sempre viva, paradoxal? Não, fenomenal!

Indecifrável?
Não, é só fazer a leitura, conforme o contexto.

Por que o brasileiro está lendo tão pouco?


A 3ª edição da pesquisa Retratos da leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro, efetuada em 2011 junto à população brasileira, comprovou que o brasileiro está lendo menos. Comparando os resultados com os de 2007, o número de leitores caiu de 55% para 50% e apenas o Nordeste registrou percentual estável, justificado pelo número de pessoas em idade escolar na atualidade. Para as demais regiões, houve decréscimo no índice de leitura. 

Esses estudos permitem o direcionamento de políticas públicas e ações do terceiro setor e da iniciativa privada para democratizar o acesso ao livro e incentivar a leitura no País. A tarefa não é fácil, quando o lazer preferido de 85% da população é ver televisão. Mas, dirigentes, administradores, educadores, editores e escritores poderão fazer bom uso dessa investigação para melhorar o status quo

Mas por que o brasileiro está lendo tão pouco? Continuam as premissas em relação à escolaridade, à classe social e ao ambiente familiar. Quanto maior a escolaridade, quanto mais bem posicionada é a classe social e quanto mais propício é o ambiente maior é a inclinação para a leitura. Portanto, se já sabemos disso, a ordem é quebrar estes paradigmas. Eles não têm conotação inclusiva. A saída é democratizar de todas as formas, ampliando o universo de possibilidades para formação de leitores. 

Se em casa não há o exemplo de pais leitores que incentivam a leitura, se as famílias não têm recursos para comprar livros, como democratizá-la permitindo que chegue ao alcance de todo cidadão? É aí que entram em cena ações de fomento à leitura, como os programas agentes de leitura, leitura na praça, bibliotecas móveis, troca de livros, etc. 

Dirigentes devem ter a visão estratégica para criar programas factíveis, compatíveis com cada contexto, que sejam continuados e incorporados à rotina social. Administradores devem gerenciá-los para serem implementados e acompanhados com eficácia, gerando resultados. Educadores, pais, professores, bibliotecários, agentes sociais e voluntários devem executá-los, como mediadores da leitura, com a preocupação de encantar o leitor, não fazendo da leitura uma obrigação, mas um prazer. 

É um equívoco insistir na leitura padrão, com interpretação fechada, sem pertencer ao contexto das crianças e dos jovens. Isto distancia o leitor levando ao “livrocídio” de que fala Gabriel Perissé. Editores e escritores devem lançar obras considerando o leitor como sujeito, afinal este justifica a existência daqueles. 

Sete de janeiro é o Dia do Leitor. É tempo de compartilhar leituras e fazer de cada brasileiro um leitor em potencial! Leitura amplia o vocabulário, melhora a comunicação e o senso crítico e faz entender melhor o mundo. 


Ana Luiza Chaves 
analuiza_562@yahoo.com.br 
Bibliotecária da Faculdade CDL e da MRH Gestão de Arquivos e Informações

Publicado originalmente em:
http://www.opovo.com.br/app/opovo/opiniao/2013/01/12/noticiasjornalopiniao,2986959/por-que-o-brasileiro-esta-lendo-tao-pouco.shtml

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Dia Mundial da Paz



Neste Dia Mundial da Paz de 2013, desejo paz e alegria para todos, abrindo minhas postagens de 2013, as quais comporão o Ano IV de Leitura e Contexto.



 

"A lei do trabalho é a lei da vida. E condição necessária para atingir a alegria e a paz, e devemos viver com alegria e em paz." (Mahatma Gandhi)


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Feliz Ano Novo com muita leitura e contexto

Neste fim de Feliz Ano Velho,
Desejo a todos um Feliz Ano Novo, 
Afinal, O Sol é para todos,
Com direito A Hora da estrela.

Que o Ano Novo seja
A Metamorfose que você sempre buscou,
Sem Orgulho e preconceito,
Viva A Vida como ela é.

Não fique Em busca do tempo perdido,
Nem tão pouco busque O Paraíso perdido,
Tire O Coração das trevas
E corra atrás do Admirável mundo novo.

O que é isso Companheiro?
Chega de Cem anos de solidão,
De Crime e castigo,
Saia de À beira do abismo!

Seja você uma Olga, Lolita, Madame Bovary,
Dom Quixote, Dom Juan ou Dom Casmurro,
Não interessa aqui O Nome da Rosa,
Nem o nome de O Príncipe...

Ou ainda se Mulheres apaixonadas,
Ou Homens de poder,
Se passam Mil e uma noites
Ou apenas Cinco minutos...

Se Pássaros feridos,
Se O Vento levou...
Vá ao Morro dos ventos uivantes
E escute o Som da Montanha!

Adeus às armas,
Desarme-se!
Encha-se de Grandes esperanças,
Ame-se e cure sua vida!

Mesmo que a vida seja contraditória ou cheia de dúvidas: 
Guerra e paz,
Anjos e Demônios,
A Cabana - O Castelo...

Muitas duvidas:
Ensaio sobre a cegueiraEnsaio sobre a lucidez,
A Divina comédiaA Comédia humana,
A Insustentável leveza do ser
Ser O Idiota, ou viver um Love story?

Dar A Volta ao mundo em 80 dias,
Ter apenas Uma passagem para a Índia,
Ver a Primavera de Praga,
Ou conhecer o Mar Morto?

Em 1808, 1822, 1984 ou até em 2012 (a profecia maia),
O mundo não acabou!
Grande sertão: veredas e As Cidades e as serras
Continuarão a existir.

Nada de Angústia,
Não chore o Leite derramado,
Em Vidas secas encontra-se a Odisseia,
Para se viver melhor.

Os anos são cheios de Metamorfoses da sobrevivência
Tudo isso compõe o Sagrado território das lembranças.
Juntando e desmanchando,
A vida é uma Poesia do meu jeito.

Se o contexto depende da leitura que se faz,
Ou a leitura depende do contexto em que se vive,
Os livros acima já foram escritos...
Comece a escrever o seu livro do Ano Novo!


Viva do seu jeito! 
Seja feliz!

AnaLu

No meio dos títulos citados, os quais compõem as listas dos clássicos mais lidos, mais vendidos e mais famosos do mundo, para fechar a postagem com chave de ouro, incluo, na penúltima quadra, as obras de duas mulheres maravilhosas, guerreiras e vencedoras, Frederica e Concita.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Ócio criativo: autonomia, liberdade e sabedoria

Ócio é palavra forte na contemporaneidade capitalista, pode remeter a um mal entendimento,  à ideia de preguiça, de descaso com a produção. Mas, na ótica dos estudiosos e entendidos, daqueles que sabem o significado clássico da palavra, advindo da Antiguidade, dos gregos, estar em ócio pode ser produtivo e criativo.

O ócio de que falo é o conceito defendido pelo sociólogo italiano Domenico De Masi, denominado ócio criativo, que iguala trabalho, estudo e lazer, o primeiro para "criar riqueza", o segundo para "criar saber e o terceiro para "criar alegria e bem-estar". Trata-se daquilo que exercemos com alegria e criatividade, quando conseguimos desempenhar as três atividades simultaneamente. Quando não sabemos ao certo se estamos trabalhando, se estamos estudando, ou se estamos nos divertindo, nesta situação, estamos praticando o ócio criativo, estamos nos dedicando a nossa produção criativa, ao nosso crescimento.

Algumas profissões propiciam com maior facilidade a prática do ócio criativo, são aquelas que lidam com o intelectual, com o cientifico e com a arte, é claro que isso também vai de encontro ao contexto e ao próprio sujeito, pois ele precisa ter autonomia sobre a liberdade de usar o seu tempo e de exercer a subjetividade na sua plenitude. Quando praticamos o ócio criativo ganhamos experiências que agregam valor e contribuem para o trabalho, estudo e lazer, levando ao desenvolvimento holístico, contemplando todas as nossas dimensões. É Interessante realçar que esse lazer refere-se ao lazer com liberdade, não aquele imposto pela sociedade de consumo.

Uma pequena pausa, seja para pensar, dialogar, trocar ideia e até repousar, poderá ser o momento do surgimento de uma solução para um problema existente, de uma grande descoberta.


Hoje, de férias, cuidando do jardim, pesquisando, pintando, lendo, etc., faço essa reflexão para verificar como anda o meu ócio criativo. Para tirar a prova, desenvolvi a análise combinatória a partir das três variáveis e acabei concluindo que, as seis alternativas não estão longe de ser verdadeiras.







Para saber mais sobre estudos do Ócio no Ceará

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Fazer "a alegria dos livros"

Livros novos prontos para serem adquiridos e levados às mãos dos leitores. Na calada da noite se exercitam, fazem suas evoluções e coreografias em cores e movimentos, trocam de lugar, passeiam nas estantes, conversam uns com os outros e interagem com os outros objetos. Quem sabe, no dia seguinte, poderá ser a vez!

As horas se passam, o dia amanhece e tudo volta à normalidade. A porta se abre e os livros se fecham, se comportam. No contexto real, só vão ser abertos novamente nas mãos dos próximos leitores. No contexto fantasioso, na próxima noite.

Não vamos esperar que a porta se feche para dar alegria aos livros. Eles querem sair, eles querem ser lidos e explorados.


Advertising Agency: Lowe Roche, Toronto 
Creative Director / Photographer / Director / Editor: Sean Ohlenkamp 
Music: Tom Westin, Grayson Matthews Music + Sound


Apesar de o objetivo ser a divulgação da Livraria Type, em Toronto, Canadá, essa foi a minha leitura da fabulosa animação "The joy of books", que, de uma forma ou de outra, não deixa de contribuir para a venda dos livros.

Fazer a alegria dos livros é conduzi-los aos leitores, sejam eles infantis, jovens ou adultos. Livros existem para todos os gostos, não há desculpas para a não leitura.

Dados, informações, conhecimento, um potencial imenso registrado nas páginas está pronto para entrar em ebulição nas mentes dos leitores. Deixá-los parados, inertes é desperdício. Autores querem registrar e compartilhar suas ideias, querem transmitir conhecimentos.

Livros também podem ser trocados, doados, passados adiante.

Vamos fazer a alegria dos livros e, sobretudo, a alegria dos leitores!


Postagem motivada pela postagem de blogbethbaltar, em 09/12/2012.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Túnel do tempo: a Biblioteca do Banco do Estado do Ceará


Cenário: Biblioteca Geral do Banco do Estado do Ceará - BEC.
Período: 1986 a 1994

Antes de assumir a Chefia da Biblioteca Geral do Banco do Estado do Ceará - BEC, já se tentava algo mais consistente, mais dinâmico, afora o trivial que vinha sendo feito. Foi quando se idealizou a utilização do malote do Banco para levar os empréstimos de livros aos funcionários de todas as agências. A nova atividade teve ótima aceitação, e o Jornal BEC Informa noticiou em 07/11/1986.









"A pessoa certa no lugar certo", foram estas as palavras proferidas pelo novo Chefe que acabara de assumir o Departamento de Planejamento e Organização - DEPLO, depois do ritual de apresentação de cada funcionário.

Admirado pela situação de encontrar uma bibliotecária formada, que não estava à frente da Biblioteca, tratou de reparar a situação.

Logo depois chegou o ato administrativo, assinado pelo Presidente, nomeando a Bibliotecária como Chefe da Biblioteca.




Daí em diante foi idealizada uma série de ações para dinamizar a Biblioteca Geral do Banco (BIBEC), que, até então, era uma unidade de estudo quase que exclusiva daquele Departamento.

A primeira delas foi atualizar suas instruções de serviços (IS-22) e tratar de incluir um item que garantisse a atualização do acervo, sendo definido o valor correspondente a um salário mínimo, para compra mensal de livros. Direito igual foi dado à Biblioteca Jurídica (BIBLI).

Em seguida o empréstimo de livros foi estendido a todos os funcionários, não só aos da Direção Geral (como antes), mas, de toda a rede de agências, que, na época, contava com mais de 70 unidades, espalhadas pelo Interior do Estado e nas Cidades de Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

Um formulário de solicitação foi criado (código 22.91.0010-6) e logo foi impresso em bloco, fazendo parte do estoque de material, para ser solicitado pelas unidades. Mas como garantir a reposição do acervo em caso de perdas e extravios? Na referida solicitação continha abaixo uma autorização de débito em conta, que o funcionário previamente assinava, essa foi a forma de assegurar o acervo da Biblioteca. Os empréstimos eram atendidos colocando os livros em envelopes, utilizando o malote do Banco .

No entanto, era necessário dar personalidade ao sistema de empréstimo via malote, que a cada dia ganhava mais usuários. Fazendo parte desse novo contexto, foi idealizado um pequeno malote, a exemplo dos utilizados pelos Correios, para que os livros fossem enviados com segurança (com lacre) diretamente aos funcionários interessados, mediante à solicitação prévia, utilizando o sistema de malote do Banco.


Figura adaptada 

Daí por diante, a nova rotina da Biblioteca era atender às solicitações e receber as devoluções, o que acontecia diariamente nos horários rigorosos do malote do Banco (2 vezes por dia), era o malote da Biblioteca dentro do malote do Banco. E o balcão da Biblioteca, constantemente, ficava lotado de publicações, que atendiam a esse fluxo...

Mas, nem só de livros de treinamento, técnicos e científicos era composto o acervo da Biblioteca. Em  1987, visando atender a uma demanda reprimida e, ao mesmo tempo, acolher um acervo sem possibilidade de utilização e cuidados, foi firmado convênio entre o Banco do Estado do Ceará e  a Associação Atlética Banco do Estado do Ceará (AABEC), tendo como objeto a transferência do acervo da Biblioteca daquela Associação, Raul Leite, para a Biblioteca do BEC, visando a sua administração, uso e controle. Os livros foram incorporados ao acervo com o indicativo da letra "A", que antecedia ao número de tombo, para diferenciá-los do acervo já existente. O convênio foi amplamente divulgado, inclusive na Revista da AABEC.





A comunidade Becista passou então a conhecer a importância de uma biblioteca e a usufruir dos seus serviços, que, inclusive, eram extensivos aos seus dependentes. Pesquisas escolares eram atendidas mediante a solicitação por telefone, utilizando-se as enciclopédias Barsa, Mirador, Conhecer e tantas outras existentes no acervo da época. Os verbetes eram fotocopiados e enviados também pelo malote para o funcionário solicitante. Também era rotina receber essa clientela nas dependências da Biblioteca, acompanhada de orientação, para que ela mesma fizesse as consultas de seu interesse.



Abusando das facilidades do malote do Banco, foi criado o "Sistema de Informação Corrente-SIC", em que, previamente, era enviada uma correspondência aos funcionários com as opções de assuntos a serem escolhidos, o que correspondia ao recebimento, via mala direta, de cópias de artigos veiculados nas revistas assinadas pela Biblioteca do Banco, fazendo com que a informação fosse compartilhada com todos. Uma espécie de disseminação seletiva da informação.





Mais adiante, chegou a tecnologia de vídeos em VHS e a Biblioteca investiu em muitos filmes de treinamento, a fim de diversificar o acervo e viabilizar o autodesenvolvimento de todos a qualquer tempo, conforme a comodidade de cada um. Mas, não ficou por aí, sessões de vídeos eram programadas no horário de almoço e a sala interna da Biblioteca estava sempre lotada, funcionários e gestores trocavam ideias e experiências em harmonia. O vídeo mais requisitado era Motivando para Vencer I, que já foi motivo de outra postagem.





Marco interessante foi a aquisição do livro "Ascensão e queda das grandes potências", de Paul Kennedy, que mexeu com a Diretoria, depois da divulgação no BEC Informa. Afinal a compra fora totalmente revolucionária, saindo do contexto de até então, quando eram adquiridos livros visando sempre aplicá-los imediatamente em situações pontuais do Banco.



Logo depois, com a chegada dos PC's em cada Departamento/setor, foi possível cadastrar todo o acervo , utilizando o banco de dados dBase e distribuir listas de autor, título e assunto via malote, para que os funcionários fizessem suas escolhas.  É claro que essa tarefa não foi assim tão fácil, primeiro foi preciso alguém para desenvolver a estrutura da base de dados e depois conseguir hora livre nos PC's do Departamento, para digitar as fichas catalográficas uma a uma. Depois de concluído esse processo, com a divulgação informatizada, mais e mais pedidos foram sendo recebidos, ao ponto de ocasionarem reservas de muitos títulos.

Sob o título "Biblioteca ganhou sua importância e parte para sua essencialidade", a matéria veiculada no BEC Informa nº 494, de 29.10.91, registrou o posicionamento do Chefe de Departamento de Organização (DEORG), antigo DEPLO, e as realizações da Biblioteca. A Biblioteca cresceu e foi parar no Departamento de Recursos Humanos (DERUM), no Centro Administrativo do Banco, bem juntinho do treinamento. Nesse contexto, subsidiava os livros para os alunos nos programas específicos de treinamento e desenvolvimento e até de pós-graduação, passando também a orientar a normalização dos trabalhos desses cursos.








Com a transferência para o Centro Administrativo, uma nova leitura, a Biblioteca, realmente passou a ser essencial e, frenquentemente, era notícia no Jornal BEC Informa...




Em novo espaço, a BIBEC mantinha internamente, além do ambiente de leitura, uma sala para sessões de vídeos e outra para reuniões.




Na edição especial de julho/1994, a BIBEC também foi notícia.





Durante o ano de 95 a Biblioteca ainda se desenvolveu, enfrentando no final de 1996 os primeiros indícios da privatização do Banco. Não querendo ver tudo que foi construído ser deixado para um plano inferior, em 1997, optou-se pelo desligamento profissional do Banco, vindo com ele, a prevista desconstrução da BIBEC.

Foram dez anos de dedicação e crescimento profissional, de leitura e contexto. Saudades daquela rotina, saudades da Biblioteca, saudades dos colegas e usuários, saudades do Banco...